Paul McCartney encerra turnê no Rio sugerindo novo reencontro

Última apresentação teve transmissão ao vivo e ficará disponível aos assinantes por 30 dias

Paul McCartney encerra turnê no Rio sugerindo novo reencontro
Em quase 3 horas e 39 músicas, um show de explosão de luzes, efeitos especiais e até mesmo um dueto com John Lennon (Divulgação)

“Até a próxima. Fui! See you next time!” Assim, misturando português e inglês, Paul McCartney, de 81 anos, se despediu do último show da turnê Got Back, no Maracanã, no Rio, na noite deste sábado, 16, dissipando boatos sobre uma suposta aposentadoria dos palcos que seria anunciada.

 

Não era exatamente o mesmo estádio em que se apresentou pela primeira vez no Brasil, em abril de 1990 — a reforma para a Copa do Mundo de 2014 demoliu inteiramente a cobertura característica do estádio. E, de fato, o retorno do ex-beatle ao local, para fazer sua 36ª apresentação em solo brasileiro, pouco teve de fechamento de ciclo. Pelo contrário, a impressão que deixa é de ciclo a ser renovado.

 

No ano passado, ao lançar a turnê Got Back, Paul divulgou uma declaração realçando a mesma expressão que usou no Rio de Janeiro: “Ao fim da turnê passada, eu disse ‘vejo vocês na próxima vez’. Eu disse que iria voltar para vocês. Bem, eu voltei!”

 

Com a barba por fazer, revelando fios brancos, e a capacidade vocal afetada, mas nem de longe comprometida pela idade, ele entreteve e comoveu os 66 mil presentes durante mais de duas horas e meia (151 minutos, incluindo o caprichado bis). Começou às 21h03, encerrou às 23h34.

 

O repertório, é verdade, inclui várias escolhas idiossincráticas, músicas que não entrariam numa lista top 100 das composições de McCartney, seja solo, com os Beatles ou na fase Wings.

 

Mas o espetáculo é montado, acima de tudo, para divertir, com espaço para interações que colocam o público como coadjuvante, ao segurar balões iluminados por celulares durante “Ob-La-Di, Ob-La-Da”, e os já tradicionais cartazes com “Na Na Na” exibidos durante o refrão prolongado de “Hey Jude”. Não falta o momento TikTok, “Dance Tonight”, quando o baterista Abe Laboriel Jr. se solta em coreografias infantis — rola até uma do game Fortnite.

 

No streaming

O último show do ex-Beatle teve a transmissão, ao vivo, neste sábado, dia 16, através do Disney+ e Star+. Os serviços de streaming levaram para casa dos brasileiros o icônico show de McCartney, diretamente do estádio do Maracanã. Para quem perdeu ou quiser rever, a apresentação ficará disponível nas duas plataformas, por 30 dias, a partir deste domingo, dia 17 de dezembro.

O show do cantor britânico que segue conquistando gerações de fãs por onde passa foi a última parada dessa sequência de mais de 30 apresentações pós-pandemia. A turnê teve início em abril de 2022, nos Estados Unidos, e já passou pela Inglaterra e Austrália. O jornalista Anderson Ramos, do Universo da TV, separou cinco motivos que fazem esse espetáculo ser imperdível:

 

Entre o atual e o nostálgico

Na Got Back Tour, Paul sobe ao palco acompanhado da sua banda composta por Paul 'Wix' Wickens, Abe Laboriel Jr., Rusty Anderson e Brian Ray. Com 81 anos de idade e mais de 50 anos de carreira, o cantor, compositor, multi-instrumentista, empresário, produtor musical, cinematográfico e ativista dos direitos dos animais, consegue transitar entre o atual e o nostálgico. Mas, claro que não poderiam faltar as clássicas músicas dos Beatles nessa turnê, banda que marcou não apenas a carreira musical de McCartney, mas também conquistou fãs em nível global.

 

A setlist dessa apresentação com três horas de duração conta com 39 músicas e um show de explosão de luzes, efeitos especiais e até mesmo um dueto da música I’ve Got a Feeling com John Lennon, seu parceiro de banda e icônica dupla de composição na época dos Beatles. Além das clássicas canções que muita gente sonha em escutar ao vivo, pelo menos uma vez na vida, como Hey Jude e Let It Be, o repertório traz para os fãs sucessos da carreira solo do Paul como Getting Better, Let Me Roll It, Live And Let Die, além do icônico som dos Beatles como Black Bird, Ob-La-Di, Ob-La-Da, Let It Be, Get Back e muito mais!

