'Mussum - O filmis' diverte e emociona ao contar a história do trapalhão
Primeiro filme de Silvio Guindane como diretor foi grande vencedor do Festival de Gramado com seis Kikitos
Nesta quinta-feira o catálogo do Telecine — disponível no Globoplay, no Prime Video Channels e nas plataformas de streaming das operadoras — ganha um destaque nacional: 'Mussum, o Filmis', sobre a vida de um dos maiores ídolos da TV brasileira. No sábado (dia 10), o filme faz a sua estreia na TV no Telecine Premium, às 22h. Protagonizado por Ailton Graça, o longa leva para as telas a trajetória de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum. Longa de estreia de Silvio Guindane como diretor, conta com as participações de Cacau Protásio, Flávio Bauraqui e Mussunzinho — filho de Mussum.
Da atual onda de cinebiografias dos últimos anos, "Mussum - O filmis" se revela como uma das melhores. Mas compensa isso com um ótimo trabalho de todos no projeto: a equipe busca entender e reverenciar o homem por trás do popular cantor e humorista, sem parecer apelativo ou "chapa branca".
Inspirado no livro no livro "Mussum – uma história de Humor e Samba”, de Juliano Barreto, o roteiro é dividido em três etapas. A primeira mostra a infância pobre de Antonio Carlos Bernardes Gomes, quando ainda era Carlinhos (vivido por Thawan Lucas Bandeira) e vivia com sua mãe, Dona Malvina (Cacau Protásio). Ainda criança, ele já mostrava aptidão para a música (embora quisesse ser jogador de futebol), apesar da desaprovação da mãe.
A segunda parte mostra Carlinhos já adulto (Yuri Marçal), seguindo carreira na Aeronáutica, ao mesmo tempo em que começava a tocar na noite com o grupo Os Originais do Samba, escondido dos familiares. É nessa época que ele conhece sua primeira esposa, Nely (Jeniffer Dias) e começa a construir sua própria família.
Na terceira fase, agora Carlinhos (Ailton Graça) ganha destaque com suas participações na TV. Em uma dessas atuações, conhece Grande Otelo (Nando Cunha) e ele acaba lhe dando o apelido que o tornaria conhecido no Brasil inteiro: Mussum.
O filme mostra como ele chamou a atenção de outros humoristas, como Chico Anysio (Vanderlei Bernardino), que o convida para participar da "Escolinha do Professor Raimundo", na década de 1970. Mais tarde, Renato Aragão (Gero Camilo) o contrata para fazer parte dos Trapalhões, que ainda incluiria Dedé Santana (Felipe Rocha) e Mauro Gonçalves (Gustavo Nader).
Com o programa humorístico, a carreira de Mussum decola de vez e ele fica mais envolvido com a TV e o cinema, mesmo querendo manter a parceria com os Originais do Samba. Na trama do filme, isso o leva a ter conflitos com várias pessoas, incluindo um dos integrantes do grupo, Bigode (Angelo Fernandes/Édio Nunes). O sucesso o leva ainda a se aproximar ainda mais com sua escola de samba do coração, a Mangueira.
Diversão nada atrapalhada
O maior acerto de "Mussum - O filmis" é o elenco, em especial a acertadíssima escolha de Ailton Graça para viver o primeiro protagonista de sua carreira. O ator, que já tinha feito bons trabalhos em filmes como "Carandiru", talvez entregue aqui sua melhor atuação. Em alguns momentos, ele praticamente "incorpora" o cantor e humorista de um jeito que não dá para distinguir quem é quem.
Graça se mostra um craque para fazer as pessoas rirem. Ele vai bem melhor do que em outras comédias das quais participou. Dessa forma, honra a memória e o legado que o verdadeiro Mussum deixou após a sua morte, em 1994, durante uma cirurgia de transplante. Sem uma performance tão boa, provavelmente "Mussum - o filmis" perderia parte do impacto.
Além do protagonista, o elenco conta com ótimas atuações de Cacau Protásio e Neusa Borges, vivendo a mãe de Mussum em fases diferentes. Protásio mostra que pode fazer boas cenas dramáticas e não só cômicas. Borges repete a boa parceria que teve com Ailton Graça na novela "América" (2005), quando também viveram mãe e filho. O trabalho dos dois foi lembrado em Gramado, quando ganharam os Kikitos de Melhor Ator e Melhor Atriz coadjuvante.
Além desses prêmios, "Mussum - o Filmis" levou as estatuetas de Melhor Filme pelo Júri Oficial, Melhor Filme pelo Júri Popular, Melhor Ator Codajuvante (Yuri Marçal) e Melhor Trilha Musical. Todos são justos. O filme é bem-sucedido em manter viva a memória do saudoso Trapalhão para quem já o conhece e faz uma boa apresentação do comediante para um novo público. Uma tarefa que apenas boas cinebiografias conseguem cumprir.
Assista ao trailer de 'Mussum - O filmis'