Minissérie sobre tragédia na Boate Kiss estreia na Netflix
A obra tem direção geral de Júlia Rezende e é dividida em cinco capítulos, revelando os bastidores do acidente
A minissérie “Todo Dia a Mesma Noite”, inspirada no livro homônimo da jornalista Daniela Arbex e retrata o incêndio de 2013 da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), onde 242 pessoas morreram, chega à plataforma no dia 25 de janeiro, quase exatamente dez anos após o ocorrido. Na época, estudantes de diversos cursos da Universidade Federal de Santa Maria estavam reunidos no local para a festa e, durante o show da banda Gurizada Fandangueira, foi utilizado um instrumento pirotécnico que provocou a queima da espuma que revestia o estabelecimento.
Ao ser queimada, a espuma liberou uma fumaça tóxica que levou à morte 242 pessoas e deixou mais de 600 feridos.
A obra tem direção geral de Júlia Rezende e é dividida em cinco capítulos, revelando os bastidores do acidente. A história também retrata da investigação policial sobre as circunstâncias que levaram ao incêndio até o início da luta por justiça travada pelas famílias das vítimas. O elenco tem nomes como Debora Lamm, Thelmo Fernandes e Paulo Gorgulho. Já Daniela Arbex participou como consultora criativa da obra.
Todos os atores e atrizes buscaram conhecer afundo os detalhes do incêndio na boate Kiss e, principalmente, os bastidores do episódio, como os detalhes sobre o que podia ter sido feito para que a tragédia fosse evitada e a luta das famílias por justiça, bem como sua indignação.
"Foi desafiador entender como uma mulher comum, que estava vivendo sua vida normalmente, foi catapultada para um lugar onde ela era obrigada a se posicionar. Para além da dor coletiva, cada uma dessas pessoas se viu diante de uma luta. Ela podia se engajar ou não – o que seria compreensível também. De alguma maneira, essas personagens foram enredadas por uma grande luta, uma luta muito importante. É fascinante ver essa transformação, de pessoas comuns que, de repente, têm no colo uma espécie de missão. Isso é muito forte para cada um dos personagens. O ponto é: eles não eram militantes, pessoas naturalmente engajadas. Mas se viram nesse lugar, foi um chamado da vida", analisou a atriz Bianca Byington, que interpreta uma das mães que perderam seus filhos na ocasião.
"E são pessoas que vão sofrendo dissabores atrás de dissabores por causa disso tudo que aconteceu. Pessoas simples, que não eram engajadas, e de repente vem a justiça e as coloca nesse lugar que assusta. Isso não pode ser esquecido, varrido para baixo do tapete. Não cabe a nós o julgamento, ou falar quem pode ou não sair impune. Mas o risco de acontecer de novo é evidente, e por isso é tão relevante contar essa história", enfatizou o ator Paulo Gorgulho, que faz o pai do jovem Marco, também vítima da tragédia.
No papel da mãe de Marco e esposa do personagem de Gorgulho, a atriz Raquel Karro contou que seu trabalho passou por interpretar uma mulher que sente uma dor dilacerante, mas que sabe que precisa continuar. "Ela é vaidosa, o filho admirava que a mãe se arrumava. E ela mantém isso, segue se arrumando. Era importante preservar alguma coisa daquilo", explicou. "Quando li o roteiro, fui entendendo como era importante que a história dessas pessoas fosse contada. A série destaca a força de quem luta, mas também precisamos respeitar aqueles que não tiveram força pra lutar", completou.
Assista ao trailer: