Pesquisadores da UFMG encontram borboleta rara na Serra da Canastra

Espécie conhecida como “Ribeirinha” está na lista de alerta internacional para risco de extinção

Pesquisadores da UFMG encontram borboleta rara na Serra da Canastra
Uma das características dessa borboleta é o par de asas pretas com detalhes em rosa (Divulgação)

Pesquisadores do Programa de Ecologia da UFMG encontraram uma borboleta rara na Serra da Canastra (região Sudoeste de Minas Gerais): a Parides burchellanus, que consta na lista de alerta internacional para risco de extinção. A espécie, mais conhecida como “Ribeirinha”, tem recebido a atenção dos membros da União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.

Uma das características dessa borboleta é o par de asas pretas com detalhes em rosa. Seu nome popular não é por acaso: está relacionado ao meio onde ela vive. Segundo os pesquisadores, essa espécie precisa de locais com sombra, muita água (como riachos e córregos) e de uma planta trepadeira chamada “papo-de-peru" ou "jarrinha”, essencial para a alimentação da borboleta na fase em que ela ainda é uma larva. Ambientes como esse são chamados de matas ciliares ou matas de galeria.

"Por volta de 2007, fizemos uma busca muito grande na região de Brumadinho, como parte de um projeto do Ministério do Meio Ambiente, e encontramos a borboleta ‘Ribeirinha’. Depois disso, com o rompimento da barragem (de mineração, na cidade), voltou a demanda para se procurar essa espécie. A gente foi a várias áreas, incluindo alguns pontos que tínhamos visitado naquele primeiro trabalho, e achamos que seriam ideais para esse monitoramento. A ‘Ribeirinha’ ocorre no Distrito Federal, em Brumadinho e, agora, na Serra da Canastra, onde foram descobertas há pouco tempo” relata a bióloga e pesquisadora do Programa de Ecologia da UFMG Marina Beirão.

Beirão conta que, desde o início deste ano, uma equipe de pesquisadores vai  semanalmente a Brumadinho para realizar a coleta e marcação de “Ribeirinhas”, com o auxílio de uma caneta de tinta atóxica (que destaca a espécie, mas não prejudica sua saúde). Ainda de acordo com a bióloga, foram encontradas mais borboletas “Ribeirinhas” machos e jovens, pois saem do casulo antes das fêmeas. Depois de analisadas, as borboletas são devolvidas à natureza para continuarem o seu ciclo.

 

IMPORTÂNCIA DO MONITORAMENTO

O professor Frederico Neves, do Laboratório de Ecologia de Insetos do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, explica que a conservação do ambiente em que a borboleta se encontra é fundamental para sua sobrevivência. “Se, eventualmente, a borboleta ou a planta [da qual ela se alimenta] desaparecem, toda uma história evolutiva é perdida. E isso pode ameaçar o equilíbrio ambiental daquele local. Por isso, é feito o monitoramento. O objetivo é entender o que ocorre e utilizar as informações para traçar estratégias para que não haja algum tipo de extinção”, diz Neves. Ele acrescenta que incêndios criminosos, desmatamento e poluição podem provocar um efeito dominó capaz de provocar o desaparecimento não apenas das borboletas já ameaçadas, mas, possivelmente, de vários outros seres vivos. A formiga e o besouro são alguns dos outros insetos monitorados pelos programas de extensão científica da Universidade, já que são animais que ajudam na manutenção do ecossistema, assim como as borboletas.

Frederico Neves alerta que todos devem ajudar a cuidar do ecossistema, e que não basta retirar as pessoas do local, como forma de conservação. “A gente tem que trazer essas pessoas como parceiros, mostrar que elas são importantes.”

 

Saiba mais em vídeo produzido pela TV UFMG:

 

 

 

https://youtu.be/ukIY0qC1Nds