Prefeito de Paraíso quer maior representação da região na Associação Mineira dos Municípios

As eleições da AMM devem ocorrer em março deste ano e dois nomes já estão em campanha

Prefeito de Paraíso quer maior representação da região na Associação Mineira dos Municípios
Marcelo Morais (centro), prefeito de Paraíso e presidente da AMEG, articula possibilidade de disputa da AMM (Divulgação)

O prefeito de São Sebastião do Paraíso, Marcelo Morais (PSD), anunciou, nesta semana, que está articulando a disputa pela presidência da Associação Mineira de Municípios (AMM). O anúncio de Morais ocorreu após a insatisfação de um bloco de prefeitos do sudoeste de Minas Gerais, que demonstraram que a região tem sido constantemente preterida no cenário estadual nas composições da AMM.

Para Morais, montar uma chapa neste momento demonstra, de forma clara, a intenção de protagonismo da AMEG, AMOG e ALAGO no cenário estadual, com representatividade de 66 municípios e 1,4 milhão de habitantes da região. “Não podemos mais aceitar a forma como somos tratados pelo Estado no contexto de formação e representatividade, seja na AMM, na CNM, no SAMU ou em qualquer outro espaço que sempre deixa as cidades da região sem nenhuma representatividade”, afirmou.

Durante seu discurso de posse, o prefeito de São Sebastião do Paraíso foi enfático: “Se não houver condições no processo eleitoral da AMM para uma representatividade forte de nossa região, coloco-me prontamente à disposição para montar uma chapa e anunciar nossa candidatura à AMM. Não tenho receio nem medo de defender os interesses de nossa região neste momento e já demonstrei claramente o quanto podemos ser representativos na causa municipalista, que só os prefeitos sabem o quanto sofremos. Tenho apreço e amizade pelo atual presidente, Marcus Vinícius, e reconheço que ele fez um bom trabalho, inclusive reestruturando a associação, mas não abro mão de termos força a nível estadual para nossa região”, finalizou Morais.

 

DOIS CANDIDATOS EM CAMPANHA

 

Se entrar na disputa, Marcelo Morais será o terceiro no processo. Para evitar a disputa, o governo Romeu Zema (Novo) quer uma composição na eleição para a presidência da Associação Mineira dos Municípios (AMM) para o triênio 2025-2028. Dois nomes já estão em campanha: o do atual presidente, Marcos Vinícius Bizarro, prefeito de Coronel Fabriciano, e o prefeito de Patos de Minas, Alto Paranaíba, Luís Eduardo Falcão (Novo), dois aliados do governador.

Enquanto Falcão é seu correligionário, o governador Romeu Zema é próximo a Bizarro, a quem se referiu como “secretário das Cidades” do Estado durante o congresso “Governança 4.0 - Imersão com prefeitos eleitos”, em dezembro passado. “Acho que nunca, corrija-me Marcos, teve um governo que teve tanta proximidade da AMM e dos municípios”, disse, na ocasião, Zema. Sem uma composição, ele deve manter distância da disputa.

A coluna ‘Aparte’, do jornal ‘O Tempo’, apurou que tanto Zema quanto o vice Mateus Simões (Novo) teriam orientado Falcão a buscar um consenso com Bizarro por uma candidatura única quando o prefeito de Patos lhes comunicou da candidatura. A chapa única repetiria a última eleição, em 2022, que alçou o ex-prefeito de Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, à presidência após um acordo com o então prefeito de Boa Esperança, Sul de Minas, Hideraldo Henrique (sem partido), que ficou com a 1ª vice-presidência.

Falcão não seria avesso à composição, desde que Bizarro não esteja na cabeça da chapa. Como não é mais prefeito de Fabriciano, onde fez o sucessor, Sadi Lucca (PL), a candidatura do presidente da AMM à reeleição enfrenta resistência internamente. Aliados do prefeito de Patos defendem que o novo presidente tem que ser prefeito, porque lidará com os gargalos que os pares enfrentam no dia a dia dos municípios.

Entretanto, auxiliares de Bizarro lembram que o estatuto da AMM, desde uma mudança feita pelo antecessor, Julvan Lacerda (MDB), ex-aliado do presidente, permite a candidatura de ex-prefeitos, desde que estejam em dia “por, no mínimo, um ano com suas obrigações sociais e obrigações financeiras”. Antes, eram elegíveis apenas os “sócios natos” da AMM, ou seja, todos os municípios, “representados por seus respectivos prefeitos”.

Bizarro também não seria contrário à composição com Falcão, uma vez que o prefeito de Patos já está na diretoria da AMM como 2º vice-presidente, por exemplo. Entretanto, o ex-prefeito de Fabriciano não quer abrir mão da cabeça de chapa. Ele, que ainda ocupa a 1ª vice-presidência da Confederação Nacional dos Municípios, argumenta para pessoas próximas que o presidente deve ter tempo para se dedicar à AMM, o que o adversário, que inicia o segundo mandato, não teria.   

Por outro lado, o descumprimento de acordos por Bizarro deve pesar nas articulações por uma composição. Quando construiu a candidatura única à presidência com Hideraldo, o então prefeito de Fabriciano se comprometeu a deixar o cargo no fim de 2023 e transmiti-lo para o então prefeito de Boa Esperança. Entretanto, o presidente se recusou, o que levou Bizarro e o atual presidente da CeasaMinas a trocarem acusações publicamente.

À época, em uma tentativa de pacificar a AMM, Bizarro teria concordado em deixar a presidência apenas caso Falcão, atual 2º vice-presidente, lhe substituísse. Então, Hideraldo teria se comprometido a renunciar à 1ª vice-presidência, desde que o prefeito de Fabriciano fizesse o mesmo. Apesar da articulação, o presidente da AMM não teria aceitado as condições. Sem acordo, Bizarro permaneceu à frente da entidade.