Abastecimento de diesel em Passos já enfrenta problemas

As empresas e autônomos que possuem veículos movidos a óleo diesel em Passos e em diversas regiões de Minas Gerais podem enfrentar nos próximos dias o desabastecimento do produto. A afirmação é de dirigentes sindicais em Belo Horizonte e compradores no município.

A escassez já está ocorrendo em algumas cidades do Estado porque algumas distribuidoras não estão importando o combustível por causa do preço alto no exterior. O abastecimento pode ficar comprometido, principalmente nos postos de marca própria.

O gerente administrativo da Cooperativa de Transportes Rodoviários de Passos (CTRP), Geraldo Justino, revelou nesta quinta-feira, dia 10, que não conseguiu fechar a compra de 30 mil litros de uma distribuidora em Ribeirão Preto (SP). “O sistema online não permitiu fechar o pedido, mas sem explicações. Tive que alterar para amanhã e espero que dê certo e no nosso caminhão saia de Passos de madrugada. É incerto também se virá a carga total, porque estão restringindo a quantidade”, afirmou.

Ainda de acordo com o gerente, há dois tipos de óleo diesel disponível nas bombas, que podem colapsar o abastecimento nos próximos dias. Até hoje (ontem) observei que a situação pode piorar até o início da próxima semana, porque muitas empresas já estão com os estoques bem abaixo da normalidade, tanto o produto S10, quanto o S500. Pelo que sabemos, a Petrobras não deseja elevar o preço ao consumidor de acordo com a política proposta pelo governo federal, por isso está vendendo menos às distribuidoras”, frisou.

Outra empresa que consome bastante óleo diesel, é a CAF Transportes, que realiza o transporte coletivo de passageiros em Passos. Um de seus sócios, Cleber Alves Machado,  revela que também enfrenta problemas. “Em Passos estou tranquilo e, por hora, não há prenúncio de desabastecimento, mas pelos lados de Belo Horizonte é um cenário de vir a faltar o produto e pode chegar no Sudoeste mineiro”, acredita.

Cleber, além de confirmar a intenção da Petrobras, está sabendo extra-oficialmente que muitas distribuidoras compram o óleo da Rússia, e reajustou o preço do combustível a todos os exportadores. Como a estatal brasileira está comercializando o produto mais em conta, a demanda aumentou consideravelmente. “Ela não tem como fornecer a quantidade dos dias anteriores, e para não subir o preço até chegar na população, o jeito é reduzir o volume do óleo vendido, principalmente às distribuidoras que não são clientes dela”, admite um dos donos da CAF.

Segundo informações do Sindicato das Empresa de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), com a alta na cotação do barril de petróleo e o fim da política de Paridade de Preços de Importação (PPI) pela Petrobras, as empresas têm enfrentado dificuldades no fechamento de contratos de compra do diesel, com restrições no fornecimento por parte de distribuidoras.

“Já começou a faltar diesel. Está tendo uma restrição pesada e ninguém consegue atender com totalidade os seus parceiros. A Shell não consegue atender todos os clientes dela, a Ipiranga também não. Então, já há uma redução na quantidade solicitada”, afirma Juliana Martins, a diretora do Setcemg. Segundo ela, o problema atinge principalmente o óleo S10 e a escassez pode atingir mercados do interior de Minas e os chamados postos de marca própria.

A Petrobras, que atende cerca de 80% do mercado de refino, informa que não há risco de desabastecimento. Em agosto, a Petrobras atendeu pedidos de fornecimento de diesel feitos pelas distribuidoras e as solicitações para setembro estão sendo negociadas no momento, afirmou o diretor  de  Logística,  Comercialização  e Mercados da companhia, Claudio  Schlosser, durante evento no Rio de Janeiro.

Em entrevista a jornalistas, ele disse que não há risco de desabastecimento, uma vez que a companhia tem produzido volumes elevados. Disse ainda que as importações do combustível pela Petrobras estão em níveis parecidos com os registrados anteriormente. “Temos feito o atendimento (dos clientes), os pedidos de agosto foram realizados e os de setembro estão sendo negociados e discutidos”, comentou.

Segundo ele, a maior volatilidade de preços internacionais do petróleo e combustíveis é absorvível dentro da nova estratégia comercial da Petrobras, que evita repasses imediatos das altas e baixas.

Na última terça-feira, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro) fez um alerta sobre o risco de falta no fornecimento de diesel. O aviso é, especialmente, para postos de marca própria e do interior do estado.

De acordo com relatório da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), publicado na última terça-feira, a defasagem do diesel entre o preço praticado no Brasil e o mercado externo é de 22%. No caso da gasolina, a defasagem é de 19%.