Donos de Pit Bull em Passos reagem à lei promulgada pela ALMG

A entrada e a procriação de raças como pit bulls no território mineiro continuam proibidas

Donos de Pit Bull em Passos reagem à lei promulgada pela ALMG
Para alguns tutores, comportamento do animal não está relacionado à raça ou tamanho (Divulgação)


 

 

A lei que se tornou pública pela mesa diretora da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na última sexta-feira, dia 17, passando ser obrigatório o uso de focinheiras em pit bulls e outras raças ferozes, gerou concordância, em partes, todavia muito mais divergências por criadores de cães em Passos, principalmente da raça Pit Bull. Outras, como dobermann, rottweiler e fila brasileiro, considerados animais domesticados e ferozes, também estão na lista.

A partir de agora, está proibida a circulação desses animais sem a utilização de focinheira e coleira com nome, endereço e telefone de contato de seu tutor. A nova legislação determina ainda que apenas pessoas com mais de 18 anos podem conduzir esses animais em via pública.

O uso de focinheira deve ser de acordo com o comportamento do animal e não pela raça ou tamanho, pois existem cães de porte pequeno que são extremamente reativos e não fazem tal uso. Se acontecer de algum cachorro atacar o meu cão ele vai estar sem defesa e eu não acho justo, principalmente porque a minha cachorra é muito dócil com pessoas e outros animais, convive até com coelhos e nunca tive problema algum com reatividade”,  opinou Lara Santana, de 19 anos, autônoma e tutora da cadela Safira.

Sobre a proibição de entrada e a procriação de pit bulls no território mineiro, a jovem disse que o comportamento agressivo de um cão está relacionado ao ambiente e ao tratamento que ele recebe, e não apenas à raça. “Ao meu ver deveriam ser estabelecidas regras de criação onde quem não as obedecesse teria punições. A proibição da reprodução de pitbulls é extremamente injusta porque é uma raça dócil, inteligente, amorosa, com a criação certa é um excelente cão de companhia muito leais e brincalhões. A Safira é incrível! Não a trocaria por nenhuma outra raça, mesmo sofrendo muito com o preconceito que as pessoas tem só por ela ser pitbull”, disparou.

O auxiliar de departamento empresarial, Kauan Ferreira Cunha, de 21 anos, também entende que a raça em questão é um animal de temperamento dócil e carinhoso, entretanto, se criado sem obedecer regras e maltratado, pode se tornar agressivo, como qualquer outra raça. “A Safira, hoje tem dois anos de idade, sempre foi criada tendo contato com outras pessoas, animais, além de receber afeto correções, sem agressões para não torná-la um animal reativo. Assim sempre passeamos com ela em locais públicos, como bloquinhos de carnaval, praças e vias públicas de grande movimentação, na qual, jamais ocorreu qualquer tipo de incidente de ataque a pessoas ou animais”, afirmou.

Kauan, acredita que diferentemente de raças de pequeno porte, que possuem em seu instinto, serem agressivos, e autores de ataques ao ser humano, entretanto, não há tanta repercussão pelo fato de serem animais de pouca força. Por outro lado, os ataques de pitbulls ocorrem com muita menor incidência, porém são amplamente divulgados, uma vez que, repercutem bastante e geram ibope. Discordo da proibição da criação de pitbull, uma vez que o culpado não são os animais, mas os tutores que os negligenciam e maltratam”, ressaltou o jovem que já manteve um relacionamento amoroso com Lara.

O marceneiro  Gustavo Rodrigues, de 23 anos, tutor do Ragner, também é a favor da utilização de focinheira, e não concorda em proibir a procriação de Pit Bull. “É a natureza da ração. Não há justificativa isso, em detrimento a outros tantos assuntos mais graves que devem ser debatidos de acordo com a realidade dos criadores de cães”.

“Nós devemos respeitar os outros cães ou pessoas. Caminhar com o animal ou deixar ele ser perigoso, sem as devidas medidas de proteção, pode oferecer riscos para terceiros. Vamos viver em um mundo justo e com responsabilidades. Concordo com a lei, apesar de severa, pode obrigar muita gente a ser mais cuidadosa. O certo seria as pessoas terem ética de respeitar os outros. Agora, sobre a proibição de entrada de Pit Bull em Minas é um exagero. Sobre focinheira e ser maior de 18 anos expor o cão publicamente, aprovo”, declarou o veterinário Edson Figueiredo.

O descumprimento da lei pode gerar multa de R$ 553,10, considerando valores atualizados neste ano. Caso o cão provoque ferimento em alguém, o valor cobrado passa a R$ 5.531. Se, por meio de laudo médico acompanhado de boletim de ocorrência ou representação, a vítima comprovar que houve lesão decorrente do ataque, a multa será cobrada em dobro.

É permitida a adoção de cães da raça pit bull, prática que estava proibida em Minas Gerais desde 2006, assim como a entrada e a procriação desses animais no estado. A vedação foi derrubada a partir de uma emenda apresentada durante a tramitação do projeto que originou a nova legislação. A entrada e a procriação de pit bulls no território mineiro continuam, contudo, proibidas.