Pacheco revela que Lula o convidou para a disputa pelo Governo de Minas

O presidente do Senado, no entanto, desconversou ao ser questionado se tem o desejo de concorrer ao governo estadual

Pacheco revela que Lula o convidou para a disputa pelo Governo de Minas
Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, promove café da manhã com jornalistas, em Brasília (Pedro França / Agência Senado)

Durante café com jornalistas, na manhã desta sexta-feira, 22, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), saiu pela tangente ao ser questionado se tem o desejo de concorrer ao governo estadual, mas contou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer que ele seja o candidato.

 

“Solucionar essa questão da dívida é fundamental para o futuro do Estado. Se esse problema não for solucionado, o Estado vai ficar ingovernável. A gente tem que avaliar como vai ser o futuro, qual vai ser a disposição, e acertar isso. Mas, por ora, eu não estou movendo nenhuma ação (da dívida) por motivação disso”, garantiu ao ser questionado sobre a aproximação com o petista para tratar sobre o débito bilionário do Estado com a União, segundo relato da jornalista  Fransciny Ferreira, de O Tempo. Ele completou ainda que o pleito nacional está longe.

 

“Se você me perguntar hoje se quero ser ou não candidato, eu diria a você que não seria. Mas, obviamente, a gente está na política e tem que ter responsabilidade com o Estado, e lá na frente a gente avalia”, completou lembrando na época que concorreu ao Senado, em 2018, ele tomou a decisão de disputar o pleito somente um ano antes, quando estava na posição de deputado federal e na presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

 

Segundo ele, o posto deu visibilidade a ele à época e o ajudou a ser eleito. A visibilidade de agora, em que ele está pautando temas de ofensiva ao Supremo Tribunal Federal (STF) e criticando o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), “carrega muita negatividade também”. “A política do Estado é muito polarizada. Então, podem surgir nomes para Minas Gerais, nomes novos, então vamos ter calma. Minha relação com Lula é boa, ele verdadeiramente quer, ele fala comigo sobre eleição de Minas”, disse.

 

RELAÇÃO EM MINAS

Ao ser questionado reiteradamente se Lula o quer para a corrida ao Palácio da Liberdade, Pacheco desconversou, brincou e pediu para que os jornalistas questionassem o petista. Contudo, ele explicou que a relação do PT e PSD no Estado é natural: “Nós (PSD) vamos apoiar uma candidatura do Lula (à reeleição) no futuro. Alexandre Silveira é ministro (Minas e Energia). Ele tem uma afinidade com a gente. Se ele for candidato à reeleição ou tiver um candidato dele, é natural que vamos estar com ele”.  Hoje, o PSD compõe a base do Palácio do Planalto no Congresso Nacional.

 

Pacheco ainda avaliou que o campo da direita em  Minas é muito forte, com Zema, Bolsonaro, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), e o senador Cleitinho (Republicanos-MG). “Então, o Centro tem que se organizar e eu acho que o caminho do Centro em Minas é um pouco mais vinculado à esquerda, ao Lula e ao PT”, disse, para longo em seguida ressaltar que ainda está muito cedo para tratar sobre o tema. Enquanto o PT e PSD podem ter o senador mineiro para o comando do Estado, o Novo pretende lançar o vice-governador, Professor Mateus, para a corrida eleitoral.

 

ANDAMENTO DA SOLUÇÃO PARA A DÍVIDA DE MINAS GERAIS

 

A aproximação entre Pacheco e Lula se tornou mais forte nas últimas semanas em função da proposta paralela para resolver a dívida de Minas que foi apresentada pelo presidente do Congresso a Lula e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O impasse financeiro hoje chega ao valor de R$ 160 bilhões e, recentemente, o senador e a equipe econômica têm dito que isso poderia ser solucionado antes se o governador tivesse tomado iniciativa da questão junto à União.

 

A solução proposta por Zema foi a de o Estado aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RFF), mas que ficou emperrada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em função de contrapartidas caras aos deputados estaduais com suas bases, como o congelamento do reajuste do salário dos servidores estaduais. A proposta do presidente do Congresso Nacional que prevê, entre outros pontos, a federalização de empresas estatais como Cemig, Codemig e Copasa, está sob análise de Haddad.

