Documentário sobre “Ninho do Urubu” tem reconstituição na Netflix
Minissérie documental mostra a trajetória dos atletas amadores que morreram no CT do Flamengo
A Netflix lança nesta quinta (14) a minissérie documental "O Ninho: Futebol & Tragédia", sobre o incêndio que vitimou 10 jovens no centro de treinamento do Flamengo no dia 8 de fevereiro de 2019.
A trama mostrará a trajetória profissional dos atletas amadores e também a luta por justiça que as famílias das vítimas tiveram que travar contra o clube. Na época, 26 garotos dormiam no CT. Dos 16 que sobreviveram, apenas três continuaram no Flamengo; Francisco Dyogo, Rayan Lucas e Jonathan Ventura, sendo que este último abandonou a carreira de jogador e seguiu como funcionário.
O diretor-geral da minissérie, Pedro Asbeg, falou sobre o peso emocional de contar uma história tão trágica. Ele afirmou que entrevistar os familiares das vítimas foi um dos momentos mais difíceis do trabalho:
“Sem dúvida um dos momentos mais difíceis do trabalho foi rodar essa sequência de reencenações do incêndio. A gente recriou o contêiner onde viviam os jovens que eram alojados pelo Flamengo num estúdio, trouxe atores, dublês, e num determinado momento a gente reproduziu o incêndio que infelizmente acabou gerando 10 vítimas, 10 jovens morreram naquela madrugada de 8 de fevereiro de 2019”, conta.
“Foi difícil por temas logísticos, pela dificuldade de filmar cenas como aquelas, mas pela emoção que é reviver aquilo, recriar aquilo. A gente precisa passar isso para os atores, dublês, um cuidado e uma concentração específica de todo mundo que estava ali na equipe, assim como foi difícil entrevistar pessoas, pais, mães que tinham perdido seus filhos, foi difícil ouvir o relato do segurança que salvou três meninos e hoje está desempregado, que era segurança do Flamengo. Certamente, não foi um trabalho fácil, essa cena que vimos foi uma dela”, continua o diretor.
Pedro Asbeg destacou que o principal objetivo de "O Ninho: Futebol & Tragédia" é resgatar a memória das vítimas e dar voz às suas famílias e aos sobreviventes do incêndio. O diretor também cobrou justiça pelas mortes dos garotos do Ninho, que completaram cinco anos no mês passado e permanecem impunes.
“Desde que fui procurado, a gente entendeu que o olhar era de humanização, de dar voz, de dar rosto, de dar nome para essas pessoas. Eu precisava me aproximar daquelas famílias, daqueles meninos que sobreviveram, me aproximar das pessoas que vão carregar para o resto da vida uma dor indescritível. Como descrever a dor de perder um filho? Isso vem no pacote e a gente orientou nossa equipe desde o início para ter o maior cuidado e respeito com essas pessoas, porque, apesar de muito doloroso, esse é um assunto que a gente não poderia deixar passar, que essa história fosse esquecida. Então, fazer esse trabalho era uma obrigação, uma missão, pela memória desses meninos, pela memória dessas pessoas que sobreviveram e para que a justiça seja feita, que a gente de alguma forma com esse trabalho busque justiça, a Justiça precisa acelerar, tem casos e situações que podem ser prescritos e a gente acabar não tendo ninguém responsabilizado. É uma situação muito triste, você imaginar que depois de cinco anos não houve ninguém responsabilizado”, diz Pedro Asbeg, diretor da minissérie "O Ninho: Futebol & Tragédia"
Veja o trailer: