Sede da Liga Passense foi abandonada e está sendo sucateada

O futebol amador de Passos não é mais o mesmo desde a década de 70. A principal prova disso é que a sede da Liga Passense de Desportos (LPD), bem público municipal cedido há anos para melhor atender aos clubes e com localização privilegiada, foi devolvida para a prefeitura no mês de janeiro passado através de um ofício entregue pelo presidente, Alessandro Hipólito da Silva, conhecido como Kubu, ao Secretário Municipal de Esporte, Lazer e Juventude, Vicente Campeiz.

Construída da gestão de Nestor Câmbio da Silva, pai do vice-prefeito Maurício Antônio da Silva, o imóvel localizado na rua dos Engenheiros, 699, bairro Belo Horizonte, aos poucos foi abandonado pelos últimos presidentes. Os motivos são inúmeros, como a LPD acumulou dívidas com a Receita Federal, Administração Fazendária, INSS, taxas de funcionamento junto à Federação Mineira de Futebol (FMF), telefone fixo, energia elétrica, água e a desistência dos clubes em pagar anualmente pelo alvará de funcionamento.

A grave crise financeira da LPD vem se arrastando há muitos anos por má administração de seus presidentes. O último que deixou a entidade até certo ponto organizada foi José Pedro de Abreu, que em razão da idade e adoentado, se afastou da função e anos depois faleceu. Seus sucessores foram José Vítor dos Santos, Odemir Garcia Silva, e o atual, Alessandro Hipólito.

No intervalo de tempo de uma posse à outra, a Liga ficou meses sob intervenção administrativa, até que há um ano e meio, Kubu assumiu a presidência por um mandato de quatro anos. Até hoje, o dirigente conseguiu quitar diversas dívidas, tributos, impostos, taxas e fornecedores herdadas de presidentes anteriores através de negociações e parcelamentos de energia elétrica, água e até o perdão total. Kubu revelou que a LPD está em dia com as taxas exigidas pela FMF,

MUNICIPAIS

Para o presidente da Liga, o futebol amador em Passos está no fundo do posso, não pela qualidade dos atletas, mas a falta de uma entidade que organize os campeonatos, valorize os jogadores, incentive o torcedor ir aos estádio. “Hoje não há apoio em todos os sentidos, principalmente financeiro. Promover um campeonato é prejuízo na certa, porque o que se arrecada com inscrição de jogadores é investido na premiação. Os clubes pagam a taxa de arbitragem e não sobra nada para outras despesas. Tenho que tirar do meu bolso”, afirmou Kubu.

Outro problema alegado pelo dirigente, são as prefeituras que promovem seus campeonatos municipais até duas vezes por ano sem nenhum custo para as equipes. “Por isso que a Liga não consegue reunir o número mínimo para montar o Regional. Tem taxas a receber e as prefeituras não pagam parque já promovem o seus”, explicou o presidente.

O ex-secretária de Esporte, Lazer e Juventude Michella Ribeiro, que antecedeu o atual, Vicente Campeiz, tentou junto ao presidente Odemir Garcia da Silva, a devolução para a prefeitura, da área onde é a sede da LPD, mas na época não concordou.

AÇÃO

A devolução da sede da Liga à prefeitura foi oficializada em janeiro, quando Kuku entregou um ofício a Vicente Campeiz, que, como secretário, não é diretamente o responsável pelo imóvel. A princípio, o assunto foi levado ao conhecimento da Secretaria Municipal de Administração e possivelmente analisado pela Procuradoria Geral do Município e cabe até uma ação indenizatória a ser movida contra LPD em razão do péssimo estado de conservação que foi devolvido o móvel e o mato que toma conta da área externa.

Atualmente, o local é ocupado por usuários de drogas, moradores de ruas e até criminosos. Todos os bens materiais que haviam sido instalados na sede foram furtados. Nem mesmo portas, portais, vasos, pias, torneiras e outros objetos. “Até que se decida qual o destino final o imóvel, a prefeitura vai fechá-lo totalmente para evitar que seja destruído totalmente”, comentou Campeiz.

Tempo antes da decisão do presidente da LPD entregar o ofício, o secretário entregou um pedido para que medidas fossem tomadas com o objetivo de evitar que o prédio continuasse a ser invadido, depredado e não chegasse ao ponto que está hoje. Por sua vez, Kubu revelou que tentou de todas as formas atender o pedido de Campeiz, comprando cadeados e correntes, mas que não foram suficientes para evitar a invasão. Por isso, se sentiu no direito de comunicar que a Liga não tem mais responsabilidade quanto à administração sede.

Nesta semana, em sua página no Facebook, o fotógrafo Helder Almeida fez uma visita ao local, apelidada por ele como “LPD – Local Propício para a Droga”. Veja aqui

FECHAMENTO

No início da tarde desta sexta-feira, logo depois da publicação neste Observo, a Prefeitura de Passos providenciou o fechamento das entradas da antiga sede da LPD (veja foto abaixo), mas não deu qualquer outra informação sobre a destinação do imóvel