Baterista do “Mamonas” recebe o público nesta quinta no Cine Roxy

Filme deixa de ser lenda urbana e vira realidade na onda das biografias musicais

Baterista do “Mamonas” recebe o público nesta quinta no Cine Roxy
O itauense Rener Freitas (primeiro à esquerda) vive o baterista Sérgio Reoli, nesta cena ao lado de Ruy Brissac, o Dinho (Divulgação)

Foi por volta de 2016 que o ator Ruy Brissac, já conhecido no teatro por seu trabalho como Dinho no musical sobre o Mamonas Assassinas, foi sondado para protagonizar um filme sobre o grupo. Era a escolha natural, já que havia sido aprovado pela família do vocalista e era elogiado pela peça musical. Mas não rolou: o roteiro, do novelista Carlos Lombardi, foi pulando de dono em dono até chegar aos cuidados da produtora Walkiria Barbosa.

 

“Esse projeto já esteve nas mãos de outras empresas e não conseguiram viabilizar. Me falaram disso, quis ler o roteiro, que é do Lombardi, e adorei”, contou Walkiria.

 

O resultado desse projeto, que já estava começando a virar lenda urbana, finalmente está vendo a luz do dia. Mamonas Assassinas: O Filme chegou aos cinemas no dia 28 de dezembro e desembarca nesta quinta-feira no Cine Roxy, em Passos, contando a história do grupo que teve ascensão meteórica e que terminou com a tragédia que todo mundo conhece, sob comando de Edson Spinello, diretor de novelas da Record.

 

A estreia em Passos tem uma atração especial: o ator itauense Rener Freitas, no papel do baterista Sérgio Reoli, estará recebendo o público na sessão desta quinta, a partir das 18h30

 

Segundo Walkiria, a primeira versão do roteiro, sob seus cuidados, passou por vários momentos. Primeiro, houve o encantamento com o texto de Lombardi. Depois, descobriram que a pesquisa que ele recebeu para escrever a história não estava totalmente acurada. Assim, buscaram mais informações sobre os oito meses de existência dos Mamonas, mergulhando também na vida pessoal deles, e afinaram um novo script.

 

“Quando a gente entrou no universo dos Mamonas, vimos que era uma coisa maior do que um filme. Era uma obrigação contar essa história. Era necessário”, contextualiza a produtora do longa-metragem. “Temos familiares já bastante idosos, como a mãe do Bento, com quase 90 anos. A gente deve isso a eles. Afinal, os Mamonas ainda são idolatrados”.

 

Nas telas, uma busca pela história além dos palcos

O resultado é um filme que tenta mesclar dois universos. De um lado, os palcos. De outro, um vislumbre do que foi a vida desse grupo lidando com o sucesso inesperado. Para dar o tom, Walkiria conta que familiares dos integrantes do Mamonas chegavam a ficar nos bastidores dando dicas de como eles falavam, apelidavam os outros e se comportavam.

 

Para a escolha de elenco, além de Ruy como Dinho, que já estava certo, buscaram artistas que tivessem química artística – não apenas afetiva. Robson Lima como Júlio Rasec, Adriano Tunes como Samuel Reoli e Rener Freitas como Sérgio Reoli vieram de audições e do musical. Alberto Hinoto, uma das decisões mais acertadas do filme, interpreta Bento, seu tio. “A gente não estava preocupado com eles serem conhecidos, vindo da TV. Era o contrário. Queríamos que fossem bons atores com química”, explica a produtora.

 

Ruy conta que precisou entender essa dinâmica do cinema – afinal, é seu primeiro trabalho fora dos palcos. “No teatro, a interpretação é maior. A última pessoa na última fila precisa te ouvir. No cinema, é menor, mais reduzida, mais real. No musical, a gente ensaiava de forma cronológica. No filme, não tem ordem. É uma loucura. Precisa ter maturidade do personagem no primeiro dia de gravação”, diz. “Me aprofundei mais no filme, no lado humano, fora dos palcos. Os Mamonas no dia a dia, nos bastidores, como eram”.

