Mergulhador profissional se diz ignorado pela Marinha em Furnas

Procurado por parentes do aposentado, mergulhador informou que não teve autorização para participar das buscas

Mergulhador profissional se diz ignorado pela Marinha em Furnas
Basílio tem mais de 40 anos de experiência em mergulhos em elevada profundidade (Álbum pessoal)

Um mergulhador profissional e morador em São José da Barra, a poucos quilômetros do Porto de Guapé, ciente das dificuldades encontradas pelas equipes do corpo de bombeiros de Passos e Belo Horizonte nas buscas, há cinco dias pelo corpo do aposentado José Eugênio da Silva, lamentou não ser autorizado pela Delegacia da Marinha do Brasil em Furnas para auxiliar no trabalho. Disse ainda que foi procurado por familiares da vítima, porém teve que recusar o pedido.

Marco Aurélio Basílio, de 57 anos, se diz revoltado o representantes da Marinha local, porque exigem documentos para que ele exerça a profissão. "Uma pessoa de lá me disse que não estou habilitado para o mergulho no Porto de Guapé. Aqui só há eu e mais um. Tenho todos os certificados de capacitação. Isso é falta de conhecimento sobre o assunto. Se os mergulhadores não localizarem o corpo do senhor Eugênio, depois vou lá e encontro, porque fui impedido de ajudar nas buscas, mesmo com os familiares virem me pedir", contou o mergulhador. Em contato com a Marinha em Furnas sobre as declarações do profissional, o repórter ficou sem resposta.

Na entrevista concedida ao site Observo, Basílio afirmou que é meramente possível realizar os mergulhos de busca e recuperação do veículo e do corpo de José Eugênio, obviamente utilizando as misturas gasosas equivalentes à profundidade estimada e com uma referência mínima. "O tempo de fundo do mergulhador para que seja estendido, depende da mistura correta e gases redundantes para uma descompressão segura e precisa, devendo usar a mistura bastante comum entre mergulhadores técnicos, que é o Trimix, utilizando o gás Hélio, bastante utilizado nos mergulhos profundos em plataformas, com os diluentes Nitrogênio e Oxigênio", explicou.

"Julgo que uma boa varredura circular no possível local onde estejam o veículo e o corpo da vítima é bastante eficaz, já que dá para fechar uma circunferência de 360 graus. Pode-se realizar um deslocamento a cada ciclo fechado. Lembrando que o tempo de fundo para cada dupla de mergulhadores fica reduzido de acordo com a mistura empregada de gases É uma ação de fato, que precisa do excelente planejamento, seguido de profissionais experientes e um apoio de superfície com conhecimento para casos de emergência, sem citar outras importantes demandas para um mergulho dessa magnitude", avaliou Basílio.

Para completar sobre as possíveis ações no caso em questão, o profissional deixou claro sobre os mergulhos que, de fato, exigem experiência uma boa aquacidade dos mergulhadores em locais relativamente profundos e com baixa visibilidade, já que essas condições deixam eles sem atitude em razão de algumas limitações nas profundezas da represa. "Deixo bem claro que nas ações lá no porto devem ser utilizadas medidas técnicas por causa da profundidade. Do contrário, a pessoa pode ser acometida de uma narcose que reduz a condição de raciocínio lógico e a perda de senso de julgamento, dentre outras mazelas, e podendo correr sério risco de afogamento", esclareceu.

Profissional das profundezas de rios, represa e mar denominado de comercial, Basílio atua na área de mergulho Offshor desde 1986, formado pelo curso de mergulhador na extinta empresa Stap Marítima, também a Professional Association of Diving Instructors (Padi) e possui diversas outras formações que o capacitou ao longo dos anos de experiência, a executar mais de dez mil mergulhos devidamente autorizados. Apenas abaixo de 100 metros, já são mais de 300 ações