Rateio da dívida da Casmil pode ser judicializado
Decisão da assembleia de domingo, de distribuir a dívida para 1.200 associados, causou repercussão no meio rural
O ex-presidente da Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil) Leonardo Medeiros anunciou nesta terça-feira que, junto a outros associados, vai acionar a Justiça para tentar anular decisão aprovada em assembleia no último domingo de ratear a dívida de cerca de R$ 90 milhões da instituição (leia mais, clicando aqui). Medeiros foi destituído da direção da Casmil em assembleia realizada em novembro de 2021.
“É inconcebível juntar as dívidas de 23 atrás e aprovar por uma minoria de presentes ao encontro do dia 6 deste mês, que 1.200 associados em dia com os deveres da Casmil paguem uma dívida monstruosa de R$ 90 milhões. A diretoria está maluca. Primeiro, ano passado eles aprovaram minhas contas entre 2019 e 2012 e assumiram a dívida no valor de R$ 14 milhões. Segundo, um grupo vai pagar tudo que a cooperativa deve, sendo que o valor atual do patrimônio cobre toda a dívida apurada na auditoria levantada desde 2002. Isso é brincadeira de mau gosto”, disse.
Segundo Medeiros, ainda em sua gestão, apenas 162 cooperados estavam operando com a cooperativa, e não mais 1.200.
NOME SUJO
O ex-presidente da Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil) Leonardo dos Reis Medeiros resolveu se manifestar sobre o que está ocorrendo na atual gestão, porém, apenas como associado, cobrou atitudes e denunciou perda de área em São Paulo. Através de uma Assembleia Geral Extraordinária realizada em novembro de 2021,
Leonardo foi destituído do cargo, quando assumiu Renato de Oliveira Medeiros como presidente do Conselho Administrativo. No final da gestão de Leonardo, a crise financeira começou a assombrar a diretoria, e a diretoria acabou por desfazer de bens móveis, imóveis e interromper a captação leite de cerca dos cooperados. Mesmo longe do cargo, ele iniciou uma batalha jurídica contra o atual conselho, sem sucesso.
“Eu não quero voltar ao cargo, mas que o presidente assuma publicamente todas as dívidas da cooperativa. Hoje, eu e mais um dos ex-diretores somos avalistas de quase tudo. Até minha esposa entrou nessa. O meu nome está ´sujo’ na praça porque o homem se recusa a quitar os débitos. Ele só faz as coisas que convém à turma dele. Como diz o velho ditado, “casou com a viúva, tem que criar os filhos”, disse.
Mesmo após ser destituído, Leonardo participou de todas as assembleias e sempre questionava, que na sua opinião, o atual presidente revelou publicamente. “Só faz coisas erradas que beneficiam o seu grupo. Depois de muita luta na justiça, minha tentativa de permanecer no cargo foi em vão, e tudo de errado recai sobre mim. Não aceito e vou continuar de todas as maneiras, fazer com que ele retire o meu nome como devedor das dívidas de gestões anteriores”, afirmou.
Ele reclama ainda que os bens dele de outro avalista foram penhorados pelos bancos credores da Casmil, mas a partir de quando e não respondia mais pela presidência.
NEGOCIAÇÃO
Também nesta terça-feira, numa postagem nas redes sociais, o atual presidente Renato de Oliveira Medeiros se manifestou sobre o resultado da assembleia de domingo, dizendo que os cooperados sabem como foi, entendeu bem qual é o propósito. “A Casmil está de portas abertas para os cooperados que podem nos procurar, vamos nos reunir pra explicar tudo certinho. Nossa intenção é corrigir os erros do passado, que não foram poucos. A diretoria está tentando fazer isso só que de uma forma correta e que a lei permite”, afirmou.
Ainda segundo Renato, “a Casmil vai se recuperar com trabalho, honestidade o futuro é promissor. O cooperado que seguir de mãos dadas com a Casmil não vai tirar dinheiro do bolso, a dívida é do passado. Nós, dessa administração, tivemos que mostrá-la e tentar fazer o melhor, assembleia é soberana, a maioria entendeu o que deveria ser feito, e a administração correu e está correndo atrás da melhor forma de pagarmos essa conta sem prejudicar ninguém”, afirmou, sem dar mais detalhes de como se dará esse processo.