Comitê manda reter água em hidrelétricas para garantir o nível do Lago de Furnas
O objetivo é preservar aproximadamente 11% de armazenamento na Bacia do Paraná
O Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico (CMSE) definiu a redução da saída de água nas usinas hidrelétricas de Jupiá e Porto Primavera, localizadas no Rio Paraná entre São Paulo e Mato Grosso do Sul.
A medida emergencial foi tomada por conta dos níveis de chuva abaixo do esperado nos últimos meses, conforme anunciado durante a 289ª reunião ordinária realizada nesta quarta-feira, 6, do órgão. O comité é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia,
O objetivo é preservar aproximadamente 11% de armazenamento na Bacia do Paraná e cerca de 7% no Sudeste/Centro-Oeste até agosto. Consequentemente, as UHEs Jupiá e Porto Primavera devem reduzir as defluências mínimas para 3.300 metros cúbicos por segundo e 3.900 metros cúbicos por segundo, respectivamente.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, enfatizou que o objetivo é garantir o abastecimento de energia elétrica no Brasil e manter o nível do Lago de Furnas, em Minas Gerais. “Esta medida contribui para a segurança eletroenergética do país, além de atender aos usos múltiplos da água. Os lagos de Furnas e Peixoto são os pulmões do setor elétrico, mas deixaram de ser exclusivamente usados para a geração de energia. Eles servem também à agricultura, à irrigação, à piscicultura e levam desenvolvimento econômico e social à essa importante região mineira, gerando emprego e renda para a população, além, claro, do seu grande potencial para o ecoturismo”, afirmou o ministro, Alexandre Silveira.
Segundo o ministro, a defesa do uso múltiplo dos lagos é histórica e vem sendo feita por diversos setores, entidades e representantes da população, incluindo o presidente do Congresso Nacional, senador mineiro Rodrigo Pacheco.
“Desde quando senador, trabalhei ao lado do presidente Pacheco pelo reconhecimento da importância dos Lagos de Furnas e Peixoto para o desenvolvimento econômico do Sul de Minas, compatibilizando a geração de energia com o turismo e o agronegócio. Os lagos são patrimônios do Brasil, mas, em especial, das mineiras e mineiros daquela região”, finalizou Silveira.
NÍVEIS ABAIXO DO QUE EM 2023
Conforme dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), o Reservatório de Furnas está hoje com 73,67% do seu volume útil, com nível de 764,6 metros acima do nível do mar. No mesmo período do ano passado, o lago estava com 98,12% de seu volume útil e 767,7 de nível acima do nível do mar.
Já o Reservatório de Peixotos, que abastece a Usina Hidrelétrica Mascarenhas de Moraes, entre Ibiraci e Delfinópolis (MG), está hoje com 81,56% de seu volume útil e nível de 664,2 metros acima do nível do mar. No mesmo período do ano passado, o reservatório estava com volume de 98,54% e nível de 665,7 metros.
Em fevereiro, os armazenamentos equivalentes foram verificados em torno de 65%, 68%, 66% e 77% nas regiões Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte, respectivamente. Entretanto, em todo o Sistema Interligado Nacional (SIN), o armazenamento foi de aproximadamente 66% no final de fevereiro, representando uma queda de 14,1% em relação ao mesmo período de 2023.
Considerando as condições hidrometeorológicas, o trecho entre as UHEs Três Marias e Sobradinho, na bacia do rio São Francisco, e a bacia do rio Jacuí apresentaram precipitação superior à média histórica em fevereiro. Porém, as demais bacias hidrográficas do SIN registraram precipitação abaixo da média.
Em março, as projeções indicam uma ENA (Energia Natural Afluente) abaixo da média histórica para todos os subsistemas. Os valores previstos variam de 49% a 64% da Média de Longo Termo (MLT) para diferentes regiões do país.
O CMSE continuará monitorando as condições de abastecimento e o atendimento ao mercado de energia elétrica do país, adotando medidas para garantir o suprimento de energia elétrica conforme necessário. As definições finais desta reunião serão consolidadas em ata e divulgadas conforme o regimento.