Descendentes do mártir da Inconfidência Mineira radicaram-se em Passos

Quando se comemora o dia de Tiradentes, os parentes diretos relembraram a trajetória do alferes e contaram um pouco da história

Descendentes do mártir da Inconfidência Mineira radicaram-se em Passos
Membros da família dos descendentes de Tiradentes; Elza (à esquerda) é tetraneta do alferes, em foto de 2006 (Reprodução AF)


 

 

Alguns descendentes da 5ª, 6ª e 7ª gerações  de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, escolheram a cidade de Passos para  fixar residência nos últimos anos. Recentemente, quando se comemorou o dia do mártir, os parentes diretos relembraram a trajetória do alferes e contaram um pouco da história de como conseguiram obter documentos  para provar que fazem parte  da árvore genealógica dele.  

Em Passos, até 2006 moravam a tetraneta de Tiradentes, Elza  Beltrão Bento, com mais duas  filhas, que seriam pentanetas do mártir - Eliana Beltrão  Bento, e Elisete  Beltrão Bento - e mais  cinco hexanetos. Uma filha  de Elisete é passense, a qual  é considerada hexaneta.  Elza veio para cá em 1999 e  trouxe as duas filhas, que  abriram uma escola de informática. Antes, atuou como  faxineira e costureira

 “Estive pela primeira vez em  Passos em 1996 visitar a sogra da minha filha. Gostei da  cidade e resolvi mudar, pois a  vida é tranquila”, disse a aposentada que nasceu em Uberaba e morou 45 anos em  Guarulhos (SP).

 Apesar de não possuir o  sobrenome Silva Xavier, ela  garante ser descendente direta de Tiradentes comprovando por meio de documentos, como certidões de batismo, casamento e óbito de seus  antepassados, principalmente do seu tataravó, Belchior  de Almeida Beltrão - filho de  João de Almeida Beltrão, filho de Tiradentes.

“Meu pai, Belchior Beltrão Zica, sempre comentava  que era trineto de Tiradentes. Eu tinha uns 6 anos e  ouvia a história de que ele  tinha sido morto e queria libertar o Brasil de Portugal”,  contou a aposentada.  

Na década de 60, o pai de  Elza começou a juntar os documentos que comprovariam  a ascendência direta com o  mártir. Dentre os documentos, foram resgatados a certidão de batismo de João de  Almeida Beltrão na paróquia  de Nossa Senhora do Pilar,  em Ouro Preto, as certidões  de casamento e óbito de alguns ascendentes. “Ele gastou muito na época, mas conseguiu comprovar”, disse Elza.

 “Todos os documentos originais estão com meu irmão,  em São Paulo. Aqui, tenho as  cópias deles”, contou Elisete.

 “Estes foram os documentos  que conseguimos chegar na  árvore genealógica. Pelo batismo na igreja, foi mais fácil  porque naquele tempo muitos pais batizavam os filhos,  mas não registravam no cartório”, lembrou Elisete.

 Além dos documentos, a  família radicada em Passos  também guarda recortes de  jornais sobre notícias relacionadas e outros registros li gados à Tiradentes, para pro var a veracidade da afirmação de ser descendente de um  dos maiores mártires da história brasileira. O livro “Troncos coloniais mineiros”, de  Fenelon Ribeiro, de 1989,  também ajudou na busca das  informações.  

Às vezes, Elza toma a liberdade de usar o Tiradentes no  final do nome para remeter  ao parentesco de seu mais  ilustre antepassado. É bom  lembrar que o alferes teve  duas mulheres e que esta família é a relativa à ascendência de Eugênia Joaquina da  Silva, mãe de João de Almeida Beltrão. A outra mulher,  pelo que diz a história, faleceu e não deixou filhos.

 “Todos os nossos parentes  hoje têm consciência da descendência e correm atrás dos  documentos”, lembrou Elisete.