Selton e Danton Mello: a família Figueiredo em Passos
Joyce Jones, prima dos irmãos Selton e Danton, relembra as raízes da família na região
Uma família de talentos. Assim a jornalista Renata Nogueira apresentou os dois irmãos e o pai numa reportagem do “Estadão” na semana passada. No mesmo dia, a prima de ambos, Joyce Jones escreveu um texto sobre as origens da família Figueiredo em Passos.
Os irmãos Selton Mello e Danton Mello, ambos atores, estão em momentos de muito destaque. Selton, de 52 anos, está simultaneamente em cartaz com dois filmes recorde de bilheteria: Ainda Estou Aqui e O Auto da Compadecida 2. Enquanto isso, o caçula, Danton, de 49 anos, está comemorando 40 anos de carreira e no ar em três novelas diferentes na Globo: as reprises de Cabocla (2004) e Tieta (1989) e como protagonista da novela das seis Garota do Momento (2024).
Já o pai deles, o bancário aposentado Dalton Mello, de 83 anos, está muito orgulhoso do sucesso dos filhos, como revelou Danton ao participar nesta terça-feira, 28, do Encontro com Patrícia Poeta ao comentar o sucesso internacional do irmão.
“Se todo mundo está feliz, todo mundo está orgulhoso, imagina eu e o ‘seu’ Dalton? Aliás, beijo pai, te amo demais. Com certeza está assistindo a gente. Um pai coruja, está lá todo orgulhoso, babão.”
O pai dos atores já tinha sido lembrado pelo primogênito Selton Mello em uma entrevista à GloboNews após as três indicações de Ainda Estou Aqui ao Oscar, na última quinta-feira, 23. O intérprete de Rubens Paiva no filme contou para os apresentadores que o pai é espectador do canal e aproveitou para mandar um beijo.
Selton também lembrou da mãe, Selva Mello, que morreu em julho do ano passado vítima do Alzheimer, mesma doença que vitimou Eunice Paiva em 2018. A coincidência sempre emociona o ator em entrevistas sobre o filme, que também mostra a doença da viúva de Rubens Paiva nas cenas finais.
Sucesso no cinema e na TV
Nascido em 1972, Selton Mello estreou como ator em 1981, antes mesmo de completar 9 anos, no seriado Dona Santa, exibido na Rede Bandeirantes. Ele era Sidney, um dos personagens centrais da trama.
O irmão caçula, Danton Mello, nascido em 1975, seguiu os mesmos passos quando ainda aos 9 anos estreou na novela A Gata Comeu.
Os irmãos também já dividiram as telas. Na infância, atuaram juntos em comerciais, e Danton, que costumava acompanhar Selton nas gravações, fez figuração em Corpo a Corpo (1984). Em 1988, eles contracenaram no Especial do Chico Anysio: Grupo Escoulacho. Selton e Danton também dividiram o palco em peças de teatro.
Em 2011, no filme O Palhaço, dirigido e estrelado por Selton Mello, Danton fez uma participação especial como Aldo, dono do Aldo Auto Peças. Dez anos depois, em 2021, voltaram a atuar juntos no episódio 34 da quinta temporada de Sessão de Terapia (GNT), onde interpretaram irmãos.
Em 2025, Danton Mello comemora os 40 anos de carreira e está no ar em três novelas simultaneamente. Já Selton está nesse momento na Austrália gravando o seu primeiro filme hollywoodiano. Ele vai interpretar um domador brasileiro de animais no remake de Anaconda.
Em março, Selton Mello volta para Los Angeles, nos EUA, para participar da cerimônia do Oscar, já que Ainda Estou Aqui está concorrendo como Melhor Filme Internacional e Melhor Filme, enquanto sua parceira no filme, Fernanda Torres, concorre como Melhor Atriz.
SELTON MELLO E A FAMÍLIA FIGUEIREDO EM PASSOS
No mesmo dia em que o “Estadão” publicou o texto acima, Joyce Jones, prima de Selton e Danton, escritora de Passos e residente em Belo Horizonte, escreveu um texto sobre a família Figueiredo na cidade:
“A família Figueiredo tem raízes profundas no Sul de Minas Gerais, especialmente em Boa Esperança, sendo reconhecida por figuras como os irmãos Selton Mello e Danton Mello. Os avós maternos da família moravam em Nepomuceno, mas foi em 1958 que os Figueiredo se estabeleceram em Passos, em busca de novas oportunidades, impulsionados pelas obras da Usina de Furnas que começavam a ganhar força.
