Nesta sexta, 13 de outubro, estreia no Canal Brasil “João Sem Deus - A Queda de Abadiânia”. Dirigida por Marina Person, é a primeira série de coprodução internacional independente entre Brasil e Portugal, de Canal Brasil, Ventre Studio, Coral Europa e TVI. Em três episódios de 50 minutos que serão exibidos em três dias consecutivos (sexta, sábado e domingo, sempre às 21h50), “João Sem Deus - A Queda de Abadiânia” acompanha, pela perspectiva feminina, o escândalo que desmascarou o médium a partir de denúncias da imprensa, até sua prisão.
A produção teve sua première mundial no dia 5 de outubro no IberSeries & Platino Indústria, um dos maiores encontros da indústria audiovisual ibero-americana, e a pré-estreia nacional foi no Festival do Rio na última segunda, dia 9, com presença do elenco: o ator Marco Nanini, que interpreta João de Deus, além de Bianca Comparato, Karine Teles, Maria Clara Strambi e Antonio Saboia. Também estão na série as atrizes portuguesas Ana Sofia Martins e Dalila Carmo.
A série é inspirada em eventos reais e conta a história de duas irmãs que chegaram a Abadiânia - onde o médium atendia - 17 anos antes da prisão de João de Deus. Uma delas sai do país após ser atendida e sofrer abusos, enquanto a outra decide permanecer lá e se torna uma fiel funcionária do médium, afirmando que vivenciou o milagre da cura da irmã. A trama se desenrola durante o reencontro das duas irmãs.
“As três protagonistas representam as mulheres reais que começaram o escândalo: Carmem representa a fé nos poderes de cura de João de Deus, Cecília representa as vítimas de abuso e Ariane (filha da Carmem) faz o papel de uma menina que só percebe que foi abusada após a fala de outras mulheres”, explica a diretora Marina Person.
Nanini é o antagonista da trama: “O convite para participar de ‘João Sem Deus’ me fez mergulhar na história que inspira a série, que conta com um roteiro excelente, uma diretora muito talentosa e um grupo de atores que admiro”, diz o ator.
A atriz Karine Teles interpreta Cecília, a irmã que sofre abuso sexual: “Precisamos falar sobre abuso de poder, mentiras e ganância, mais do que nunca. Essa história é próxima da gente aqui no Brasil, mas é tristemente universal. Aceitei participar desse projeto delicado e difícil porque acredito no poder restaurador da arte. Espero que chegue nas pessoas e provoque reflexões em cada um de nós”.
Já Bianca Comparato vive a protagonista Carmem, a irmã que acredita nos poderes do médium: “O que me atraiu nesse projeto foi a abordagem para contar a história da queda de João de Deus, mas pela perspectiva feminina. Até o começo da série, a minha personagem, Carmem, está cega em relação aos relatos de abusos, mas, aos poucos, vai entendendo o monstro que está ao seu lado. Ela chega a se perguntar a quem ela foi devota por todo esse tempo, a Deus ou ao diabo? É sobre essa dúvida de Carmem e sua dificuldade de aceitar que ela não ajudou mulheres abusadas”.
A produção de “João Sem Deus - A Queda de Abadiânia” tem a predominância feminina na equipe, principalmente nas posições de liderança, nas quais as decisões criativas e executivas são tomadas por mulheres. O projeto teve acompanhamento da Bem Querer Mulher, iniciativa de acolhimento integral a mulheres que sofrem violência no Brasil, para a leitura sensível dos roteiros e apoio presencial no set durante as filmagens das cenas mais delicadas.
“Sou sobrevivente de abuso sexual, então esse tema me toca muito. Tivemos um cuidado e sensibilidade enormes na sala de roteiro por se tratar de vidas reais dessas mulheres, traumas que ainda não cicatrizaram para elas. Um desafio grande foi ter empatia com as mulheres que estavam ao lado do João, trabalhando dentro da Casa. Mas sempre acreditamos que o ponto de vista delas merecia ser contado e honrado. Elas também foram vítimas em muitos níveis”, pontua Patricia Corso, roteirista e cocriadora da série.
“A trama nunca é contada sob o ponto de vista do abusador, mas das sobreviventes que enfrentaram a rede de proteção e o silenciamento que permitiu que esses abusos continuassem por tanto tempo. É uma história, infelizmente, ainda muito relevante no Brasil – tanto pela perigosa associação entre fé e política, quanto pela cada vez mais frequente utilização de discursos morais e religiosos para acobertar estupros, misoginia, usurpação financeira e exploração sexual", afirma Leo Moreira, roteirista e cocriador da série.
“João Sem Deus - A Queda de Abadiânia” foi gravada em Portugal e no Brasil e o set teve apoio da ONG Cinema Verde. Essa é uma iniciativa que visa reduzir o impacto ambiental causado pelas produções audiovisuais. As vendas internacionais são lideradas pela Onza Distribution e começaram em outubro, na MIPCOM.
|