Decreto do prefeito do Carmo vira polêmica entre cantores e DJ’s passenses
Para alguns artistas passenses a medida do prefeito é acertada, mas sugerem bom senso
O decreto assinado no início de janeiro pelo prefeito de Carmo do Rio Claro, Filipe Carielo, que oficializa a proibição de músicas do gênero funk e outras que contenham linguagem imprópria em eventos promovidos pela Secretaria Municipal de Educação, tem gerado opiniões diferenciadas entre os profissionais que trabalham em eventos contratados para a animação musical. Dias depois, o político estendeu as restrições com ‘conteúdo inadequado’ para veículos como a carreta da alegria.
“Proibir músicas com letras que abordam sexo, drogas e violência não contribui para o aprendizado da sociedade, pois essas questões fazem parte da realidade e precisam ser debatidas, compreendidas e não ignoradas. A censura não educa, pelo contrário, pode gerar curiosidade sem a devida orientação”, opinou o secretário de Cultura e Patrimônio Histórico da prefeitura de Passos, Denilson Reis.
“O que realmente beneficia a sociedade é o bom senso ao abordar esses temas de forma responsável, especialmente no ambiente estudantil. A escola tem um papel fundamental em promover o debate crítico, ajudando os alunos a refletirem sobre as consequências dessas questões e a desenvolverem discernimento para lidar com elas na vida real”, ressaltou o instrumentista e integrante da banda ‘Os Coroné’.
O DJ, compositor e produtor musical, Jonathan Evangelista, está a favor do prefeito Filipe Carielo, mas acredita que um decreto municipal vá evitar os estudantes de ouvirem funk e outros ritmos chamados ‘pesados’ em razão de terem na composição expressão que incentiva o sexo, uso de drogas e o mundo do crime. “Acontece que hoje todo mundo tem um aparelho celular e a pessoa ouve o que quiser onde estiver. Só as crianças têm algumas restrições, mas apenas perante os pais, parentes e quando estão na escola. Em outros ambientes, não há como contornar a situação”, pensa o DJ Dion Dion.
Um dos mais solicitados DJs de Passos, que preferiu não se identificar, também concorda do gestor carmelitano, mas ressalta que na vida profissional é quase impossível evitar a execução de músicas com letras que incentivam as más condutas das pessoas. “Temos dois times de animadores de eventos. O comercial, que toca de tudo, e os especialistas, ou seja, focam um, dois ou três ritmos, como funk e rap. No meu repertório não há esse tipos de músicas, mas quando o cliente pede, eu atendo. Agora os cantores como Anita, Ludmila e o Bonde do Trigrão têm algumas músicas que não abordam termos relacionados claramente ao sexo, droga e o mundo do crime”, explicou.
Em uma das entrevistas de Felipe para emissoras de rádios, ele cita a música ‘Tubarão Te Amo’ e comenta. “Ela parece ser inofensiva, mas a letra é um absurdo, incentivando o sexo explícito o tempo todo. São linguagens vulgares, obscenas, grosseiras e ofensivas. Na minha opinião, ela não pode nem passar na calçada das escolas”, disparou o prefeito.
O decreto de Carielo ganhou força rapidamente. Após sua implementação, uma série de projetos de lei começaram a ser discutidos em câmaras municipais, com o objetivo de replicar a medida em outras localidades. Entre os proponentes estão a vereadora Géssicão, de Londrina (PR), o vereador Olímpio Araújo Júnior, de Curitiba (PR), e o vereador Vile Santos, de Belo Horizonte (MG), todos do Partido Liberal. Eles apresentaram propostas semelhantes em suas cidades, defendendo a censura de músicas que, em sua visão, contribuem para a degradação dos valores sociais