Filme de Silvio Santos mostra lado pouco visto do apresentador

Em agosto de 2001 um sequestrador invade a casa da família e toma Silvio Santos como refém. Enquanto está sob a mira do rapaz, o comunicador e empresário relembra sua trajetória

Filme de Silvio Santos mostra lado pouco visto do apresentador
A cinebiografia, estrelada por Rodrigo Faro, chega ao cine Roxy nesta quinta feira (Gabrielle Torquato)

Silvio, dirigido por Marcelo Antunez, é um filme com uma crise de identidade. É uma cinebiografia? É um longa policial? Um drama familiar? Novela mexicana? Episódio do Chaves? Propaganda do Programa Silvio Santos? Parece tudo isso e, por esse motivo, acaba não sendo nada.

O protagonista é o comunicador e empresário Silvo Santos (Rodrigo Faro), nascido Senor Abravanel, e o roteiro, assinado por Anderson Almeida (com o crédito de mais seis colaboradores), tem como linha um dia na vida do personagem, quando, em agosto de 2001, foi tomado como refém em sua própria casa, por um homem que já havia, no dia anterior, sequestrado sua filha. 

O longa começa com a famosa entrevista de Patrícia Abravanel (Polliana Aleixo), uma espécie de Patty Hearst à brasileira, na sacada de sua casa, pouco depois de ser libertada após o pagamento do resgate. Ao lado do pai, ela conta que se tornou amiga dos sequestradores e até orou com eles. Depois disso, entra em cena Fernando (Johnnas Oliva), um dos sequestradores, escondido num hotel, ficando alucinado com o dinheiro do resgate. Quando ele sofre uma emboscada, mata alguns policiais, acaba fugindo e indo para a casa da família Abravanel, onde faz a família de refém.

Na cozinha de casa, Silvio Santos convence Fernando a libertar as filhas e a mulher, Iris (Adriana Londoño).  A partir daí, ele estabelece laços com Fernando, a quem conta sua história. Ao mesmo tempo, o filme acompanha a movimentação policial no quintal e nos outros cômodos, o desespero da família se instala na casa vizinha e até o governador (Luciano Bortoluzzi) é acionado. 

A história de Silvio Santos começa com sua infância no Rio, onde era camelô. Depois, conseguiu emprego numa rádio e, desde então, nunca mais deixou de ser comunicador. O drama familiar envolve as filhas do primeiro casamento, Cintia (Ana Paula Lopez) e Silvia (Míriam Braga), com quem tem pouco contato e se sente culpado por ter sido ausente. 

Outros dois atores interpretam o personagem, Fellipe Castro na infância, e Vinícius Ricci, na juventude e começo de carreira. Por algum motivo, os três atores que interpretam o protagonista não são parecidos entre si, e nenhum deles lembra vagamente Silvio Santos. Faro opta pelo pior caminho, o da cópia. Sua atuação é esquisita, pois a figura real era dotada de marcas registradas que sempre se tornam caricatas, o que é piorado com a peruca e a maquiagem pesada e grosseira, que mais parece amadora. 

Em sua montagem, o filme oferece o que de pior o cinema pode oferecer, como tiques e tiltes que fazem a imagem pular. Talvez seja uma propaganda subliminar da Jequiti. De qualquer forma, Silvio é um filme raso, que não joga luz numa figura tão complexa como Silvio Santos. Sua relação com a ditadura, por exemplo, que lhe concedeu a concessão do canal de televisão no começo dos anos de 1980, é apenas esboçada. No fundo, o longa é apenas uma hagiografia que deve agradar aos fãs do empresário, que morreu no mês passado – fato, que sem dúvida, deve aumentar o interesse pelo longa. (Alysson Oliveira, CineWeb)

 

Silvio (Silvio). Brasil, 2024. Gênero: Drama , Biografia. Classificação: 14 anos. Direção: Marcelo Antunez. Elenco: Rodrigo Faro , Polliana Aleixo , Johnnas Oliva , Paulo Gorgulho. Cine Roxy, em Passos, 16h30 e 19h00

 

Veja o trailer: