Assim surgiu a Cidade do Saber e da Saúde
Ex-presidente do Conselho Curador da Fundação de Ensino Superior de Passos explica neste depoimento como surgiu a ideia da Cidade do Saber e da Saúde
“Quando se pensa numa grande Universidade, devemos ter sempre em mente que ela deve se sustentar em três grandes pilares: o Ensino, a Pesquisa e a Extensão. Uma Universidade precisa colocar seu potencial inovador em prol da comunidade em que está inserida, caso contrário, ela não estará cumprindo sua missão verdadeiramente.
Com este modo de pensar uma grande escola, envolvendo todos os nossos colegas da antiga Fundação de Ensino Superior de Passos – Fesp, direcionamos seu desenvolvimento fortalecendo a relação com a comunidade, criando cursos que pudessem melhorar a qualidade dos serviços aqui prestados, buscando sempre novas tecnologias.
Percebemos que o país como um todo tinha grande carência do profissional médico, observado facilmente pelos editais das administrações públicas que muitas vezes não eram preenchidas as vagas disponibilizadas. Assim, surgiu o maior desafio de nosso grupo: criar o curso de Medicina da Fesp. Aparentemente uma missão impossível em que muitos não acreditavam que seria viável, mas com o comprometimento dos professores da área de saúde de nossa Fesp liderados pela professora Tania Delfraro e pelo professor Dr Geraldo Brasileiro, desenvolvemos um invejável plano de curso. Este curso, precisava de enormes investimentos na criação de laboratórios e equipamentos e assim foi feito. Nosso departamento de obras, comandado pelo professor Manoel Ferreira, transformou o edifício principal da Fesp com laboratórios elogiados por todos que os visitavam.
Paralelo a isso, precisávamos do envolvimento da Santa Casa de Misericórdia de Passos na oferta do campo de estágio e, com o projeto pronto, com a estrutura e equipamentos disponíveis, convidamos a direção da Santa Casa para apresentar o maior projeto pedagógico da nossa Fundação. Em reunião histórica, após ouvirmos as dificuldades da Santa Casa, com toda confiança na equipe de professores e na equipe administrativa, propusemos a solução do problema que o Hospital tinha: área de expansão. Nossa proposta foi doar uma área de 150.000 m2 para que o hospital pudesse construir as unidades desejadas, e em paralelo, a Fesp levaria toda sua área de saúde para este grande espaço que totalizava 650.000 m2. Seus cursos de Medicina, Biomedicina, Biologia, Educação Física e os outros que deveriam ser criados. Colocando neste espaço a “alma de toda universidade”: sua Biblioteca Magna, disponibilizando seu acervo aos docentes, alunos e comunidade em geral.
Estava proposta a Cidade do Saber e da Saúde. A ousadia que a Fesp em tantas outras oportunidades contaminou toda a comunidade da Fundação e o esforço para sua viabilização se tornou realidade. Mas não bastava pensar apenas na Fesp e Santa Casa. Era preciso pensar em uma verdadeira cidade, onde ficaria destinado um espaço para a Vila da Maturidade, parques grandiosos, espaço de atividades físicas para os alunos e comunidade, espaço para a administração pública com uma unidade de Pronto Atendimento e um espaço onde todos pudessem conviver, usufruir, pensar e inovar. Um ambiente onde a pesquisa em saúde tivesse todas as condições de serem desenvolvidas, com internet aberta, o acervo bibliográfico mais atualizado, laboratórios modernos e professores transpirando inovações e tecnologias. Assim, surgiu a Cidade do Saber e da Saúde, encantando a todos, inclusive a própria Santa Casa. A semente estava lançada.
A estadualização da Fesp sendo viabilizada colocou em risco o projeto e, mais uma vez, tivemos que pensar em “salvar” parte do projeto. Assim, usando toda a expertise do advogado Dácio Lemos, nosso Diretor Administrativo, foi desenvolvido um processo de autorização e doação de parte da área para a Santa Casa. Sabíamos que, com a área destinada, o novo Hospital seria viabilizado e o projeto poderia ser continuado. Em assembleia geral, com a participação de toda comunidade acadêmica aprovou-se por unanimidade a doação da área. Honrou-se os fundadores da Fesp que, ao fundar nossa instituição, criaram a missão de transformar nossa cidade e região através do conhecimento.
Há que se pensar em grandes desafios e com pessoas disponíveis e capazes, nada é impossível. O curso de Medicina, a construção do Campus da Fesp no antigo Country Clube e a agora Cidade do Saúde e do Saber, mesmo parcialmente, são prova disso”.
FÁBIO PIMENTA ESPER KALLAS, autor deste depoimento, professor, foi presidente do Conselho Curador da Fundação de Ensino Superior de Passos por três mandatos consecutivos no período de 2004 a 2014. Em seu mandato formalizou-se a doação da área para a Cidade da Saúde e do Saber, na foto com o provedor da Santa Casa de Misericórdia de Passos, o médico VIVALDO SOARES NETO (Arquivo OB)