Manifestantes passenses que foram para Brasília não constam das listas de detidos

Ônibus que levou manifestantes da região para Brasília voltou vazio e foi detido em Uberlândia

Manifestantes passenses que foram para Brasília não constam das listas de detidos
Passense mostra em redes sociais a situação do ginásio e reclama da marmita servida aos detidos (Reprodução)

Nenhum integrante do grupo de 27 que deixou a cidade sábado, dia 7, rumo à Brasília e participou da manifestação do domingo oficialmente divulgou qualquer informação sobre seu paradeiro. Na tarde desta terça-feira, dia 10, a reportagem tomou conhecimento que o ônibus que levava todos à capital do país retornou vazio no domingo, mas foi apreendido em Uberlândia, e encontra-se no pátio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) daquela cidade.

Circulavam ontem algumas postagens de uma suposta manifestante passense em que ela mostra o grupo de detidos no local identificado por ela como sendo o ginásio da Academia Nacional da Polícia Federal. Ela mostra a marmita que foi servida, reclama da qualidade e informa que só recebe água e a marmita – “que nem os meus cachorros comem isso” –, sem direito a café. 

INFORMAÇÕES

A Polícia Federal não informou até a noite de terça-feira (10) o número exato de pessoas que foram detidas e presas pela corporação após os atos de 8 de Janeiro, na praça dos Três Poderes, em Brasília. Até as 19h30 de terça, a PF pontuou que “mais de 1.500” pessoas foram conduzidas para a Academia Nacional de Polícia.

De acordo com o portal Poder360, a corporação diz que as pessoas que ainda estavam detidos no ginásio da Academia da Polícia Federal seriam encaminhada para um anfiteatro, no mesmo complexo. Ainda não assim, não forneceu o número exato de todos os que estão reunidos nos redutos.

Até a última atualização, 727 foram presas e 599 foram liberadas “por questões humanitárias” —“pessoas com problemas de saúde, em situação de rua e pais/mães acompanhados de crianças”—.

ÔNIBUS

Por sua vez, a empresa proprietária do ônibus, a Vale Way Service, de São Sebastião do Paraíso, através de uma nota oficial, declarou que repudia todo e qualquer ato de violência, de invasão e depredação de órgão públicos e privados.

“Diante dos fatos narrados na imprensa acerca da presença de veículo da Vale Way na cidade de Brasilia/DF neste domingo (08/01/2023), informamos que trata-se de veículo fretado por particulares devidamente contratados de forma legal, com lista de passageiros, emissão de nota fiscal e comprovante de pagamento pelo contratante, e que jamais compactuou, incentivou e/ou financiou qualquer ato de agressão à democracia Ressalta-se ainda que já estamos atuando no sentido de colaborar com as autoridades competentes e reafirmamos o respeito integral ao Estado Democrático de Direito e aos órgãos dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário de nossa Nação”, diz a nota.

 

ENGENHEIRA

A engenheira passense Eunice Maia, que aparece nas fotos dos manifestantes publicadas nas redes sociais, esclareceu que não foi para Brasília. “Eu fui no local do embarque para me despedir do pessoal que são patriotas e manifestaram no Tiro de Guerra de Passos. Domingo participei da missa das 7h na igreja improvisada no Centro de Catequese (a matriz está sendo reformada) de São Benedito”, afirmou.

“Durante os 60 e poucos dias de acampamento em frente ao Tiro de Guerra em Passos, estive lá por várias vezes, mas em Brasília fui apenas no dia 7 de setembro do ano passado. Sempre tirei fotos com as turmas que também já foram na capital do país em outras oportunidades. Só participei nas manifestações em Passos com as presenças de pessoas do agronegócio, médicos, dentistas, engenheiros e empresários de diversos setores. Líamos a bíblia, fazíamos reflexões, cantávamos hinos de igrejas, exército, da bandeira e todos relacionados à nossa pátria. Somos chamados de patriotas e não manifestantes”, completou.

Nesta terça-feira Eunice contou que após a invasão nos prédios públicos de Brasília, as pessoas que foram de ônibus, algumas de cidades vizinhas, se dispersaram, mas cada uma para lugares diferentes. “Posso te garantir que todos de Passos estão bem e apenas um foi detido, o que mora em Alpinópolis. Devido à repercussão negativa dos fatos, consegui falar apenas com parentes de dois ou três, mas por enquanto não estão juntos com seus familiares”, relatou.