O Auto da Compadecida 2 chega nesta quinta no Roxy

Depois de passar 25 anos longe de Taperoá, João Grilo volta à cidade e reencontra Chicó, que ganha a vida contando para turistas a história da morte e ressurreição de seu amigo

O Auto da Compadecida 2 chega nesta quinta no Roxy
Selton Mello e Matheus Nachtergaele juntos novamente, viverão aventuras e desafiarão o poder local (Divulgação)

 

Depois de várias montagens teatrais, desde sua estreia em 1955, e algumas adaptações para o cinema, em 1999, O Auto da Compadecida chegou à televisão como uma minissérie de enorme sucesso, que contava também com outros textos de Ariano Suassuna, protagonizada por Matheus Nachtergaele e Selton Mello. No ano seguinte, foi editada e lançada no cinema. Em 2024, a obra faz o caminho contrário. O Auto da Compadecida 2 primeiro estreia do cinema, e depois será exibido como série. Em comum, os dois filmes têm a estrutura de uma obra maior condensada sem muito cuidado narrativo para passar no cinema. 

O segundo longa passa-se 25 anos depois do original, respeitando a diferença de tempo entre as duas obras, e começa com Chicó (Melo) contando a história de seu amigo João Grilo (Nachtergaele), que foi embora de Taperoá. Ou seja, um breve resumo do primeiro filme. 

A volta de João Grilo permite a reunião entre os dois amigos, e o surgimento de novos personagens, como o coronel Ernani (Humberto Martins), sua filha, Clarabela (Fabiula Nascimento) e o radialista Arlindo (Eduardo Sterblitch). Além deles, personagens antigos também estão de volta: Rosinha (Virginia Cavendish) e Cabra (Enrique Díaz), o capanga que matou João Grilo no primeiro filme, o que permitiu que ele encontrasse com o diabo, Jesus e Nossa Senhora da Compadecida.

Seguindo a mesma estrutura episódica do filme original, a sequência inclui pequenas tramas que nunca se amarram como uma narrativa coesa. Parte delas é esquecida durante o filme – acredita-se que terão maior desenvolvimento na série – como quando os protagonistas vão cavar um poço nas terras do coronel Ernani. As personagens coadjuvantes sofrem do mesmo problema. Clarabela chega bastante promissora no longa, num timing de comédia muito bom de Fabiula, mas é deixada de lado, aparecendo pouquíssimas vezes depois de sua entrada triunfante. 

Rodado totalmente em estúdio em cenários artificiais de computação, o filme perde aquele naturalismo do original em prol de uma estética carregada, sem leveza, sem graciosidade. É um Nordeste caricato e repleto de clichês, que não condiz com a luz solar natural sob a qual nos acostumamos a ver as personagens. Guel Arraes retorna na direção, agora dividida com Flávia Lacerda, e com roteiro assinado por ele, João Falcão, Adriana Falcão e Jorge Furtado.

A disputa política entre o coronel Ernani e Arlindo toma certo tempo do filme, até que, novamente, os planos de João Grilo e Chicó culminam em algo que quase repete o longa original, levando, novamente, um deles a passar por um julgamento, que decidirá se deve ir para o céu ou inferno. A novidade está na representação de Jesus e do diabo. Como já anunciado e mostrado nos trailers, Taís Araujo assume o papel de Fernanda Montenegro como a Compadecida. Sua participação é bem pequena, e a cena do julgamento, bastante apressada. 

No fundo, O Auto da Compadecida 2 soa como um longo trailer da série que está por vir na televisão e streaming. É bastante frustrante que os personagens e a trama não sejam pensados numa obra para cinema. Tudo é corrido e mal resolvido dramaturgicamente, mas não há dúvida de que deverá fazer sucesso. Quem sabe, num eventual terceiro filme, pensem numa aventura de João Grilo e Chicó com cara de filme de cinema. (Alysson Oliveira/CineWeb)

 

O AUTO DA COMPADECIDA 2 (Idem). Brasil, 2024. Gênero: Comédia).Duração: 120 minutos. Classificação: 12 anos. Direção: Fabiula Nascimento , Guel Arraes , Flávia Lacerda. Elenco: Matheus Nachtergaele , Selton Mello , Virginia Cavendish , Enrique Díaz , Luis Miranda , Humberto Martins , Eduardo Sterblitch , Taís Araújo. Cine Roxy, 21h15.

 

Veja o trailer: