Calor intenso deve aumentar na região da Canastra nas próximas décadas
Estudo foi realizado por pesquisadores da Woodwell Climate Research Center, sediado em Falmouth, Massachusetts
Integrantes dos municípios que integram o Consórcio Ameg receberam Na semana passada cópia do relatório final do estudo climatológico de Avaliação de Risco Climático na Região da Canastra, produzido por pesquisadores da Woodwell Climate Research Center, sediado em Falmouth, Massachusetts, EUA que tem entre seus integrantes a bióloga passense e doutora em Ecologia, Ludmila Maria Rattis Teixeira que também é pesquisadora do Instituto de pesquisa Ambiental da Amazônia, (IPAM).
A pesquisadora passense contou que, recentemente, o instituto recebeu a incumbência e recursos financeiros para produção de estudos de risco climático para diferentes regiões do mundo de maneira gratuita. “Como passense, natural da região da Serra da Canastra, sugeri que também fosse feito um estudo para nossa região”, contou Ludmila.
Após se reunir com representantes dos municípios da Ameg, a bióloga apontou três linhas de estudos que seriam mais interessantes para a região, sendo eles: análise de dias de calor intenso quando a sensação fica acima de 39° C; alto risco de incêndio catastrófico e quebra de safra de milho e de soja.
Sobre as análises de calor intenso, ou de dias com temperatura/sensação térmica acima de 39° C (1), os resultados mostraram que atualmente o número de dias de calor intenso na Serra da Canastra é de 4 dias/ano. ”Nos próximos 20 ou 30 anos, teremos cinco semanas e meia a mais de dias de calor intenso na região da Serra da Canastra”, pontuou a cientista destacando que nestes dias será impossível trabalhar ou praticar qualquer tipo de atividade física ao ar livre, principalmente para as populações mais vulneráveis que são crianças e idosos.
Sobre os incêndios catastróficos, Ludmila explicou que ao analisar os dados coletados até os dias atuais, chegou-se à conclusão que atualmente a Serra da Canastra registra 18 dias por ano de alto risco de incêndio catastrófico, ”mas, no futuro nós teremos além destes 18 dias mais três semanas e meia de altíssimo risco de incêndio catastrófico”, alertou a doutora.
Com relação aos dados sobre quebra de safra de milho e soja, conforme levantamentos realizados entre 1998 e 2017, o risco de quebra na safra de milho variou entre 11% e 23% na região. ”No futuro, a chance desta quebra ocorrer será de 46%, ou seja, a chance de dar certo ou não será praticamente a mesma”, observou. Sobre a soja, ”o risco de quebra da safra de soja na região irá variar entre 17% a 34%”, informou a pesquisadora Ludmila Rattis.
Após apontar os números obtidos na pesquisa, a passense explicou que com estes dados em mãos, os municípios terão uma ferramenta importantíssima para planejar a expansão da agricultura, que tipo de indústrias queremos para a nossa região, por exemplo.
”Precisamos pensar que tipo de planejamento territorial queremos para a nossa região e precisamos ter uma atitude agora, tanto para mitigação quanto a adaptação a esta nova realidade climática que já está batendo à nossa porta”, alertou a cientista destacando que antigamente apenas se falava em mudança climática, mas hoje estamos vendo isso acontecer diante dos nossos olhos e por isso precisamos ”procurar maneiras de se planejar e a Woodwell está aqui como uma aliada da região da Serra da Canastra para que a gente melhore estas estimativas de riscos mas também que a gente procure soluções para estes riscos”, finalizou Ludmila Rattis.
Finalizando o encontro, que aconteceu no ambiente virtual, os representantes dos municípios presentes pediram à Doutora Ludmila, projeções sobre a ocorrência/índices de precipitações (chuvas).
Em resposta aos presentes na reunião, a cientista explicou que os estudos feitos na região da floresta mostram uma mesma quantidade de volume, porém, a divisão difere ao longo do período. O volume que antes era dividido em garoas e chuvas mais brandas, apresentam-se agora como chuvas torrenciais.
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