‘Planeta dos Macacos - O Reinado’ - um novo e poderoso começo

Muitos anos depois da morte de Cesar, que consolidou o domínio dos macacos sobre a Terra, o clã dos Falcões vive pacificamente, treinando esses animais. Um dia, são invadidos pelos Mascarados, que deturparam os ensinamentos de Cesar e se impõem pela violência. E surge também uma humana, Mae, que se distingue dos demais de sua espécie, hoje reduzidos a um estado semi-selvagem. Nos cinemas.

Retomando a franquia que teve início no já distante ano de 1968, Planeta dos Macacos: O Reinado, de Wes Ball, tem obviamente a ambição de dar início a uma nova trilogia, como a lançada nos anos 2010, tendo ao centro a figura do carismático líder símio Cesar (Andy Serkis).

O filme atual justamente se dedica a imaginar o que aconteceu com os macacos a partir da morte do líder, quando seus diversos grupos se espalharam por um planeta verdejante, coberto de florestas, bem diferente daquele que existia sob o primitivo domínio dos humanos - hoje reduzidos a pequeníssimos grupos, eventualmente tidos como extintos depois de um vírus que os abateu e propiciou a evolução acelerada dos símios.

No Clã do Falcão, os chimpanzés dedicam-se ao treinamento dessas aves de rapina, para o que seus adolescentes escalam perigosas montanhas, em busca de um ovo que será por eles cuidado até o nascimento. Empenhados nesse ritual de passagem à vida adulta, três jovens, Noa (Owen Teague), Anaya (Travis Jeffrey) e Soona (Lydia Peckman), embrenham-se na floresta, arriscando-se nas alturas - especialmente Noa, o mais aguerrido do trio de amigos inseparáveis.

O roteiro, assinado pelo trio Josh Friedman, Rick Jaffa e Amanda Silver, investe bastante energia nesta caracterização do clã como aficcionado por valores comunitários, de lealdade e cuidado mútuo - ainda que o treinamento dos falcões deixe claro que eles têm consciência da necessidade de uma autodefesa que pode, eventualmente, recorrer à agressividade.

O perigo, na verdade, não está muito longe deles, representado pelos Mascarados, gorilas que deturparam a mensagem deixada por Cesar e recorrem à guerra, morte e escravização de seus prisioneiros, sem levar em conta que são todos membros de uma mesma espécie. Um dia, os gorilas invadem o território dos Falcões, causando morte e destruição. Noa, tido como morto, é deixado para trás e inicia, a partir daí, sua solitária jornada de amadurecimento.

Nessa viagem, contará com encontros providenciais, como com o sábio orangotango Raka (Peter Macon, a voz mais marcante do filme), ele sim um guardião dos valores defendidos por Cesar e que se torna uma espécie de mentor do jovem Noa. No caminho dos dois, aparece uma raridade: a humana Mae (Freya Allan) que, no devido tempo, mostrará estar muito acima das expectativas.

Na longa aventura que se avizinha para este trio, desdobra-se a extrema violência dos gorilas, governados por um tirânico rei, Proximus Cesar (Kevin Durand), e que tem sob seu domínio um outro humano especial, Trevathan (William H. Macey), capaz não só de falar, como Mae, como de ler as histórias de uma enorme biblioteca deixada para trás pelos antigos comandantes da Terra. Por mais inteligentes que sejam, os macacos ainda não dominaram a escrita.

Fica muito clara a intenção de conectar este reboot ao espírito do primeiro filme, O Planeta dos Macacos (1968), baseado no livro do francês Pierre Boulle, onde tudo começou. E isto tem a ver, como sempre, com um conflito em torno do papel dos humanos no planeta. Mas, como sabemos, a evolução é irreversível e os macacos inteligentes vieram para ficar. Tudo é possível, então. Se vingar uma nova trilogia a partir daqui, quem viver, verá. (Neusa Barbosa/Cinweb)

PLANETA DOS MACACOS - O REINADO (Kingdom of the planet of the apes) EUA, 2024. Gênero: Ação. Classificação: 14 anos. Direção: Wes Ball. Elenco: Kevin Durand , Freya Allan , Peter Macon. Cine Roxy, em Passos, 20h45. Cine A, em Paraíso, 13h45 e 21h15.

Veja o trailer: