Motoclube descarta a realização do Passos Motorcycles neste ano

Hotéis e empresários do setor imobiliário terão que devolver dinheiro das reservas que já foram contratadas

Motoclube descarta a realização do Passos Motorcycles neste ano
Prejuízo estimado principalmente para bares, hotéis, restaurantes e setor imobiliário é de cerca de R$ 20 milhões (Reprodução)

O presidente do Moto Clube Esquadrão MG, Omitamar “Ganso” e o diretor e sócio fundador do clube, Francisco Baltazar, o “Chiquinho”, confirmaram ontem que, por falta de apoio da administração municipal, não será realizado neste ano a 14ª Edição do Passos Motorcycles. A decisão teve grande repercussão na sessão de ontem da Câmara de Passos.

Segundo Ganso, a manifestação do desinteresse da Prefeitura de Passos pegou todos de supresa. “Ficamos surpresos ao receber um ofício da prefeitura, que diz que o evento não vislumbra interesse público recíproco direto, como fomento do turismo e economia e cultura. Sinceramente acreditamos que alguma coisa dentro da prefeitura desviou-se para enviarem essa correspondência para nós. Não tem cabimento, dada a história do evento, as entidades beneficiadas, o dinheiro que circula na cidade e motociclistas do Brasil inteiro e de fora do país que para Passos vêm se divertir e gastar”, afirmou.

Segundo o presidente, o evento movimenta a cidade como um todo, todos os setores são afetados de forma positiva com a realização do Passos Motorcycles. Chiquinho ainda lembrou do tamanho do evento e da repercussão com o nome da cidade. “Hoje somos somente menores que os eventos de Brasília e Barretos, e mesmo assim, devemos frisar que não somos o maior do Brasil pela falta de espaço, o nosso Parque de Eventos, é muito bem estruturado, diga-se de passagem, mas não permite que recebamos mais do que as cerca de 11.000 motos durante os dias”.

Questionados sobre o fato de que um evento que cobra bilheteria não deveria ter um aporte do poder público, os dois foram enfáticos em lembrar que o custo total do evento gira em torno de R$ 1,8 milhão de reais, recursos estes que retornaram para a cidade porque tudo é contratado de fornecedores da cidade, como a mão de obra, estrutura, publicidade, hotéis esgotados, pessoas que se retiram de casa para alugá-las, empregos temporários. “A economia como um todo é movimentada e se a prefeitura apoia com os R$ 400 mil, recurso esse de uma emenda no orçamento feita pelos vereadores Plínio Andrade e Alex Bueno, e aprovada por todos os Edis da Câmara Municipal, ainda assim, os outros 1,4 milhão de reais devem ser buscados para que, como em todas as edições, ninguém trabalhe e fique sem receber”, afirmam os dirigentes.

Eles lembram que o evento ainda realiza um trabalho social com a arrecadação de alimentos que no término são destinados à entidades da cidade de Passos que tanta dificuldade passam.  “Arrecadamos alimentos para entidades, doamos duas motos 0Km para o Hospital do Câncer, já rifamos uma moto 0km onde toda renda foi revertida a entidades de Passos. Todo o Guarda Volume do evento tem a renda destinada a entidade Sagrada Família e isso tudo para a cidade que amamos, e aqui queremos realizar nosso evento, mas como conseguimos colocar milhões de reais circulando em Passos e gerando outros tantos em impostos, nada mais justo do que o apoio do órgão que é um dos mais beneficiados com impostos que todos irão pagar, a Prefeitura”, explicam.

Os dirigentes informaram ainda que já receberam propostas para realizar o evento em cidades vizinhas e até mesmo no estado de São Paulo, mas não pensaram nisso: “O evento é de Passos e sempre será realizado aqui”, disse Ganso.

Para eles, ainda que a prefeitura venha a rever sua decisão, esse ano de 2023 não terá o evento por conta de tempo para se preparar tudo. “Esperamos que para o ano que vem a prefeitura possa ser mais ágil e refletir sobre os mais de R$ 20 milhões que a economia do município perdeu neste ano”, concluíram.

 

NA CÂMARA

O cancelamento do evento teve repercussão na sessão desta segunda-feira da Câmara de Passos, especialmente entre os vereadores ligados ao deputado estadual Cássio Soares – um antigo incentivador desse evento na cidade. O primeiro a tratar do assunto foi o vereador Alex Bueno, que manifestou sua preocupação com o cancelamento do encontro que em 13 anos foi realizado com a ajuda da Prefeitura. Ele defendeu a participação do poder público nessa parceria que é importante para o município.

Ele foi aparteado por Plinio Andrade, que também defendeu a realização do evento: “Não podemos nem sonhar em perder esse evento”, disse.

Ainda sobre o tema, o vereador Alex Bueno questionou a justificativa da Secretaria de Indústria e Comércio e Turismo, que ao negar a ajuda argumentou  que “não vislumbra interesse público recíproco direto, como fomento do turismo, economia e cultura” no evento.

Também ao defender a realização do Passos Motorcycles, o vereador Luis Carlos Dentinho afirmou que o evento é importante, que traz benefícios para todos os setores da economia. “De bares a hotéis, todos aguardam o retorno desse evento”, disse.

E o simples anúncio da possibilidade de cancelamento do evento, no último final de semana, já causou um grande estrago econômico para alguns empresários do setor imobiliário. Um deles, por exemplo, já tinha recebido parte do aluguel de 20 imóveis na cidade contratados para o evento.

Ao responder as críticas na sessão da Câmara, o líder do prefeito Maurício Silva disse que vai se reunir com o executivo para encontrar a legalidade no projeto para auxiliar a realização do Passos Motorcycles.