Operação contra lavagem de dinheiro prende 11 pessoas e apreende 75 veículos em MG

Ação policial recuperou cerca de R$ 60 milhões em bens como veículos de luxo e joias. Diligências aconteceram em São Sebastião do Paraíso, Passos, Guaxupé, Guaranésia e Piumhi

Operação contra lavagem de dinheiro prende 11 pessoas e apreende 75 veículos em MG
Operação contra lavagem de dinheiro e organização criminosa apreende veículos de luxo no Sul de Minas (Gustavo Oliva/Reprodução)

 

A Polícia Civil realizou nesta quinta-feira, 19, a 'Operação Midas' que investiga crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa em cinco cidades mineiras. Durante as diligências, veículos de luxo que eram ostentados nas redes sociais foram apreendidos.

A operação cumpriu 11 mandados de prisão e 37 de busca e apreensão em municípios sul-mineiros como São Sebastião do Paraíso (MG), Passos (MG), Guaxupé (MG), Guaranésia (MG), além de Piumhi (MG), localizado no Centro-Oeste de Minas.

Segundo a Polícia Civil, foi realizado também o sequestro de 17 imóveis e a ação resultou na recuperação de aproximadamente R$ 60 milhões em bens usados como lavagem de dinheiro.

Foram apreendidos 75 veículos, dentre eles dois Porshes, um Audi, dois BMW e 28 caminhonetes, além de outros materiais como dinheiro em espécie, cheques, notas promissórias, joias, celulares, munições e três armas de fogo.

Os alvos das buscas incluíram 13 garagens em cinco municípios, sendo nove em São Sebastião do Paraíso, uma em Passos, uma em Guaxupé, uma em Guaranésia e uma em Piumhi.

A ação mobilizou cerca de 150 policiais desde as primeiras horas da manhã, além de um helicóptero da Polícia Civil.

 

Investigações

 

O inquérito policial iniciou em 2021 para investigar crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e agiotagem. A organização criminosa era formada por um grupo de empresários que comercializa veículos automotores.

De acordo com a Polícia Civil, relatórios solicitados ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) demonstraram vínculo financeiro suspeito entre os empresários com empresa do mesmo ramo, de Ribeirão Preto (SP), cujos responsáveis são investigados por lavagem de dinheiro.

Segundo o delegado Rafael Gomes, esse empresário do interior paulista seria o principal financiador do esquema, já que teria enviado recursos para os empresários no começo do suposto empreendimento.

“No início das atividades, quando o negócio ainda não era tão lucrativo assim, há indícios de que eles receberam aportes financeiros de origem suspeita de um indivíduo [....] o que fez crescer desproporcionalmente os negócios dessa organização criminosa, que passou a comercializar veículos automotores com fins de supostamente lavar esse dinheiro", explicou o delegado em entrevista.

"Vendas fantasmas foram descobertas por nós. Eles anunciam que vendeu um veículo, mas esse veículo fica entre os integrantes do grupo e nunca são transferidos. É uma forma de lavar o dinheiro. Laranjas foram descobertas, sobretudo, os funcionários que são assalariados não têm condições de ter, por exemplo, um deles R$ 1,7 milhão em veículos registrados só no nome dele. Isso é totalmente desproporcional com os ganhos lícitos que ele declara”, afirmou o delegado.

Conforme o delegado, a quadrilha lavava dinheiro que já havia passado por outro processo de lavagem, em uma prática chamada "lavagem em cadeia".

“A gente estima que eles lavaram já cerca de R$ 80 milhões durante todos esses anos. Um crescimento patrimonial muito desproporcional, um crescimento da atividade empresarial totalmente incompatível e, como eu já disse, as quebras de sigilo bancário fiscal demonstravam que os números não batem, o que eles ganham, o que declaram ganhar, não é o que eles têm de patrimônio real, ostentam ter de patrimônio real”, disse o delegado Rafael Gomes.