 

A resposta da Fazenda, segundo Pacheco, deve ser dada até março de 2024. Questionado se daria tempo de viabilizar a aprovação do novo RRF até abril do ano que vem, quando vence a liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que livra o Estado de pagar as parcelas do débito, o senador explicou que, se necessário, pode pedir uma nova prorrogação do prazo. Neste mês, o ministro do STF Kássio Nunes Marques já havia prorrogado a liminar. Pacheco pontuou, contudo, que o assunto será resolvido ainda no primeiro semestre.

 

“Eu disse a Zema que eu sou senador e ele governador e, portanto, resolver esse problema independente de quem tenha sido uma ideia, é um legado que daqui cinco anos ninguém vai lembrar de quem deu a ideia, mas sim vão lembrar que no governo Zema e com Rodrigo na presidência do Senado, se conseguiu resolver o maior problema de Minas que é a dívida. Nós temos que entrar nessa discussão com boa vontade, não pode dificultar”, acrescentou.

 

CRÍTICAS AO AUMENTO DO FUNDÃO

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que a aprovação do fundo eleitoral de R$ 4,9 bilhões para as eleições de 2024 motiva o debate sobre o fim da reeleição e a coincidência de mandatos no Brasil para a diminuição dos gastos públicos eleitorais. Após o projeto da Lei Orçamentária (LOA) de 2024 receber o aval dos parlamentares, na última sessão do Congresso Nacional do ano, o senador avaliou que o montante definido para as eleições municipais foi um “equívoco”.

 

Pacheco ressaltou que a escolha feita ainda provoca o desejo da volta do financiamento privado, suspenso pelo STF, em razão dos valores bilionários oriundos do dinheiro público. O senador sempre defendeu, para o ano eleitoral de 2024, valores em patamares semelhantes aos valores de 2020, quando ocorreram as últimas eleições municipais e houve a fixação do fundo em torno de R$ 2 bilhões. Para ele, deveria haver apenas a correção inflacionária. “Eu considero que as discussões sobre o fim da reeleição, o mandato de cinco anos, a coincidência de mandatos para termos menos eleições, tudo isso acaba sendo fortalecido com uma decisão de um fundo eleitoral nessa monta. Eu repito que respeito, mas naturalmente que isso gera consequências de reflexões para o Brasil no ano de 2024”, enfatizou.

 

O senador ressaltou que a Justiça Eleitoral gasta cerca de R$ 11 bilhões por ano devido à realização de pleitos a cada dois anos. Diante deste cenário, e também para tirar o país do que classificou como sendo um “estado permanente eleitoral”, Rodrigo Pacheco defendeu modificações no regramento eleitoral. “Não só pela economia que isso representa para os cofres públicos, tirar do Brasil esse estado permanente eleitoral que nós vivemos. Como a eleição é de dois em dois anos, nós temos sempre, terminado uma eleição e já começa uma outra. E a gente vive nesse estado de permanência de eleições e isso contamina a qualidade dos mandatos, contamina a qualidade da política, porque a política tem uma razão de ser que não pode ser uma razão puramente eleitoral”, afirmou.

 

ELEIÇÕES DISTINTAS

 

Rodrigo Pacheco afirmou que a iniciativa aprovada pelos congressistas, nesta sexta-feira, iguala eleições distintas entre si. “Nós estabelecemos um valor para a eleição municipal no parâmetro de uma eleição geral para presidente, governador, senador e deputados. O mais correto, na minha opinião, seria o valor da última eleição municipal, que foi em 2020, fazer as devidas correções, fazer as devidas adequações e definir um valor que ficaria bem abaixo desse valor definido”, ressaltou o senador.

 

Ele avaliou também que, no próximo ano, os parlamentares precisam buscar alternativas de aprimoramento da aplicação dos recursos do fundo eleitoral, para que essa prerrogativa não seja somente papel dos presidentes partidários, e aumente o acesso de quem tem direito aos valores.