Na pandemia, 14,2 mil empresas fecharam as portas em Minas

Em 2021, o Estado contava com 178.122 estabelecimentos, aponta o IBGE

Na pandemia, 14,2 mil empresas fecharam as portas em Minas
Em 2021, o Estado contava com 178.122 estabelecimentos, aponta o IBGE (Reprodução)

O setor de comércio de Minas Gerais perdeu 14.275 empresas, durante o auge da pandemia de Covid-19, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), divulgados na sexta-feira (4). Enquanto em 2019 havia 192.397 estabelecimentos comerciais em funcionamento, em 2021 o número ainda registrava 178.122 empresas, uma queda de 7,4%. Com relação a 2020, entretanto, há um crescimento de 1,77% (175.071).

De acordo com o Analista em Informações Estatísticas do IBGE em Minas Gerais, Daniel Dutra, muitas empresas fecharam durante o período da pandemia e tomar a decisão de reabri-las pode ser mais difícil. “A pesquisa só aborda números, não colhemos dados dos motivos do fechamento, o que a gente faz são conjunturas e a avaliação que temos é que para o empresário tomar a decisão de fechar uma unidade é mais fácil do que abrir. Então, a receita tende a responder mais rápido que ao crescimento do mercado”, analisou.

 

E é o que mostram os dados. Apesar da contração do número de lojas físicas, a receita bruta delas registrou um aumento de 41%, passando de R$ 417 bilhões (2019) para R$ 591 bilhões (2021), conforme dados do PAC. Entretanto, Dutra ressalta que os dados em valores monetários no estudo não são dessazonalizados. “Eles não são corrigidos. Então, como teve inflação, os valores são maiores também”, diz.

 

O número de pessoas empregadas no setor também cresceu e, diferente das casas comerciais, ultrapassou o período pré-pandemia. Enquanto no ano de 2019, 1.104.903 pessoas estavam empregadas de carteira assinada no comércio mineiro, em 2021, o número cresceu 1,74%, passando para 1.124.183. Os dados de 2021 também são maiores que os de 2020, quando 1.061.862 estavam registradas no comércio formal.

 

ATACADO X VAREJO

O comércio atacadista cresceu de 2019 para 2021 e superou o comércio varejista, de acordo com o estudo do IBGE. Enquanto o atacado era responsável pelo faturamento da ordem de R$ 181 bilhões (2019), em 2021 registrou um faturamento de R$ 281 bilhões, alta de 55%.

 

Já o varejista, que em 2019 era superior ao atacadista, registrou uma receita bruta de R$ 200 bilhões. Em 2021, somou R$ 267 bilhões de faturamento, uma alta de 33,5%, porém não o suficiente para se manter acima do comércio de atacado.

 

REPRESENTATIVIDADE NACIONAL

De acordo com o estudo, a atividade comercial na região Sudeste, em 2021, mostrou uma concentração significativa em São Paulo, que representou 60% do total na região. Em seguida, vem Minas Gerais (20,3%), Rio de Janeiro (13,0%) e Espírito Santo (6,7%).

 

Dessa forma, Minas se manteve como a segunda unidade da Federação mais importante, ocupando o segundo lugar e concentrando 9,8% da atividade comercial de todo País, de acordo com o estudo. “Minas perde apenas para São Paulo, que possui 29,1% das receitas comerciais. Na região Sudeste, é também o Estado que registrou o maior crescimento em 10 anos”, aponta Dutra.

 

PARTICIPAÇÃO DAS VENDAS PELA INTERNET AUMENTA

Outro dado que a PAC aborda, mas de forma nacional, são as formas de comercialização utilizadas pelas empresas, inclusive a opção de “comercialização pela internet” (que engloba sites, aplicativos, mídias sociais e aplicativos de mensagem instantânea). Nesse dado, apenas empresas que possuem 20 ou mais pessoas ocupadas, ou que possuem elevado nível de receita entram na análise.

 

Os dados mostram que houve um aumento no número de empresas do comércio varejista que praticam vendas pela internet. Esse grupo cresceu 44,8% de 2019 para 2020 e mais 13,5% de 2020 a 2021, sob influência do isolamento social durante a pandemia.

 

Nesse período, o comércio varejista de artigos culturais, recreativos e esportivos foi o segmento com a maior proporção de empresas que comercializavam seus produtos via internet: 11,9% em 2019, 17,1% em 2020 e 17,8% em 2021. E foi também o segmento com maior participação das vendas pela internet em sua receita bruta, que era de 22,4% em 2019 e chegou a 38,9% em 2021.

 

Analisando de modo geral, a participação da internet na receita bruta de revenda das empresas analisadas também aumentou. Em 2019, apenas 5,3% da receita do comércio era proveniente da internet, passando para 8,4% em 2020 e chegando a 9,2% em 2021.

 

No entanto, em dois segmentos do comércio, a participação da internet na receita bruta de revenda recuou, após a pandemia. No comércio varejista de tecidos, vestuário, calçados e armarinhos, essa participação era de 8,8% em 2019, subiu para 17,2% em 2020 e recuou para 14,8% em 2021. E no comércio varejista de artigos culturais, recreativos e esportivos, essa participação era de 9,0% em 2019, subiu para 14,8% em 2020 e caiu para 12,5% em 2021.