 

Agora, mesmo sendo uma produção mais simples e com menos orçamento, Mamonas Assassinas: O Filme tenta embarcar no sucesso de outras cinebiografias, como Nosso Sonho, da dupla Claudinho e Buchecha, e Meu Nome é Gal, além da base de fãs do grupo, que persiste quase 30 anos após a morte dos Mamonas. “É uma história potente para o momento que o mundo vive, para trazer esperança para o público jovem”, arrisca Walkiria.

 

 

RHENER CONTA COMO FOI CONVIDADO PARA ATUAR NO “MAMOMAS ASSASSINAS – O FILME”

 

Rhener Freitas, de Itaú de Minas, morou em Passos e teve uma banda na cidade (Divulgação)

 

 

O itauense Rhener Freitas, que vive o baterista Sérgio Reoli no longa “Mamomas Assassinas – O Filme”, morou em Passos durante parte da adolescência e teve uma banda de rock chamada “Riffle”, que fazia shows na região. Com nove anos comecei a tocar violão. Tocava e cantava. Aos 12, participei da bandinha da igreja. E, aos 13, montei uma banda aqui em Passos. O nome era ‘Riffle’. Participamos de vários shows aqui. Uma vez tocamos no antigo Tudo no Espeto (atual Kubanos), foi uma apresentação grande, até fecharam a avenida”, contou o ator.

 

Vivendo entre Itaú, Franca (SP) e Passos, Rhener estreou como ator em São Paulo no  musical “Fala Sério, Gente”, aos 19 anos, em 2014. De lá, o mineiro foi para Buenos Aires, onde interpretou Thiago Kunst, na série “Bia”, produzida pela Disney.

 

Ele também participou do musical biográfico de Ney Matogrosso, em 2022. Nessa produção, Rhener assumiu três papéis: o médico Marco de Maria; o músico João Ricardo, da banda “Secos e Molhados”; e o diretor Nilton Travesso.

 

O convite para a produção sobre os Mamonas partiu de Jarbas Homem de Mello, que trabalhou com Rhener como diretor no musical “Fala Sério, Gente”. Segundo o ator, foram apenas três meses de gravação, entre janeiro e março de 2023.

      

Para ele, o filme sobre os Mamonas conta a história da família brasileira. “A energia entre os atores foi semelhante à dos Mamonas. O povo brasileiro ficou órfão da banda, o filme é uma maneira de relembrar a história deles, que eram adorados por pessoas de todas as idades. Além disso, a obra conta a história da família brasileira”, afirma.

 

O ator também conta que precisou aprender a tocar bateria a pilotar motocicleta para interpretar Sérgio Reoli, que trabalhou como motoboy antes dos Mamonas conquistarem o país. Ensaiei bastante. Me propus a aprender bateria. Quando estava no processo de finalização do filme, a família do Sérgio trouxe o bumbo da antiga bateria dele. Nela está escrito ‘Guerreiro’. E isso marca muito a personalidade dele. De certa forma, me enxergo nele. Por conta do amor pela música”, relatou.

 

QUEM FOI SÉRGIO REOLI

 

Sérgio Reis de Oliveira era irmão de Samuel Reoli e, assim como parte da banda, era de Guarulhos (SP). Ele nasceu em 1969 e era considerado um dos líderes do grupo e um dos maiores piadistas. O nome Reoli surgiu por conta da combinação das primeiras sílabas do sobrenome.

 

O longa de 1h35 conta a história dos Mamonas Assassinas”, banda de rock cômico com mistura de punk rock e influências de gêneros populares, que durou apenas sete meses. Com um único álbum homônimo, o grupo vendeu mais de 3 milhões de cópias no Brasil e conquistou o Disco de Diamante, em 1995. Os integrantes do grupo morreram em um acidente de avião 2 de março de 1996.

Veja o trailer: