Destilados mineiros, sim senhô

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Destilados mineiros, sim senhô

A produção de cachaça faz parte da nossa história. Mas não pense que os mineiros pararam no tempo quando se fala em destilados. Uma nova geração chega ao mercado com vontade de mostrar a diversidade e a qualidade de bebidas que só conhecíamos importadas, como uísque, rum e gim. O uso de ingredientes brasileiros é um ponto em comum. A própria cachaça vem repaginada – um dos rótulos que representam esse novo momento das destilarias mineiras tem o “treme” do jambu.

O suplmento “Desgusta”, de “O Estado de Minas”, mostrou neste mês de março a história dos  irmãos Lamas, que herdaram do pai, dono de um pequeno alambique, o interesse por bebidas. Por mais de 30 anos, continuaram com a produção artesanal de cachaça, sem fins comerciais, mas nunca esconderam uma paixão em comum: o uísque. A destilaria Lamas, que fica em Matozinhos, tem quatro uísques. Os rótulos seguem a tradição escocesa, mas carregam um toque de brasilidade. Isso fica evidente no Nimbus, que é o carro-chefe, envelhecido em carvalho americano e defumado (na Escócia, utiliza-se a turfa, material vegetal em decomposição antes de virar carvão).

O Nimbus fica com sabor de fumaça – tem quem ache que é de bacon líquido. No ano passado, quando foi lançado, ganhou medalha de prata em um concurso nos Estados Unidos e bronze na Inglaterra. Além disso, foi classificado pelo jornalista britânico Jim Murray, um especialista na bebida (já provou mais de 20 mil rótulos), na “Bíblia do uísque 2021”, como uma bebida genial. Para os mais tradicionalistas, a sugestão é consumir o uísque puro ou com gotas de água para realçar suas notas sensoriais.

Já a  história do gim Yellow Bird começa em 2015, quando Gustavo Sanches conheceu o destilado em visita ao restaurante do tio, na Espanha. Provou e amou. Três anos depois, ele e o sócio Felipe Resende, seu amigo de infância, resolveram entrar neste mercado, que explodiu no Brasil, enxergando muito potencial na produção nacional.

Há previsões de que em até dez anos, o gim (junto com o rum) será a bebida mais consumida no Brasil, segundo estudo divulgado de tendência do mercado. Uma febre. Não faz muito tempo, o destilado à base de cereais, infusão de zimbro e outras especiarias, além de um bom companheiro no copo, virou produto nacional. Para os especialistas, Minas Gerais também faz um bom gim, alguns até vencedores de concursos internacionais. Entre os rótulos premiados que e tem tempero mineiro em sua composição vem da fábrica Don Luchesi, aberta este ano na região metropolitana de Belo Horizonte, aque está lançando o O’Gin, o primeiro com ora-pro-nóbis que se tem notícia por aqui. "O ora-pro-nóbis é uma iguaria mineira, ideal para nossa estreia", diz entusiasmado Alexandre Luchesi, sócio da mulher, Laiza Machado, no negócio. "Optamos por um gim vegano (só com o uso de botânicos), biodinâmico (ciclo lunar) e sem glúten. Que não provoca ressaca", completa.

Por sua vez, Henrique Chaves cresceu vendo o pai bebendo rum e, quando se lançou no mercado de bebidas com a Benerick’s, decidiu resgatar o destilado em sua versão com especiarias. Inspirado na própria história do spiced rum, fruto de uma pesquisa de um norte-americano no Caribe em busca de novos sabores, ele criou uma receita mineira, o Don Bene.

Com produto mineiro (recomendado) ou não, aproveite a receta abaixo para brindar com gim, animação e coisa e tal:

 

Red berry (Yellow Bird)

Ingredientes

50ml de gim

15ml de Campari

1 morango

1 sachê de chá de frutas vermelhas

5 unidades de pimenta-rosa

Água tônica para completar

 

Modo de fazer

Coloque o sachê de chá de frutas vermelhas junto com o gim para fazer a infusão. Adicione gelo até a borda da taça. Complete com água tônica, fatias finas de morango e campari. Para finalizar, pimenta-rosa.