Filhos assumem marmitaria fundada há mais de 50 anos

Uma modesta marmitaria em Passos, fundada há mais de 50 anos por uma dona de casa para aumentar a renda familiar, hoje é administrada por três dos quatro filhos. Um deles, utiliza uma bicicleta para entregar diariamente, em torno de 30 refeições a uma fidedigna clientela diariamente, a maioria mensalistas, muitos temporários e outros avulsos.

Dona Maria Lourdes Fernandes faleceu em 2023 aos 79 anos em consequência de ter sofrido, ao longo de vários anos, agravamentos de saúde em razão de câncer, AVC, aneurisma e insuficiência renal. As filhas Ana Lúcia Fernandes Alves, casada, e Cristina Fernandes, solteira, não deixaram a cantina da rua David Baldini, quase esquina com a avenida JK, ser fechada.

Ambas são responsáveis pelo preparo dos alimentos, e Luciano Luiz Fernando, de 48 anos, desde quando a mãe era viva, continua sendo o irmão que faz compras para abastecer a despensa da casa. Curiosamente, ele já teve uma motocicleta para facilitar na rapidez das entregas, mas não se adaptou com o veículo e prefere usar a bicicleta que ganhou da mãe.

“Entre 10h30 e 13h, fico por conta de ir casa por casa. Não tem atraso, mesmo o cliente estando longe da cantina. Quando alguém pede para levar nos bairros mais distantes do centro da cidade, peço um amigo que tem moto”, explicou Luciano.

Uma das cozinheiras, Ana Lúcia, é engenheira civil habilitada, mas sua prioridade é auxiliar Cristina, e exerce a profissão quando surge a oportunidade depois do almoço. “A Maria Aparecida Fernandes Silva ficou doente e não tem condições de nos ajudar. Nosso pai, por nome de Jorge Luiz Fernando e o apelido de Tiluca, era mecânico e faleceu em 2019 em decorrência de problemas respiratórios”, contou Luciano que desconhece outra pessoa em Passos que exerce a mesma função em outra marmitaria.

Ana Lucia a Cristina: elas comandam a cozinha (Reprodução)

SOLDADOS

O começo da atividade, revelado por Ana Lúcia, ocorreu quando o 12º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais foi instalado em Passos, a mãe se tornou, por anos, cozinheira para vários soldados que moravam próximos à casa da família.

“Me lembro quando o finado sargento Ércio perguntou se ela poderia fazer marmita para o grupo de policiais que não tinha onde se alimentar. Foi aí que começou a nossa cantina. A partir daí, ainda criança, minha mãe ficou famosa, e juntamente com a Cristina, tínhamos que entregar refeições a pé porque não tinha condução própria”, lembrou.