Estudante da UEMG/Passos diz ser vítima de preconceito por votar em Bolsonaro

UEMG e curso de Serviço Social emitiram notas de repúdio por denúncia de assédio eleitoral

Estudante da UEMG/Passos diz ser vítima de preconceito por votar em Bolsonaro
Gabriela Rosa de Oliveira gravou um depoimento e postou nas redes sociais (Reprodução Instagran)

A estudante do 3° ano do curso de Serviço Social da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), unidade Passos, Sudoeste de Minas, Gabriela  Rosa de Oliveira, de 23 anos, gravou um depoimento e postou no seu Instagram dizendo ser vítima de preconceito racial dentro da universidade.

De acordo com as denúncias, Gabriela sofre assédio eleitoral por declarar seu voto ao candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PL). Um aluno do curso de Comunicação Social, de 19 anos, que preferiu o anonimato, disse que também sofreu assédio eleitoral ao declarar seu voto em Bolsonaro.

“Não foram diretamente para mim as palavras preta, pobre, burra, mas eu me encaixo em algumas dessas palavras que foram ditas, pois sou preta, pobre e voto no Bolsonaro, e me senti ofendida por estar no local e ouvir essas palavras e não só por mim, mas para todas as mulheres e homens pretas de baixa renda e que votam no Bolsonaro, eu me senti ofendida por mim e por toda a população”, disse Gabriela.

Gabriela postou o vídeo (veja aqui)  na última quarta-feira (19/10). Ele já foi visto até hoje por 26,1 mil pessoas. A estudante conta que precisou procurar uma psicóloga e que, depois disso, melhorou um pouco. “Não está sendo fácil para mim. Às vezes para as pessoas essas palavras não são ofensa, mas para mim foram, pois me encaixo com as características que foram ditas, não foi só uma vez que eu escutei essas palavras, em momento nenhum eu quis debater, pois eu não iria ter voz pelo meu pensamento. Preferi ficar calada a todo momento, até mesmo na segunda-feira, que eu me retirei da sala de aula, saí em silêncio”, contou.

Gabriela conta que está tendo o apoio de muita gente e que foi preciso coragem para postar o vídeo. “Não foi fácil ter coragem para postar o vídeo, mas eu tive  apoio da minha família. A direção da faculdade me ligou, me deu todo apoio, disponibilizou o que eu precisar”, narrou.

O outro estudante, de 19 anos, que prefere se manter anônimo, contou que seu caso começou  após ter tido uma conversa com uma colega e comentado sobre Gabriela. Ele contou que foi questionado sobre seu voto e, ao responder que seria no Bolsonaro, também recebeu comentários sobre ser ‘preto, pobre e burro’.

 

CURSO SE PRONUNCIA

“O Serviço Social é uma profissão voltada para o atendimento das demandas sociais apresentadas pela população, em especial a mais vulnerável. Neste sentido, constrói bases democráticas e de cidadania, buscando a efetivação de direitos sociais a partir de políticas públicas.

Pautas de combate ao preconceito e à discriminação perpassam por todo o processo de formação e vida profissional, lutamos constantemente para que tais situações não aconteçam. Somos uma categoria profissional humana e humanizadora.

Temos como princípios éticos fundamentais o reconhecimento da liberdade como valor ético central, a defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e autoritarismo, a ampliação e consolidação da cidadania e o empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade e a participação de grupos socialmente discriminados, entre outros”.

 

UEMG

“A Universidade do Estado de Minas Gerais - Unidade Passos não compactua com nenhum tipo de discriminação política, de raça, gênero, orientação sexual, religião, ideologia, origem étnica e/ou diversidade funcional.

Por acreditar que a Universidade Pública é um espaço democrático, dialógico e inclusivo, frisamos que a nossa instituição zela pela liberdade de expressão de toda comunidade acadêmica. Nenhum tipo de intolerância será permitido em nosso ambiente.

Solicitamos que qualquer pessoa que se sinta lesada registre oficialmente o fato junto à Direção da Uemg-Passos para que sejam tomadas as devidas providências”.