 

Uma carreira extensa e consolidada

Natural de Liverpool, na Inglaterra, Paul é o mais perto que os fãs brasileiros dos The Beatles conseguem chegar quando falamos sobre apresentações ao vivo das músicas de uma das bandas mais famosas que já existiu na história da música mundial. Colecionando 18 Grammys na carreira, sete prêmios Brit e até mesmo um Oscar, em 1971, no prêmio de "Melhor Trilha Sonora Original" no filme Let It Be (1970), o artista segue sendo referência na indústria musical contemporânea. Outro fato peculiar da vida do músico que muitas pessoas não sabem é o fato dele ter sido condecorado como cavaleiro do império britânico pela Rainha Elizabeth II em 1997.

 

Os Beatles nunca vieram ao Brasil, mas o Paul sim!

Muitos fãs dos Beatles nunca superaram o fato da banda britânica nunca ter vindo ao Brasil no auge do sucesso nas décadas de 1960 e 1970. Formada por Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e Ringo Starr, o estilo musical que caminhava pelo rock e blues foi conquistando fãs ao redor do mundo e consolidou a banda inglesa como um dos grupos mais bem sucedidos da era do rock. Outro ponto importante da passagem de Paul pelos Beatles, com certeza, foi sua amizade e química criativa com John Lennon, se tornando uma das duplas mais influentes da história quando o assunto é composição. Lennon foi assassinado em 1980, na frente do seu apartamento em Manhattan, em Nova York. Na época, a maior banda britânica de todos os tempos já havia se separado — em 1970 — gerando diversas especulações sobre as principais motivações para o fim.

Mas, diferente dos Beatles, McCartney completará a marca de 37 shows realizados no Brasil ao final da turnê Got Back. O próprio cantor já declarou seu amor pelo país em diversas apresentações e entrevistas. Ele sempre faz questão de relembrar com carinho a sua primeira apresentação por aqui em 1990, também no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, alcançando a marca de 184 mil ingressos vendidos, o que fez a ocasião entrar para o Guiness Books of Records como o maior público pagante para ver um único artista na história.

 

Colecionando sucessos

Com uma carreira consolidada ao redor do mundo, Paul não cansa de se reinventar, mas ao mesmo tempo consegue manter sua característica própria que, consequentemente, lembra muito o estilo de música dos Beatles. No decorrer dos anos, diversos hits de sucesso tomaram conta das paradas musicais pelo mundo, como Maybe I’m Amazed e Band on the Run, que inclusive foi lançada pela sua banda Wings — formada pelo ex-Beatle, o baterista Denny Seweill, o guitarrista Denny Laine e sua esposa Linda McCartney, em 1971.

 

McCartney não cansa de demonstrar seu amor pelo Brasil

 

A conexão do cantor com o Brasil só vem se reforçando durante sua passagem pelo país. Assim que pousou em solo brasileiro, no início de dezembro, o britânico anunciou, em cima da hora, uma apresentação intimista em Brasília, em um local chamado Clube do Choro, fundado em 1977 e considerado uma referência da música na cidade. A apresentação foi para 400 pessoas sortudas que tiveram a oportunidade de apreciar o cantor após a liberação de um link para quem já tinha entradas para o show oficial no estádio Mané Garrincha, também em Brasília.

 

A cultura de show intimistas já faz parte da carreira musical de Paul, assim como os Beatles se apresentavam no Cavern Club, em Liverpool, sua cidade natal e fizeram uma apresentação de última hora no telhado da gravadora Apple, em 1969. Já em 2016, o cantor realizou um pocket show para 300 pessoas na Califórnia, no Pappy & Harriet’s. Para não perder o costume, em 2018, o britânico fez outro pocket show, mas dessa vez para os clientes do pub Philharmonic Dining Rooms, em Liverpool, na Inglaterra.

 A banda de Paul é composta por Paul 'Wix' Wickens, Abe Laboriel Jr., Rusty Anderson e Brian Ray (Divulgação)