Número de casos de dengue salta de 30 para 148 numa semana em Passos

Nos 10 primeiros dias de 2023 foram registrados 32 casos na cidade

Número de casos de dengue salta de 30 para 148 numa semana em Passos
Estatística da Secretaria de Estado da Saúde mostra avanço maior do que no ano passado (Divulgação)

O Boletim Epidemiológico de Monitoramento dos casos de Dengue, Chikungunya e Zika divulgado nesta segunda-feira pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais informa que o número de casos de dengue em Passos saltou de 30, no dia 8, para 148 casos no dia 15 de janeiro.

Se o número de casos avançar nessa proporção, a epidemia da doença na cidade deverá ser maior do que a do ano passado, quando Passos liderou por várias semanas o ranking estadual dos casos de dengue.

Ao contrário de conter os focos de aedes nos últimos anos, as ações na cidade não estão conseguindo impedir a evolução da dengue: nos primeiros 10 dias de 2022, não foi registrado qualquer caso na cidade; em 10 de janeiro de 2023 eram 32 casos; e no dia 8 de janeiro deste ano, foram 30 casos. E agora o número quintuplicou em uma semana, passando de 30 para 148 casos no dia 15.

E assim como em Passos, Minas Gerais pode enfrentar uma nova epidemia de dengue em 2024. Nos primeiros dias deste ano, o Estado registrou aumento de casos acima do esperado para o período.

 

NÚMEROS

Até 15 de janeiro, Minas Gerais registrou 11.658 casos prováveis (casos notificados, exceto os descartados) de dengue. Desse total, 3.983 casos foram confirmados para a doença. Até o momento, não há óbitos confirmados por dengue no estado e três óbitos estão em investigação.

Em relação à febre Chikungunya, foram registrados 1.726 casos prováveis da doença, dos quais 1.223 foram confirmados. Até o momento, um óbito foi confirmado por Chikungunya em Minas Gerais e nenhum óbito está em investigação.

Quanto ao vírus Zika, até o momento, não foram registrados casos prováveis, nem confirmados da doença. Também não há óbitos confirmados ou investigação por Zika em Minas Gerais.

 

ENDEMIA

O crescimento do número de diagnóstico vem após um ano considerado endêmico: em 2023 houve um crescimento de 330,5% no número de diagnósticos em relação a 2022. Além da morte de uma garota no Vale do Aço, outro ponto que aumenta a preocupação das autoridades em saúde é com relação ao ressurgimento do tipo 3 da dengue – que há mais de 15 anos não causa epidemias no país.

No ano passado, Minas Gerais registrou 321.038 casos de dengue, uma média de quase 880 por dia, e 198 mortes. Em 2022, foram 74.796 casos (246.242 a menos), uma média de quase 205 por dia, e 68 óbitos. Os dados preliminares de janeiro indicam aumento de casos neste ano em relação a 2023. Foram 415 nos oito primeiros dias, contra 100 nos dez primeiros do ano passado, crescimento de 315%.

 

HISTÓRICO

Historicamente, Minas Gerais registra epidemias de dengue a cada três anos. Antes de 2023, o último ano epidêmico foi em 2019, quando foram 413.717 casos e 195 mortes. Para evitar contágios, o governo de Minas Gerais informou que vai repassar R$ 80,5 milhões para ações de conscientização e mobilização sobre os focos do mosquito.

O infectologista Leandro Curi analisa o cenário para 2024. “Esperamos volumes altos de pessoas infectadas, enchendo serviço de saúde, como no ano passado. A tendência é que, até o fim do período chuvoso e do verão, os casos cheguem a um nível muito alto”, explicou.

 

VACINA

Recentemente incorporada pelo Ministério da Saúde ao Programa Nacional de Imunização (PNI), a vacina contra a dengue chamada Qdenga promete ser aliada no enfrentamento da doença.

A previsão é que o imunizante comece a ser oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de fevereiro.

Contudo, inicialmente, não estará disponível para todos. Isso ocorre devido à limitação de produção de doses pela farmacêutica Takeda Pharma, responsável pela fabricação do imunizante. Desta forma, o Ministério da Saúde vai priorizar grupos considerados prioritários, com critérios ainda não divulgados.