'Aquaman 2: O Reino Perdido', no Roxy, com sequência divertida

Diante de novas ameaças a Atlantis, Arthur, também conhecido como Aquaman, precisa resgatar seu meio-irmão, Orm, preso no deserto, para que juntos salvem o Reino contra as forças do mal

'Aquaman 2: O Reino Perdido', no Roxy, com sequência divertida
Patrick Wilson e Jason Momoa em cena de Aquaman 2: O Reino Perdido (Courtesy of Warner Bros. Pictures)

Junto com The Flash (curiosamente lançado também esse), Aquaman 2: O Reino Perdido (Aquaman and the Lost Kingdom2023) sofreu com diversos problemas nos bastidores, mudança na gestão na Warner Bros, regravações, e a falta de um norte para a DC nos cinemas de maneira geral.

Lançado em 2018, o primeiro filme do personagem arrecadou mais 1 bilhão de dólares na bilheteria e claramente na época algum executivo, em uma sala em Hollywood viu cifrões de dinheiro passar na frente dos seus olhos e falou: sequência aprovada!

O carismático Jason Momoa retornaria para um filme e conseguiria mais uma vez interpretar Arthur Curry, o Aquaman. Mas de lá para cá, a produção de Aquaman 2 passou por águas turbulentas. E no meio de toda uma tempestade criada em um copo d’água que fizeram sobre o filme, no final, agora que a sequência chegou nos cinemas, fica claro que tudo não passou de uma marolinha.

Afinal, o filme realmente diverte e faz uma nova aventura empolgante para o personagem de Momoa. É um bom filme? Até que é. É o melhor filme da DC? Não. Vai mudar o conceito de como vemos ou como consumimos produções de super-heróis? Também não. Ele tá ali, e depois todo mundo vai, esquecer e tratar como “é a sequência de Aquaman”.

Aquaman 2 está ali junto com o primeiro filme ao conseguir entregar um grande blockbuster sobre um personagem que veste um collant brilhante, dá piruetas com cara de mau, e fala com peixes. E James Wan sabe disso, Jason Momoa sabe disso e tá tudo certo.

A trama dessa sequência investe mais na mitologia apresentada no original, se aprofunda na história de Atlântida e ainda apresenta uma história um pouco mais séria e cheia de paralelos com o que vivemos hoje em dia em termos de consciência política e climática. 

E no meio dessa montanha russa colorida, grandiosa e cheia de efeitos especiais, Wan, David Leslie Johnson-McGoldrick (que retornou do roteiro do primeiro filme) e o próprio Jason Momoa conseguem contar uma boa história. É uma história que apresenta muitas questões, personagens, conflitos e tudo mais? Sim. Parece que estávamos vendo uns 2 filmes dentro de um só, onde em alguns momentos ficava claro que a trama se apoiava em algumas muletas narrativas e saídas um pouco óbvias para o filme engrenar e dar certo.

Mas estruturalmente segue uma fórmula que deu certo no primeiro filme, que aqui é aplicada novamente, só que um pouco maior em termos da própria história, de efeitos especiais, de vilões, de heróis e tudo mais.

O que Wan e compania mantêm em Aquaman 2 é o humor. Principalmente quando falamos de Momoa que está extremamente confortável no papel, de Patrick Wilson que retorna como o meio irmão de Arthur Curry, o Mestre dos Oceanos e que no filme, quando os dois são colocados juntos, fazem uma boa dupla, enquanto exploram cantos inexplorados do oceano. 

O roteiro do trio brinca com os eventos do primeiro filme, brinca com a Marvel Studios, brinca com Harry Potter, e por mais que tenha um tom mais sério e alarmista sobre as condições climáticas, tem passagens que servem para quebrar o gelo e dar uma aliviada no drama.

Em Aquaman 2 ninguém (quase) morre, nenhum bebê foi machucado na produção dessa sequência e Amber Heard aparece até que bastante, diferente do que alguns insiders gritavam para o oceano. A sequência se preocupa em continuar não só a história de Arthur Curry, um homem agora casado, o Rei de Atlântida, e pai de um bebê (Arthur Jr.), mas também a jornada do vilão David Kane (Yahaa Abdul Matten II, ótimo), o Arraia Negra em conseguir vingança contra o Aquaman. O personagem então bola um plano pra lá de mirabolante e grandioso com a ajuda de um tridente e as forças malignas que cercam o objeto (bem no estilo do anel do poder de O Senhor dos Anéis) vindas do tal reino perdido do título.

