Casmil inicia demolição de fábrica de laticínios

Cooperativa estima em R$ 700 mil o custo para limpar a área de quase 8.000 metros no centro de Passos

Casmil inicia demolição de fábrica de laticínios
Decisão pela demolição levou em conta a segurança dos moradores do bairro e outros riscos (Divulgação Casmil)

Depois de várias reuniões entre os membros do Conselho de Administração e Conselho Fiscal, os imóveis da extinta indústria de laticínios da Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil) estão sendo totalmente demolidos. Uma empresa passense, especializada no ramo, firmou contrato para que no máximo em 180 dias, todo o quarteirão, localizado no centro da cidade, seja entregue apenas com os muros e portões laterais.

O diretor-presidente do Conselho de Administração da cooperativa, Renato de Oliveira Medeiros, revelou que a Casmil não possui recurso suficiente para custear os serviços de derrubada de todas as dependências da indústria erguida com a utilização de alvenaria em geral, estrutura metálica, barras de ferro, aço, madeira, telhas de barro amianto entre outros materiais de construção. Realizou cotações no mercado e o preço médio era de R$ 700 mil para deixar a área de quase 8.000 metros quadrados totalmente limpa, sendo descartada a possibilidade de negociação.

“A iniciativa da obra foi, primeiro para valorizar o imóvel, e também, porque estávamos preocupados com a segurança das famílias de toda a vizinhança. Lá virou casa de usuários de drogas, moradores de rua, possível proliferação de animais peçonhentos e consequentemente outros problemas. Com dinheiro insuficiente para a execução dos trabalhos, encontramos a Lopes Demolição, de Passos, e o contrato foi assinado. Em seis meses ela vai derrubar tudo, aproveitar o que puder ser vendido, e a Casmil vai arcar com 50% de cada carreto dos caminhões, cerca de 800, que vão levar os entulhos até o bota-fora. A cooperativa vai economizar mais de 80% do que se tivesse que negociar uma empresa de outra cidade”, ressaltou Renato.

Todos os equipamentos, acessórios, maquinários da antiga e tradicional marca Milklar, fechada há mais de dois anos, foram retirados aos poucos do local, sendo que a maioria, vendida na gestão de Leonardo dos Reis Medeiros, afastado da função de presidente pela atual diretoria através de Assembleia Geral Extraordinária, por suspeita de má gestão. Sobre o que fazer com a área localizada entre as ruas Coronel João de Barros, Cônego Anibal Maria di Frância, Ouro Preto e Dr. José Lemos de Barros, Renato não soube informar. “É certo que vai ser valorizada ainda mais, mas o problema é que todo o quarteirão está penhorado pela massa falida da Laticínios Nilza de Ribeirão Preto (SP), o renomado ‘Recoop’. A Casmil integrava a Central Leite Nilza com outras cooperativas, mas, mesmo depois de sair do quadro de cooperação, continuou com a penhora sobre o imóvel que agora está sendo demolido.

Renato de Oliveira Medeiros está à frente da Casmil há um ano (Divulgação Casmil)

 

DÍVIDA CHEGA A R$80 MILHÕES, APONTA PRESIDENTE

Renato está na presidência da Casmil há um ano, e herdou uma dívida supostamente de R$80 milhões, acumuladas com ações trabalhistas, fornecedores, bancos, cooperados, impostos, tributos municipais, estaduais e federais. Os valores mais baixos já foram negociados, parcelados e com os pagamentos em dia. A cooperativa também tem dinheiro a receber com as vendas dos seus produtos antes da atual gestão, e quem não pode pagar à vista, o Conselho de Administração tenta fazer uma boa condição para que o devedor possa quitar seu débito.

A receita da empresa hoje, segundo Renato, obtida com a venda da fabricação de própria ação produzida, posto de combustíveis de São João Batista de Glória (MG) e aluguéis de imóveis comerciais, consegue pagar os atuais colaboradores, parte da dívida trabalhista mensalmente e alguns parcelamentos com credores pequenos.

“Temos que ter paciência, porque uma dívida desse valor não se quita em dois, cinco ou dez anos. Acredito que em mais de 15 ou 20, mas com fé em Deus, um dia vamos nos livrar dela”, afirmou.

 

AGRAVO

Ainda sobre a discussão judicial acerca de quem administra ou administrará oficialmente a Casmil, no dia 24 de novembro, após vários agravos internos, recursos previstos na legislação, o de instrumento, interposto contra a primeira decisão da juíza Denise Canedo, foi julgado. O Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG),através do desembargador/relator, Newton Teixeira Carvalho, da 13ª Câmara Cível, decidiu que realmente não havia elementos que evidenciem a probabilidade de direito e receio de dano irreparável ou de difícil reparação para conceder aos ex-conselheiros fiscais a suspensão dos efeitos da Assembleia Geral Ordinária (AGO) realizada dia 26 de setembro de 2021.

O magistrado notou ausência de nulidade ou irregularidade, manteve incólume a decisão da juíza de primeiro grau, mantendo-se os efeitos da assembleia e todos os atos praticados posteriormente. Os desembargadores, Rogério Medeiros e Luiz Carlos Gomes da Mata, votaram de acordo com o relator, totalizando três votos a zero. Denise Canedo negou o pedido dos ex-conselheiros fiscais por entender que não haviam provas ou elementos que justificassem o requerimento formulado. A decisão da juíza foi objeto de agravo de instrumento pelos então autores da ação. A chapa 2 sempre se defendeu na justiça demonstrando aos juízes e desembargadores o seu lado da história, defesa sempre realizada pela atual advogada da Casmil, Gabriela Amorim Pinheiro.

 

RELEMBRE O CASO

Após a chapa 1, da situação, que se candidatava ao Conselho Fiscal da Casmil, em setembro de 2021,ser derrotada pela chapa 2, liderada por Renato Medeiros, dois ex-conselheiros fiscais oponentes promoveram uma ação na justiça para anular a AGO de número 75, contra os integrantes da chapa de oposição. Ambos fizeram um pedido para antecipar os efeitos do que estavam discutindo na ação, ou seja, queriam que a juíza da 1ª Vara Cível Passos, diante das provas que apresentaram, definisse que a assembleia não deveria ter validade até a ação ser julgada.