No Roxy, 'O Macaco' transforma morte em comédia de horror sobre relação de pais e filhos

Filme é baseado em conto do mestre do terror, Stephen King, mas foi adaptado e ampliado para o cinema

No Roxy, 'O Macaco' transforma morte em comédia de horror sobre relação de pais e filhos
Quando criança, os gêmeos Bil e Hal encontraram um macaco de brinquedo que, descobriram, causa a morte de uma pessoa toda vez que bate seu tambor (Divulgação)

Em alta desde o sucesso de Longlegs – Vínculo Mortal, o cineasta estadunidense Osgood "Oz" Perkins (filho de Anthony Perkins) adapta em O Macaco um conto pouco conhecido de Stephen King, de 1980 e publicado na coletânea Tripulação de Esqueletos. O texto está, aliás, bem longe de ser uma obra-prima. Pelo contrário, é pueril e simples, mas tem alguns bons elementos – especialmente seu final, que é completamente diferente do filme.

Perkins, que também assina o roteiro e faz um pequeno papel, muda completamente o tom do original, transformando esse filme não num terror com toques cômicos, mas o contrário, uma comédia com lances de terror. Não seria um grande problema, mas é um humor um tanto rasteiro, tolo mesmo, quase coisa de pré-adolescente metido a engraçado. As mortes acidentais super-elaboradas fazem o filme mais parecer um episódio fraco da franquia Premonição do que algo original. 

O filme começa com o pai (Adam Scott) dos irmãos gêmeos Bil e Hal (Christian Convery) tentando devolver o demoníaco macaco de brinquedo à loja de penhores. Mas, depois de um acidente ali mesmo, ele tenta tacar fogo no animal. Corta para os filhos, que anos depois, fuçando nas coisas do pai que desapareceu, encontram o tal brinquedo de cordas, que, na verdade, funciona a seu próprio gosto. Toda vez que se dá corda no animal (ou ele mesmo se dá cordas sozinho), ele bate seu tambor e uma pessoa aleatória morre. 

As mortes são mais sanguinolentas do que no conto, e servem mais como subterfúgio humorístico mais do que de slasher mesmo. Uma excessiva voz em off de Hal adulto (agora os irmãos são interpretados por Theo James) narra tudo o que acontece, como se o filme não conseguisse se resolver nas imagens. Depois de uma grande perda, os meninos tentam de tudo para acabar com o brinquedo, cortam em pedaços, jogam no fundo de um poço, mas nada extermina o macaco.

Os anos se passam, os irmãos se afastaram, e agora, com a morte de uma tia, eles precisam se reunir novamente para ver o que farão com a casa onde ela morava. Hal trabalha num mercado e tem um filho adolescente, Petey (Colin O'Brien), que ele vê apenas uma vez por ano, e cujo padrasto (Elijah Wood, numa pequena participação e esforçando-se para ser cômico) quer adotar o garoto. 

O humor é estranho, como o padre fazendo comentários cômicos de mau gosto em funerais, e nem sempre funciona. Mas, em defesa de Perkins, pode-se dizer que ele desconhece limites – ao menos isso. James não é o tipo de ator com recursos para interpretar dois personagens, então um dos gêmeos é mais humano e outro mais caricato. Apenas Tatiana Maslany consegue extrair algo de sua personagem, a mãe dos meninos, que tem falas marcantes.  (Alysson Oliveira/CineWeb)

 

O Macaco (The Monkey). EUA, 2025. Gênero: Terror. Duração: 98 minutos. Classificação: 18 anos. Direção: Oz Perkins. Elenco: Tatiana Maslany , Theo James , Rohan Campbell. Cine Roxy, em Passos, 20h30 (dub)