“Relembro emocionado e com choro pronto: foi desumano e chocante”
Carlos Parada relata as cenas impressionantes do dia 11 de setembro de 2001, quando passava pela ponte Whitestone, em Manhattan
Há 20 anos o passense Carlos Anselmo Parada retornava do trabalho para casa. Estava na ponte Whitestone, que divide as ilhas de Manhattan e Long Island, quando assistiu uma das torres do World Trade Center desabar: uma impressionante cena que mais parecia de uma guerra, só vista em filmes. Ontem em suas redes sociais ele republicou um artigo que escreveu na edição de 12 de setembro de 2001 na “Folha da Manhã”:
“Desumano ... e chocante!!!
“Esta é realmente a sensação que tivemos aqui, em New York, quando, pelo rádio da van em que nos dirigíamos para o trabalho, tivemos conhecimento da enorme tragédia que abalava o país e o mundo com os atentados terroristas nos Estados Unidos. A expressão em nossas fisionomias se traduzia em não acreditar no que acabara por acontecer: o mais seguro país do planeta estava sendo invadido (esta é a expressão da palavra), se encontrava completamente fragilizado, pois não conseguia evitar os outros dois ataques que se sucederam. O inimigo estava no ar, espalhando o medo em todos os EUA. Prédios oficiais e consideramos cartões-postais e escolas sendo evacuados, ambulâncias por todo o sul de Manhattan e bombeiros sem ação, não podendo e nem tendo como fazer muito a não ser tentar retirar daquela região da cidade a população e... no momento do primeiro edifício “gêmeo” desabar, retornávamos para casa, estávamos exatamente em cima da ponte Whitestone que divide as ilhas de Manhattan e Long Island, assistíamos a nossa esquerda uma impressionante cena que mais parecia de uma guerra, só vista em filmes.
Não acreditávamos no que estávamos vendo, sentíamos como se estivéssemos vivendo o início de uma grande guerra e, rezando, pensávamos nas pessoas que estavam naquela área.
Nós, como comunidade brasileira aqui em New York, juntamente com todo o povo americano, que se viu completamente fragilizado, só tivemos uma preocupação em mente que era a de reunir os familiares, uns já no trabalho, outros em escolas, e voltar para casa para nos sentirmos juntos, é claro que com a falsa impressão de (neste momento, enquanto tento relatar o que vi, acabam de sobrevoar aqui onde moro alguns jatos da força aérea americana, dando-me uma sensação de arrepio e, passado o susto, outra sensação talvez a de segurança (?) não sei mais como dizer) segurança, pois não se sabia o que mais estava por acontecer... Avaliamos neste momento consequências para nós, da comunidade brasileira, não só na região de New York, bem como em todo o país, porque não sabemos se poderemos mais acreditar que seremos tratados como até ontem éramos, onde considerados importantes dentro da enorme engrenagem americana, como imigrantes latinos (e de todo o mundo) com força de trabalho exaustivo, profissional e competente já significativos, pois somente os latinos representam 21% desta força de mão-de-obra.
O momento aqui nos EUA é de cautela, horrorizante e de consequências mundiais imprevisíveis...
Resta-nos rezar pedindo ao nosso Senhor Jesus Cristo a sua intercessão na terra para que não tenhamos maiores consequências, porque o planeta Terra está sem controle e carente de líderes propensos a uma Paz Real ! “
CARLOS ANSELMO PARADA, empresário de hotelaria em Delfinópolis, ex-funcionário de Furnas, ex-diretor do Sindefurnas e ex-presidente da Adap é passense e, há 20 anos, morava com a família em Mount Vernon - New York. (Foto: Nilo Machado)