Até quando nossas águas rolarão rio abaixo?
Na semana passada foi realizada uma nova audiência sobre a cota mínima para os lagos de Furnas e Peixoto
Esta é a pergunta que centenas de milhares de mineiros, em especial os que compõem as populações assentadas no entorno dos lagos de Furnas e Peixoto, tem feito nos últimos anos, a dezenas de autoridades. Só que elas, apesar da cadeira que ocupam nas diversas instâncias governamentais, inexplicavelmente, ao menos até então, não tiveram a coragem e a honradez de responderem, deixando às claras o principal motivo do esvaziamento dos nossos lagos.
Não vamos aqui rememorar a jogada politiqueira que na década passada deu início a toda esta “desgraceira” que foi imposta ao estado de Minas. Nem detalharemos o tal acordo espúrio, celebrado entre o governo de São Paulo, governo federal e outros interessados, com interveniência do ONS e com o “conluio” de outras agências reguladoras. Com ele - (o acordo) - garantiu o desvio de nossas águas que antes eram armazenadas para a geração de energia e a navegabilidade na Hidrovia Tietê Paraná.
Certo é que tudo ocorreu e ainda hoje ocorre sem que o governo Mineiro – Executivo e Legislativo – daquela época, ao que parece de olhos fechados, permitiu que o caos sócio-econômico-ambiental tomasse conta de enorme região de nosso estado. Resultado da incúria: desemprego, prejuízo, fome, miséria e tudo o mais em que se transformou em barro o que antes era água. Era uma vez um atrativo divulgado como sendo o maior espelho d’água (artificial) deste continente.
Há pouco mais de dois anos a sociedade civil acordou e começou a se movimentar em defesa dos lagos e logo, a Assembleia Legislativa Mineira aprovou uma Emenda Constitucional obrigando que se respeite como limites mínimos para o uso dos lagos de Furnas e Peixoto, as cotas 762 e 663.
Só que, as tais Agências Reguladoras continuam, juntamente com o ONS, a descumprirem tal obrigação.
Falta o que, para que isto ocorra? Força política? O fato é que, apesar da bondade de São Pedro, nossa água claramente já começou a ser retirada de nossos lagos. Se todos os brasileiros, não só os mineiros, estão sendo cobrados por uma exorbitante e recém criada bandeira de escassez hídrica, exatamente com a justificativa de que sua adoção era para se permitir a recuperação dos lagos? Ora, se é assim, por que então, há alguns dias, a defluência tem sido igual ou superior à afluência, isto ocorrendo muitas vezes em horários que só os controladores conhecem?
Na quinta-feira da semana passada, em mais uma reunião capitaneada pelo valoroso deputado Domingos Sávio, o ex-presidente de Furnas, atual diretor do ONS, teve mais uma oportunidade de ouvir os reclamos de representantes da sociedade civil, de presidentes de associações que congregam os municípios e, novamente, falou, falou, e não disse nada. Nada que a gente queria ouvir, como: vamos cumprir o prometido!
Menos mal, porque em oportunidades anteriores, ele sempre se escudava em gráficos e outros instrumentos para colocar a culpa em São Pedro. Desta vez, estava com mais pressa, e nos poupou!
Agora, a tal escassez hídrica, cantada em verso e prosa é mais que conhecida por todo mundo. O país, já sabe que ela, é aquela mesma que nos últimos 30 ou 40 dias, causou desastres inundações em centenas de cidades neste e em outros estados brasileiros. Rios transbordaram e... E aí? Por que então não permitir que nossos lagos cheguem à cota máxima, armazenando a única matéria prima capaz de nos livrar de um apagão, quem sabe?
Simples: Porque eles, os que decidem, optaram por continuarem remunerando as termoelétricas, mesmo que elas tenham reduzido em mais de 80% o que estava programado para que despachassem e ainda defendem com unhas e dentes o funcionamento da tal hidrovia. Engraçado é que, o diretor “Ciocchi” afirmou que a obra do pedral de Avanhandava, é de custo ínfimo e que ... Não falou nada sobre o que todo mundo sabe: enquanto aquele ralo estiver aberto e permanecer a atual política em favor de São Paulo e outros do Sul, Minas Gerais continuará convivendo com a desgraça que se resume na infeliz troca do Mar de Minas, pelo Mar de Lamas.
A prova do acima relatado está contida num documento oficial, assinado pelo ONS, intitulado: “Operação Sistêmica e perspectivas de recuperação do armazenamento dos reservatórios das usinas de Ilha Solteira e Três Irmãos, nesta estação chuvosa, (2015/2016)”, prova de que alguém tem nos mentido, e não é só agora.
Do mesmo documento extraímos a informação de que a paralisação da hidrovia afetaria o emprego de 700 colaboradores diretos e 3.000 indiretos.
Será que os ilustres signatários da proposta, em papel timbrado da ONS, a qual vigora até hoje, sabem quantos empregos diretos e indiretos eles, com suas canetadas, fecharam aqui em Minas?
Chega de mentiras ou, quem sabe, é só gozação?
A HORA É AGORA mineiros! A sociedade civil que vá, já e pra valer, com todas as suas forças em cima dos nossos representantes eleitos. Que todos se somem aos esforços do Domingos Sávio e que o ilustre Dr. Ciocchi entenda de uma vez por todas que, a tática por ele posta em prática nas dezenas de reuniões havidas anteriormente, apesar da sua eloquência, já não cola mais!