Guardiões da Galáxia, no Roxy, é espetacular, espirituoso e engraçado
Terceira fase da saga é um fechamento adequado para essa trajetória que tornou mundialmente conhecidos seus personagens
Desde o seu começo, com a versão mais triste de Creep, do Radiohead, Guardiões da Galáxia Vol. 3 se estabelece como um réquiem. Esse é um filme de despedida, um encerramento bastante sincero e emotivo de uma trilogia com altos e baixos, mas sempre repleta de energia. Dirigido novamente por James Gunn, depois de ser demitido e reintegrado à produção, o longa mantém a mesma irregularidade dos anteriores, mas consegue ser mais bem resolvido do que o segundo filme, de 2017.
Se no primeiro a questão eram os mommy issues, e no segundo os daddy issues de Peter Quill (Chris Pratt), aqui são raccoon issues do guaxinim Rocket (dublado por Bradley Cooper), cujas origens foram sempre obscuras. Após um ataque inesperado ao QG dos guardiões, o animal antropomórfico é atingido e fica entre a vida e a morte. Seus amigos descobrem que ele é um experimento tecnológico, e um cientista maluco (para variar) fez experiências nele. Para salvar sua vida agora, basicamente, é necessária um senha para poder acessar os órgãos internos.
A narrativa do filme escrito por Gunn, Dan Abnett e Andy Lanning é, então, os Guardiões tentando acessar a nave desse cientista, o Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji), para conseguir essa senha. Por mais que haja ação e humor, nada disso justifica os 149 minutos do longa, que encontra nessa duração excessiva seu maior problema.
Os personagens, assim como o filme, tornam-se mais soturnos. O próprio Quill passa por um processo de luto desde a “morte” de Gamora (Zoë Saldaña), que, ressurge numa outra versão ligada a Thanos, e não se lembra nada de seu passado como Guardiã – especialmente de seu romance com Quill, o que o deixa ainda mais frustrado -, mas ainda mantém as disputas com sua irmã azul, Nebulosa (Karen Gillan), que continua durona e fazendo parte do grupo. Já Drax (Dave Bautista) e Mantis (Pom Klementieff) continuam sua relação marcada pela falta de noção e ingenuidade, enquanto a “árvore” Groot (dublado por Vin Diesel) faz o que pode para salvar Rocket, que, entre a vida e a morte, relembra toda sua origem, até poder resolver seus problemas de identidade – se é ou não um guaxinim, algo que ele nega.
Novos personagens surgem em cena, como, Adam Warlock (Will Pouter), outra figura confusa, repleta de problemas de identidade e insegurança, apesar da força descomunal. O Alto Evolucionário, que faz experimentos com animais, procura criar uma sociedade perfeita e, enquanto não atinge isso, vai eliminando seres e planetas que ele mesmo criou, mas não alcançam o nível evolutivo que ele almeja.
Gunn mantém o colorido de algodão doce iluminado por neon, algo lúdico e, ao mesmo tempo, kitsch, mantendo a coerência da série, assim como a trilha sonora marcada por pelo pop dos anos 70 e 80 de bandas como Heart, Alice Cooper, Flaming Lips, e Earth, Wind and Fire – mas também algo bem mais contemporâneo numa cena climática.
Como um filme de conclusão da trilogia, Guardiões da Galáxia Vol.3 funciona bem. É o perfeito canto do cisne para a série, dando, por exemplo, a Drax e Mantis o destaque que sempre mereceram e nunca tiveram. Bautista rouba a cena como o grandalhão ingênuo, pouco inteligente, mas de coração gigante. Enquanto Pratt, por sua vez, parece entediado o tempo todo e doido para se livrar do personagem de uma vez por todas. Talvez tenha conseguido – até que um novo reboot da série surja daqui a alguns anos. (Alysson Oliveira, do CineWeb).
GUARDIÕES DA GALÁXIA VOL. 3 (Guardians of the Galaxy Vol. 3) EUA, 2023. Gênero: Ação, Fantasia. Duração: 150 min. Classificação: 16 anos. Direção: James Gunn. Elenco: Chris Pratt, Dave Bautista, Karen Gillan, Will Poulter, Zoë Saldana. Cine Roxy, em Passos, 18h00 e 21h00.
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