Primeiro Queijo Canastra Orgânico recebe certificação em Piumhi

Projeto  começou há um ano e agora recebe o selo de produto fora dos padrões convencionais

Primeiro Queijo Canastra Orgânico recebe certificação em Piumhi
O queijo recebeu o selo da principal certificadora registrada no Ministério da Agricultura (Divulgação)

O primeiro Queijo Canastra Orgânico com certificação já pode ser degustado pelos amantes da iguaria mineira. Após um ano de produção dentro dos padrões exigidos para produção orgânica, o queijo da Faz O Bem Orgânicos recebeu sua certificação pelo IBD, principal certificadora registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

A certificação é resultado de um trabalho em família que busca, além de oferecer um produto de qualidade, desafiar os modelos de produção e consumo convencionais.

Para produzir o queijo, junto da família, o engenheiro agrônomo Vinícius Soares deixou o trabalho em uma multinacional e voltou para sua terra natal, em Piumhi, Minas Gerais, na região da Serra da Canastra. “Estamos muito felizes com a certificação porque é ver o nosso trabalho sendo reconhecido. Produzir fora dos padrões convencionais, sem uso de agrotóxicos, antibióticos e transgênicos é um desafio muito grande”, afirma Vinícius.

As vacas são criadas soltas e a pasto. Na produção da comida dos animais não são utilizados adubos químicos, agrotóxicos e nem sementes transgênicas e as vacas são tratadas com homeopatia, fitoterapia, vacinação e controle biológico. Todos estes critérios estão dentro do padrão exigido pelo Mapa para a produção de orgânicos.

“Esse manejo orgânico tem que ser realizado desde a comida feita para o gado, passando pelo manejo dos animais, práticas de ordenha e produção do queijo. Todo o processo atende essas normativas de produção”, afirma Vinícius.

 

Agrônomo Viniciu Soares deixou multinacional para produzir o queijo junto da família na região da Serra da Canastra (Divulgação)

 

A Faz O Bem Orgânicos nasceu do sonho de pessoas que amam a terra e possuem uma ligação emocional com ela de produzir algo que fosse familiar, sustentável e ligado aos seus valores e princípios.

Para realizar este sonho, o engenheiro agrônomo começou, em 2019, a estruturar o projeto na pequena propriedade da família, localizada à beira do ribeirão Araras, afluente do Rio São Francisco.

 

 Produtores cuidam do solo, a água, a paisagem, a biodiversidade, o microclima e o bem estar dos animais e das pessoas (Divulgação)

A propriedade tem 25 hectares, sendo 11 de mata nativa e está localizada no Portal da Serra da Canastra. Portanto, 44% da área da propriedade encontra-se com mata nativa preservada. O sítio conta com 3,4 hectares no sistema silvipastoril intensivo, que integra árvores, arbustos, gramíneas e leguminosas. “Esse sistema é base da nossa proposta de manejo regenerativo, que visa a produção dos nossos queijos, aliada às melhorias das condições gerais da nossa propriedade, como o solo, a água, a paisagem, a biodiversidade, o microclima e o bem estar dos animais e das pessoas”, explica Vinícius.

Para exemplificar o manejo regenerativo, o agrônomo diz que em 5 ou 10 anos vão produzir queijo debaixo de uma floresta, pois em uma área de pastagem de pouco mais de três hectares foram plantadas cerca de 300 árvores e 4 mil arbustos.

Junto do Vinícius e sua esposa, os pais e proprietários do sítio também trabalham e se dedicam ao projeto, além das irmãs e cunhados. Eles contam com a ajuda de dois colaboradores que contribuem na ordenha do leite e produção do queijo. Todo o processo é familiar e em pequena escala.

Atualmente, com os cerca de 100 litros de leite produzidos pelas vacas, são feitos 10 queijos Canastra por dia. A comercialização dos produtos é feita via Instagram, Facebook e Whatsapp, além de parceiros estabelecidos por todo o Brasil.