Operação da PF contra tráfico faz prisão em Passos, Paraíso e outras 4 cidades

Alcateia mira organização criminosa voltada ao tráfico na região de Ribeirão Preto

Operação da PF contra tráfico faz prisão em Passos, Paraíso e outras 4 cidades
Com os acusados foram apreendidos veículos, joias, eletrônicos e muito dinheiro (Reprodução)

Na manhã desta terça-feira, 12, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado de São Paulo (GAECO) e a Polícia Federal deflagraram a Operação Alcateia para desarticular organização criminosa dedicada ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro estabelecida na cidade de Ribeirão Preto. Por determinação da Justiça, foram cumpridos 26 mandados de prisão temporária e 39 mandados de busca e apreensão em quatro cidades do interior paulista - Ribeirão Preto, Franca, Catanduva, Serrana - e ainda em Passos, São Sebastião do Paraíso e Mirassol D’Oeste (MT). Foi também determinado o bloqueio de contas bancárias em nome dos investigados e de laranjas, bem como apreensão de automóveis e sequestro de imóveis.

 

A operação em Passos ocorreu logo de manhã e numa residência no bairro Cohab 3 teria ocorrido uma prisão. Os nomes dos detidos não foram divulgados.

 

As investigações revelaram uma estruturada organização criminosa que se dedicava ao tráfico de drogas, em especial cocaína e crack, sediada em Ribeirão Preto, composta por quase 60 integrantes, movimentou, no período de cinco anos, mais de R$ 700 milhões. Apurou-se que, apenas entre julho de 2022 e novembro de 2023, o grupo criminoso tenha faturado, ao menos, R$ 54 milhões de reais com o narcotráfico.

 

A estrutura criminosa contava com um grupo de integrantes que se destinava exclusivamente a movimentar os lucros do tráfico, com sucessivas manobras de lavagem de capitais, mediante utilização de contas bancárias em nome de terceiros, aquisição de automóveis, imóveis e outros bens.

 

O objetivo principal da operação é, além de desestruturar uma das mais importantes organizações criminosas voltada ao tráfico de drogas na região de Ribeirão Preto, recuperar o patrimônio ilícito obtido pelos criminosos. O prosseguimento das investigações se dará agora mediante análise do material apreendido nesta data, além de outras diligências.

 

Investigações da Polícia Federal mostram que a quadrilha atuava há cinco anos, tinha um modo de agir bem definido, com divisões claras de núcleos e atribuições. De acordo com a PF, havia três frentes de atuação: Núcleo Central; Compradores e distribuidores de drogas; Núcleo Financeiro. Para disfarçar a ilegalidade do lucro com a venda das drogas, obtido principalmente a partir da comercialização de cocaína, os criminosos usavam carros de luxo e empresas de fachada.

A PF identificou 59 integrantes da quadrilha, sendo que os líderes atuam em Ribeirão Preto e mantêm contatos com outros investigados em, pelo menos, seis estados.

 

COMO FUNCIONAVA CADA NÚCLEO

 

O esquema era dividido em três frentes e envolvia parentes de criminosos e donos de empresas, que funcionavam como fachada. O Núcleo Central era formado por, pelo menos, sete pessoas. Dele, fazem parte: Hendrix Dior Loreilhe, conhecido como Nenê ou Gordão, que já foi preso anteriormente por tráfico de drogas: Brenda Pereira da Silva, mulher de Fábio Henrique Gomes de Souza, conhecido como Lobinho, preso desde 2014, também por tráfico de drogas

 

Dos compradores e distribuidores de drogas, fazem parte, pelo menos 20 pessoas, sendo 12 de Ribeirão Preto, 2 de Serrana (SP), 1 de Catanduva (SP), 1 de Passos (MG), 1 de São Sebastião do Paraíso (MG), e 1 do Rio de Janeiro (RJ)

 

Mais duas pessoas ligadas a este grupo, segundo a PF, ainda são responsáveis pelo desvio de vendas de produtos químicos usados no preparo das drogas, tanto para potencializar efeitos quanto aumentar o volume. As investigações apontam que elas utilizavam as substâncias tetracaína, cafeína e adrenalina.

 

O Núcleo Financeiro cuidava, especificamente, da movimentação dos lucros provenientes do tráfico de drogas e usava contas de terceiros para dificultar o rastreamento do dinheiro, de origem ilícita.

 

Além de Brenda, que também atuava neste núcleo, outras 12 pessoas também faziam parte dele. Entre os envolvidos, estão pessoas que utilizavam as próprias empresas no esquema e até parentes de Hendrix.

 

Ainda de acordo com a Polícia Federal, a maior parte da quantia em dinheiro movimentada é resultado da venda de cocaína. A operação, chamada de 'Alcateia', também resultou, além das prisões e buscas, na apreensão de propriedades, veículos e ativos financeiros registrados em nome dos suspeitos, das empresas deles e de terceiros utilizados como intermediários para lavar o dinheiro.