Polícia Civil concluiu operação que apurou irregularidades na gestão da Casmil
Os levantamentos apontavam que o termo de cessão nas negociações envolvia valor aproximado de R$ 526 mil
A Polícia Civil de Minas Gerais, em Passos, anunciou nesta terça-feira, 3, o encerramento das investigações no âmbito da operação Consilium Fraudis, iniciada no segundo semestre de 2020, que apurou graves práticas de gestão temerária cometidas por ex-gestores da Cooperativa Agropecuária do Sudoeste de Minas Gerais – CASMIL, que tinha como diretor presidente o ruralista Leonardo Medeiros na época. A operação revelou condutas imprudentes e negligentes que comprometeram severamente a estabilidade financeira da cooperativa e prejudicaram seus cooperados.
As investigações apontaram que os indiciados realizaram operações financeiras de alto risco, como o desconto duplicado de duplicatas e a alteração irregular de documentos fiscais, sem a devida análise de impacto ou planejamento estratégico. Essas ações caracterizaram uma administração desprovida de diligência e responsabilidade, resultando em dívidas não quitadas com credores, perda de credibilidade no mercado e prejuízos substanciais ao patrimônio coletivo.
Embora não tenha sido constatada apropriação pessoal dos recursos, os atos dos gestores violaram padrões mínimos de cuidado e expuseram a cooperativa a um endividamento insustentável, configurando crime contra a economia popular. A análise técnica e pericial revelou, ainda, manipulações em documentos fiscais, que mascararam a verdadeira situação financeira da instituição, consequentemente, dificultando a transparência para os cooperados.
O delegado responsável pelas investigações, Felipe Capute, disse que "as apurações demonstraram uma conduta reiterada de imprudência por parte dos gestores, que negligenciaram os interesses dos cooperados em favor de práticas que comprometiam a segurança financeira da cooperativa”.
A operação Consilium Fraudis resultou na produção de um amplo conjunto probatório que será apresentado ao Poder Judiciário para eventual responsabilização dos envolvidos.
A ORIGEM
Na época da operação, segundo o apurado, os ex-diretores da Casmil negociaram com uma indústria de alimentos o repasse de duplicatas da empresa a título de créditos decorrentes da venda de leite cru. A diretoria da cooperativa da época então cedeu esses créditos a um fundo de investidores que adquiria títulos recebíveis mediante juros compensatórios e contraprestação à vista para o cedente. Os levantamentos apontavam que o termo de cessão foi no valor aproximado de R$ 526 mil.
Posteriormente, a indústria de alimentos quitou o débito das duplicatas com a Cooperativa. As investigações mostravam, contudo, que os gestores receberam indevidamente os valores dos títulos, que não foram repassados em pagamento à cessão anteriormente firmada com o agente financeiro.