Stanley Jones Figueiredo foi o primeiro a chegar, com apenas 14 anos, acompanhado de seus tios. Posteriormente, a família se reuniu em Passos: os pais, os irmãos Selva, Salvador, Sinval, Silas e Susana. Apenas Sônia permaneceu em Nepomuceno, pois já era casada. Em Passos, a família enfrentou a perda precoce do pai, mas, unidos pela força da mãe, Lilia, conseguiram superar e construir suas vidas.
Silas e Stanley: Pioneiros no Teatro e na Cultura de Passos.
Silas fez história no teatro de Passos, enquanto Stanley, conhecido por seu espírito irreverente, gostava de se fantasiar de palhaço durante o Carnaval e de fazer brincadeiras com os amigos. Foi junto a Antônio Teodoro Grilo que ele ajudou a fundar o teatro da cidade. Como empresário, Stanley também se destacou: fundou a Ótica Oliveira em sociedade com o sogro e se casou com Eda Oliveira. Ele se tornou uma referência para os artistas que passavam por Passos inclusive, apresentou a Selton alguns dos talentos locais, como Renato Macedo.
A Selva casou-se com o Dalton Melo, da tradicional família Melo de Passos, e o sobrenome foi alterado para uma melhor estética.
O casal mudou-se para São Paulo em busca de melhores oportunidades, uma vez que o Dalton já era funcionário de banco. A Selva trabalhava com costura e assim continuou. Teve os dois filhos em Passos para ficar perto da família.
Salvador reside em Passos, e Susana em Divinópolis. Salvador, Susana e Stanley poderiam ser comediantes dos mais engraçados.
Curiosamente, a família Figueiredo possui antecedentes circenses, e quem se lembra da década 80, certamente conheceu o Padre Figueiredo, um missionário de Aparecida, que conquistava multidões com sua oratória única.
Sinval, casado com Romélia Lemos, mantém forte laços com a cidade. Sempre que Selton e Danton retornam a Passos, são calorosamente recebidos pelas tias Eda e Romélia, e é nessas visitas que revivem as memórias de infância e da convivência familiar.
Stanley é pai do oftalmologista Patrick Figueiredo. Joyce Jones, que escreve este texto, também é Figueiredo e filha do Stanley. Seu filho mais novo Stanley Jones, está em outra dimensão e era o primo mais próximo do Danton, devido à idade e afinidade.
Selton Mello, desde muito cedo, demonstrou seu talento artístico. Ele era constantemente elogiado e sugerido para programas de revelação, dado seu potencial. Quando apareceu pela primeira vez na televisão, ainda criança, vestindo um terno e cantando Roberto Carlos, todos ficaram encantados. Com o tempo, Selton se tornou uma das figuras mais proeminentes da televisão e do cinema brasileiro. Danton também seguiu o caminho artístico, sendo convidado para participar de diversas campanhas publicitárias e, mais tarde, se mudando para o Rio de Janeiro, onde ambos foram contratados pela Rede Globo.
Selton fez sua estreia em Corpo a Corpo, interpretando o filho de Antônio Fagundes, enquanto Danton estreou em A Gata Comeu, como filho de Nuno Leal Maia. Durante as gravações, Selva solicitou que Salvador acompanhasse Danton em Angra dos Reis, onde aconteciam as filmagens. A carreira de Danton é marcada por uma trajetória impressionante, atualmente pode ser visto fazendo três novelas que mostram sua evolução, com diferentes idades.
São mais de quarenta anos em trabalhos artísticos.
Selton Mello, por sua vez, está em destaque internacional, com sua participação no filme Ainda Estou Aqui, ao lado de Fernanda Torres, que concorre ao prêmio de Melhor Atriz no Oscar. O filme, dirigido por Walter Salles, é uma adaptação da obra do escritor Marcelo Rubens Paiva, e retrata a história da sua família. Ao longo de sua carreira, Selton interpretou vários personagens, nordestinos, imigrantes, traficantes e personagens históricos, como D. Pedro. O que faz de Selton um grande ator é sua habilidade de se transformar por completo, fazendo com que o público se convença de que ele é, de fato, o personagem que interpreta. Sua experiência em dublagem e sua proximidade com a música só reforçam sua versatilidade como artista.
O sucesso de Selton Mello, assim como o de seu irmão Danton Mello, não seria possível sem a determinação incansável de uma mulher: Selva Figueiredo. Reconhecida por sua força, persistência e amor pela família, Selva foi a base que sustentou os filhos e os guiou ao sucesso. O legado da família Figueiredo é, portanto, não apenas uma história de conquistas artísticas, mas também de união e apoio mútuo.
Hoje podemos celebrar também o esforço e a dedicação de uma família que, desde suas raízes, construiu uma trajetória de brilho que vai muito além dos aplausos de Cannes — um reconhecimento que perdura por gerações”.