Assim, ao tentar invadir Atlântica, o vilão cruza com o Rei Aquaman (Momoa), com a Rainha Mera (Heard), o Rei Nereus (Dolph Lundgren), uma criatura aquática brincalhona (voz de Martin Short no original), a Rainha Atlanna (Nicole Kidman) e todo o exército dos Reinos subaquáticos e Conselho das Casas submersas (tipo em Duna sabem?).

Na busca por lotes de uma substância antiga, o Arraia Negra, o implacável general que o acompanha (a atriz portuguesa Jani Zhao) e o cientista Dr. Shin (Randall Park num timing cômico impressionante) seguem com o plano que o vilão bola depois de começar a ser controlado pelas forças do tridente e que é aquecer a temperatura do mundo.

Enquanto isso, cabe ao Aquaman ir em busca de quem ele menos queria passar o seu tempo: o seu irmão, Orm (Wilson também num timing cômico super bacana). Assim, Aquaman 2 muda de suas cenas cheia de efeitos visuais gigantes, animações de personagens subaquáticos criados por efeitos especiais, cabelos que se movem debaixo d’água digitalmente e roupas coloridas para se transformar num buddy-trip movie onde Orm e Arthur partem em jornada para ir atrás de onde o Arraia Negra e seu time se esconde. 

Como falamos, o longa parece juntar vários tipos de filmes dentro dele, mas a edição um pouco mais brusca (e talvez por conta dos anos que o filme ficou em desenvolvimento e na pós-produção) ajudam a trama a correr, onde por mais que cheio de desvios e penduricalhos narrativos, é fluida e segue a maré.

As interações entre Wilson e Momoa são extremamente bacanas de se ver e os dois surfam nessa relação implicante entre irmãos e dão o tom para o longa de maneira geral. Kidman, Park e Heard estão ali de apoio, mas não ficam para trás em nenhum momento, e tem bastante importância para a narrativa. O mesmo vale para Abdul Matten II que realmente consegue trabalhar e desenvolver a figura do Arraia Negra mesmo que se esconda boa parte do tempo atrás do capacete do vilão.

Inclusive, Wan no meio de excelentes efeitos visuais (até melhores que do primeiro filme) consegue imprimir um tom mais sombrio para o personagem e até mesmo dar um tom de terror e suspense para o filme. Em uma das cenas, por exemplo, o Arraia Negra se esconde no escuro como um verdadeiro assassino mascarado que circula por aí nos longas do gênero. E isso contrasta com o humor do filme que tem em Park e Wilson e Momoa para garantir boas sacadas. Menos uma que envolve insetos gigantes e um lanchinho no meio de uma excursão pela mata. Mas essa discussão eu deixo para quando o film twitter descobrir.

No final, Wan e Momoa fazem todos os personagens embarcarem nessa montanha russa aquática que marcou tanto esse lado da DC e os filmes de Aquaman ao longo dos anos.  O filme serve como uma nova aventura para o personagem, ao mesmo tempo como um capítulo final do estúdio e desses personagens. E não nenhum outro personagem da DC, seja qual incarnação do Batman iríamos ter antes dá as caras por aqui.

Aquaman 2 pode não terminar no auge e no ápice, fica claro que termina de uma forma divertida e numa boa nota. Quem sabe daqui uns anos, o mar não tá favorável e tenhamos uma nova reencarnação do personagem? Agora é com você James Gunn. (Miguel Morales, @NERD)

 AQUAMAN 2 - O REINO PERDIDO (Aquaman and the lost kingdom) EUA, 2023. Gênero: Aventura , Fantasia. Classificação: 12 anos. Direção: James Wan. Elenco: Jason Momoa , Amber Heard , Nicole Kidman , Patrick Wilson. Cine Roxy, em Passos, 18h30 e 21h20 (Dub). Cine A, em São Sebastião do Paraíso, 19h00.

Veja o trailer: