Filha de militar cumprimenta diariamente aniversariantes amigos

Um hábito diferente que alegra a vida de mais de duas mil pessoas

Filha de militar cumprimenta diariamente aniversariantes amigos
Eliete diz que viveu o triste drama de não ser lembrada no dia do seu aniversário (Reprodução)

Quem não gosta de receber um telefonema, mensagem e até mesmo pessoalmente no dia do seu aniversário? Penso que quase todas as pessoas, porém, tem aquelas que detestam a data mais importante na vida de um ser humano e até nem lembrem do seu nascimento. Afinal, há gosto de todas as maneiras em tudo nesta vida.

Em Passos, a filha de um policial militar já falecido faz questão de, ao menos, relembrar aos amigos ou conhecidos, o dia do aniversário. É Eliete Angela Reis, que possui mais dois mil contatos telefônicos e suas respectivas datas de nascimento. Nada digitalizado no aparelho celular ou computador, estão na tradicional agenda de papel amarelada pelo tempo, um tanto quanto amassada e rabiscada.

Aos 63 anos ela revelou que faz questão de telefonar ou enviar um texto através das redes sociais, felicitando a todos. “Tenho o hábito desde o início dos anos 80. Todos os dias abro a agenda para saber quem está ficando mais velho. Ao longo daquele dia vou mantendo contato e desejando felicidades, saúde, paz amor etc e tal. Acho o maior barato, mesmo sabendo que muita gente não gosta, mas nunca alguém se negou a me atender. Quando coincide, falo isso até pessoalmente na rua. Se for muito chegado, vou até casa e levo até o presente”, disse sorridente.

Aliás, Eliete de ter nascido rindo e não chorando depois do parto. É uma criatura que não se vê de cara feia. Está sempre alegre, descontraída, extrovertida e irradia boa energia. “Desde criança sou assim. Quando estou triste é porque algo ruim aconteceu. Em certas ocasiões até me exagero nas risadas em tom alto, mas é assim que sou e não penso em mudar. A vida é muito boa para ficar triste, ser arrogante, mal educada e nem olhar para quem está ou passa ao seu lado. Deus me fez assim e sou muito grata”, afirmou.

 

COLEGUINHA

A mania de cumprimentar os aniversariantes 30 ou 31 dias no mês, começou de forma curiosa, contou Eliete. Lá nos idos dos primeiros anos da década de 80, a ‘coleguinha’, como trata todos que vê no dia a dia, ele trabalhava na Rádio Independência FM e no dia do seu aniversário, 13 de novembro, nenhum funcionário a cumprimentou. Chegou em casa no horário do almoço e reclamou para os familiares. O mesmo correu depois do expediente laboral.

Mesmo assim, se aprontou e foi participar da missa na igreja matriz São Benedito. Depois de receber centenas de felicitações até regressar em casa, veio a surpresa: todos os colegas de trabalho, amigos e conhecidos estavam esperando-a para a festinha de aniversário. “Quase caí das pernas e não acreditei em ver tanta gente em casa. Comecei a chorar de alegria ao cantar os parabéns para mim. Ficou marcado na minha e a partir daí senti o tanto que é ruim passar o dia do meu nascimento sem ser lembrada. Passei a telefonar todos os dias aos aniversariantes da família, amigos e conhecidos”, explicou Eliete.

Filha de João Dias Reis, policial militar já falecido, e Nemésia Angélica Santana Reis, de 88 anos, ambos naturais de Ilhéus (BA). Eliete e a irmã Edna nasceram em Belo Horizonte e vieram para Passos ainda crianças. É a principal cuidadora da mãe que está lúcida e se movimenta pela casa sozinha. Há três anos perdeu o pai, e há 13, a irmã Angélica, deixando Neuma e João Dias Júnior como filhas do casal.