Mais de 80% não escolheram nem sabem em quem votar para deputado
Pesquisa revela também que uma pequena minoria (15%) lembra em quem votou no último pleito
A menos de três meses das eleições do dia 2 outubro próximo, cerca de 85% do eleitorado brasileiro ainda não escolheram e não sabem em quem votar para deputado federal. Seis por cento dizem saber e outros 9% pretendem deixar de votar (soma de nulo, branco e abstenção).
Os dados são da pesquisa do instituto mineiro Quaest, contratada pela organização política RenovaBR, que se apresenta como escola de educação política. De acordo com a autodefinição em seu site, prepara pessoas comuns de diferentes origens e ideologias para renovar a democracia brasileira.
A falta de convicção do eleitor para esse cargo público repete e reflete, além do desinteresse, o índice de reprovação ao trabalho do Congresso Nacional, medido em mais de 60%. Para senador, o índice de reprovação chega a 63%; o dado é maior para deputado federal, chegando a 66%. No conjunto da obra, políticos em geral são reprovados por 73%.
Tudo somado, 86% apoiam alta renovação do Congresso Nacional: “seria uma coisa boa para o país”. A voz do povo é a voz de Deus, mas o eleitor está ignorando a própria responsabilidade, porque vota sem convicção e sem critério para os cargos do Legislativo. Tanto é que a mesma pesquisa diz que 66% não se lembram em quem votou na última eleição.
O deputado tem culpa nisso, é claro, mas o eleitor não se mexe para buscar a melhor solução para o país, que, em última análise, seria para ele mesmo. Por outro lado, o eleitor está considerando como fator de escolha a identidade do candidato com a sua região. Ou seja, 50% querem votar em um candidato que seja conhecido e se identifique com os problemas de onde vive. Outros 44% preferem “alguém que defenda propostas que eu aprovo”.
MAIORIA NÃO SE LEMBRA EM QUEM VOTOU NA ÚLTIMA ELEIÇÃO
Disseram que o perfil mais importante de um parlamentar (deputado federal, estadual e senador) é ser honesto, “cumprir o que prometeu”, que “conheça de política” e que seja “preparado”. São impressões subjetivas e de subjetiva medição. Consideram também importante ser debatida a educação, para 38%; outros 29% acreditam que é a saúde e 28%, economia.
Apesar de tanto desinteresse pela política e políticos, 47% confessaram que decidem o voto para deputado um mês antes da eleição. Outros 36% disseram que fazem a escolha na última semana e 12%, nos 15 dias antes da eleição.
Nessa soma de índices bipolares, 71% se dizem insatisfeitos com a democracia; 26% afirmam estar satisfeitos e 3% não souberam dizer.
Para a grande maioria, 68%, a democracia brasileira está instável e não atende aos interesses principais da nossa população. A necessidade de renovação do Congresso também apareceu entre as respostas. Para 86% dos brasileiros uma alta renovação do Congresso seria uma coisa boa para o país.
Um dos problemas apontados é a falta de memória do eleitor, quem não se lembra em quem votou nos últimas eleições, apenas 15% souberam responder quem foram seus candidatos para Câmara e Senado. Segundo Felipe Nunes, um dos responsáveis pelo levantamento, “nosso sistema eleitoral proporcional de lista aberta gera incentivos para que o eleitor não dedique muita atenção para o voto de deputado. Geralmente, é o último a ser decidido e muito influenciado por amigos e familiares. Não é um voto de convicção, geralmente.”