Recomendação de começo do ano para municípios: apertem os cintos
Primeiro repasse do FPM do ano para Passos já apresentou queda
Os prefeitos mineiros estão analisando as primeiras ações do governo Lula para ter uma ideia de como vão se planejar. Mas a orientação repassada é a de apertar os cintos nos próximos seis meses, segundo o presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM) e prefeito de Coronel Fabriciano, Marcos Vinicius. Além das mudanças no comando do governo central, Marcos Vinicius disse que 85 municípios mineiros – e Passos entre eles – estão perdendo repasses federais devido a decisão do Tribunal de Contas da União em relação ao levantamento incompleto do IBGE e ainda, com o corte de repasses do Fundeb.
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O governo de Minas tinha o prazo de dois anos para regularizar o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica, mas não concluiu o processo e com isso, os municípios mineiros deixarão de receber cerca de R$ 1,1 bilhão em 2023. O governo alega que os deputados deveriam ter votado a matéria, mas isso não aconteceu.
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E o primeiro repasse do Fundo de Participação dos Municípios neste início de ano é 4,2% menor do que elas dividiram no mesmo período do ano passado. Esse repasse já conta com a atualização dos coeficientes de participação das cidades, de acordo com decisão do Tribunal de Contas da União (TCU). Passos recebe nesta terça-feira, o primeiro dos três repasses do mês, R$ 2 milhões 425 mil. A queda no repasse foi a segunda consecutiva do fundo após uma sequência de 29 altas. A última vez que o FPM tinha caído foi no segundo decêndio de março de 2022
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A propósito, a Prefeitura de Passos ingressou na Justiça Federal nesta segunda-feira, 9, com uma ação e pedido de tutela urgente por não concordar com a utilização de resultado baseado em prévia do Censo 2022 para o cálculo do coeficiente no Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
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A estimativa da população com base na prévia do Censo 2022 foi divulgada no dia 28 de dezembro do ano passado. A ação do município é contra a União e a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela coleta dos dados. O valor dos repasses do FPM leva em conta o número de habitantes dos municípios. O Tribunal de Contas da União (TCU) figura na ação da prefeitura como terceiro interessado, pois, segundo a administração, em eventual deferimento pelo juiz, é o órgão que cuida da operação relacionada ao coeficiente no FPM.
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Municípios alegam surpresa com a decisão do TCU em não considerar a Lei Complementar (LC) 165/2019, que congela perdas de coeficientes do FPM até a divulgação de novo Censo Demográfico. A Associação Mineira dos Municípios (AMM) e a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) têm orientado os prefeitos que se sentirem prejudicados a entrar com ações na Justiça. A Prefeitura de Passos pede, na ação, que não haja permissão da redução do FPM para os municípios que apresentam queda no resultado prévio e também para que o IBGE demonstre, com documentos, os motivos pelos quais houve, se houve a queda.
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Os procuradores-gerais do município Mateus Lopes da Cunha Franck e Vilson Luis Martins Júnior solicitam a suspensão dos efeitos da Decisão Normativa n. 201, de 28 dezembro de 2022, do TCU, em relação ao município de Passos, e que a União mantenha o coeficiente do FPM relativo ao exercício de 2022, que é 3,4, até que o IBGE conclua o Censo. Segundo estudo divulgado pela Confederação Nacional dos Municípios, o índice pode baixar para 3,2. De acordo com a prefeitura, a mudança pode acarretar perda estimada em R$4,1 milhões por ano. A estimativa da população em Passos em 2021, feita pelo IBGE, era de 115.970 No resultado feito com base na prévia do Censo, o número baixou para 110.555, o que representa 5.515 pessoas a menos.