Diretor clínico rebate acusações sobre irregularidades na UPA
Para ele, as acusações são infundadas e que o assunto é uma questão pessoal
O diretor clínico da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Passos, Flávio Ferreira, negou as acusações de irregularidades no estabelecimento de saúde, que passa por uma crise após denúncias feitas pelo ex-diretor administrativo Antônio Carlos da Silva (veja clicando aqui) e é alvo de investigação pela Polícia Civil. Na manhã desta terça-feira, 29, Ferreira foi sabatinado pelos integrantes da Comissão de Saúde da Câmara e disse que as acusações são infundadas e que o assunto é uma questão pessoal.
Além dos integrantes da Comissão de Saúde, Dirceu Soares (presidente), Francisco Sena e Gilmara Silveira de Oliveira (membro), outros vereadores também participaram da reunião.
Em relação a uma das denúncias mais graves, que envolve o fechamento da válvula de oxigênio, que poderia causar a morte de pacientes, em outubro e novembro deste ano, Ferreira disse que a Polícia Civil abriu inquérito e que o ocorrido tem que ser apurado.
“No dia 17, passei a madrugada com a minha filha. No outro dia, meu filho apresentou sintomas de covid, minha esposa teve covid e apresentou sintomas também. Como eu não tive covid e sábado e domingo eu estaria de plantão, resolvi consultar com o doutor Luiz Baião, diante de sintomas que eu estava tendo. Ele me afastou. Voltei para casa e dormi, quando acordei vi que tinham muitas ligações da UPA. Retornei para a enfermeira chefe e ela me contou do problema do oxigênio novamente. O plantão dele seria às 19h e eram 17h30 ainda. Solicitei que fossem trocadas as chaves, que ficam de posse de enfermeiros, do senhor Clayton, uma pessoa extraordinária. Quando falta oxigênio apita lá dentro e graças a Deus nenhum paciente estava entubado”, afirmou.
A UPA também foi alvo de furtos. Furtaram cinco torneiras na semana passada e outras duas ontem, sem contar o furto de documentos da eleição da diretoria que foram levados sem que ninguém tenha visto. “Lá precisa de câmeras de segurança, só assim. Se for por imperícia, crime, a polícia está apurando. Como diretor clínico, eu não posso fazer”, narrou o diretor clínico.
AR-CONDICIONADO FOI BANCADO POR MÉDICOS
Sobre a denúncia que médicos ortopedistas dormiriam durante o plantão para esperar chegar mais pacientes para o atendimento e que são avisados por meio de bilhetes, o diretor clínico da UPA, Flávio Ferreira, negou a denúncia.
“Eu gostaria de ver esse bilhete. O CRM dá direito a uma hora de descanso a cada plantão de 12 horas. A ortopedia, que é uma esfera que não tem competência clínica para atender patologias, fica à noite. O médico está ali 24 horas para atender, se não tem paciente, ele não atende. Quando o irmão dele (Antônio Carlos) era ortopedista, não tinha reclamação”, disse.
Quanto ao quarto confortável que os médicos dormem, com ar-condicionado, o diretor clínico disse que havia ganhado um aparelho de um colega e que fizeram o rateio para instalar. Segundo ele, o aparelho apresentou problema por duas vezes e novos rateios foram feitos para consertá-lo, até que na prefeitura tinham comprado aparelhos de ar-condicionado e tinha sobrado um, os médicos pediram e ganharam mas a instalação foi feita com dinheiro do próprio bolso deles.
CONFUSÃO
Sobre as denúncias de que ele (Flávio) vai à UPA uma vez por semana, durante seu plantão, o diretor afirma que são infundadas. “Há uma confusão muito grande entre diretoria técnica e diretoria clínica, se a diretoria técnica se enquadra no cargo de diretor técnico responde diuturnamente pela UPA, que está sem agora. Eu cumpro os meus plantões e ainda ajudo como coordenador, que é aquele médico que resolve os problemas de escalonamento de plantões e outros mais”, falou.
Segundo Flávio, Antônio Carlos ficou afastado da UPA por 4 ou 5 anos e quando retornou queria os mesmos plantões que fazia e que, após acionamento na Justiça e um mandado de segurança judicial, foi impedido de retomar os plantões.
“Antônio Carlos foi tirado da UPA por 4 ou 5 anos, fala-se que ele foi tirado pelo doutor Hugo, mandado de segurança que retornou à UPA, vamos conversar om o doutor Lucas, fizemos uma reunião com diretor administrativo, A.C., tinha direito a retornar aos mesmos plantões, isso foi apresentado a ele. Eu, Flávio Ferreira, não sei de mais nada. Depois, continuou a secretaria e o advogado. O mesmo deveria voltar de acordo com a necessidade da UPA. Diante do fato de diretor técnico e trouxe para si de maneira antiética, retiro os médicos e me coloco. Foi até ele e disse que colocaria 7 médicos – a UPA atende 24 horas”, disse.
FALTA ESPECIALIZAÇÃO
Sobre a acusação de que estaria ocupando irregularmente o cargo de diretor, sem ter o título de ortopedista, Ferreira afirma que não havia exigência de titulação.
“Quando passei no concurso da prefeitura não havia exigência de titulação. Frequentei a especialização em ortopedia por três anos e só não passei na prova. Voltei para Passos de Ribeirão Preto e soube que teria concurso para médico na prefeitura e tinha cargo para médico ortopedista, então fiz o concurso e passei. E médico formado ele pode atuar sem a especialização. Suponhamos que ele é um clínico e resolve atender cardiologia. Ele pode”, disse.
Em relação ao recebimento de R$ 125 mil por mês para treinamento dos médicos, o diretor afirma desconhecer a informação. “Esse assunto deve ser tratado com o secretário de Saúde, que é o gestor, e não com o diretor clínico”, disse. Francisco Sena disse que vai convidar também o secretário de Saúde, Thiago Salum, para falar sobre o assunto.