Ex-superintendente da Santa Casa acusado de desligar aparelhos de paciente
Aparelhos teriam sido desligados sem autorização familiar; polícia investiga
A Polícia Civil de Minas Gerais abriu inquérito para investigar um caso em que um funcionário da Santa Casa de Misericórdia de São Sebastião do Paraíso teria desligado os aparelhos que mantinham artificialmente um paciente com morte cerebral na ala de emergência do hospital, sem autorização familiar. O fato ocorreu na sexta-feira, 8, e foi divulgado nesta terça-feira pelo “Jornal do Sudoeste”.
De acordo com Tiago Bordini, responsável pela 4ª Delegacia Regional de Polícia Civil de São Sebastião do Paraíso, o advogado da Santa Casa entrou em contato com ele e, na sequência, com a PC, para registrar a ocorrência. Segundo as informações de médicos responsáveis pelo setor, o então superintendente do hospital, Jean Marco do Patrocínio, que não é médico, teria chegado na ala e desligado o aparelho que mantinha artificialmente o funcionamento dos órgãos vitais de um idoso de 81 anos, que havia sido diagnosticado com morte cerebral após um AVC.
Ainda segundo Bordini, a Polícia Civil começará a apurar os fatos. Documentos serão solicitados ao hospital e todas as partes serão chamadas para prestarem depoimentos. “Estamos no início dos trabalhos e não podemos falar em homicídio, eutanásia, pois entra em uma discussão de quando se começa e quando se termina a vida. Vamos apurar todas as circunstâncias do fato primeiro”, diz o delegado.
Uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) dá respaldo legal e ético para que a equipe médica desligue os equipamentos de pacientes com morte encefálica, que é equivalente à morte clínica, desde que não haja a possibilidade ou exista a negativa da doação dos órgãos do paciente. Apesar disso, a medida ainda depende de autorização formal da família, coisa que não teria ocorrido no caso da Santa Casa de Paraíso.
Na manhã de terça-feira, 12, a reportagem do Jornal do Sudoeste entrou em contato com Jean Marco do Patrocínio, a fim de saber sua versão sobre o caso. O agora ex-superintendente da Santa Casa confirmou o seu desligamento do hospital e, também, as acusações feitas contra ele. Patrocínio declara que está seguindo sua carreira em um novo projeto, deixando a justiça tomar conta do caso, juntamente com seus advogados.
O jornal também falou com o advogado do hospital, Nilo Kazan, que está cuidando do caso. Segundo ele, “a Santa Casa informou que assim que tomou conhecimento dos fatos, instaurou procedimento interno, de ofício, para apuração”. Disse ainda que o procedimento está em vias de ser concluído e será destinado ao Delegado de Polícia Seccional, ao Ministério Público com atribuição em matéria sanitária e ao Município, gestor da saúde local. Por fim, Kazan explica que, após tais esclarecimentos, a entidade irá se pronunciar.