Lago de Furnas atinge cota máxima e abre comportas

O registro da cota máxima foi registrado na quinta-feira pelo Operador Nacional do Sistema

Lago de Furnas atinge cota máxima e abre comportas
Dez anos depois, recuperação do nível muda a realidade do Centro-Oeste e do Sul de Minas (Divulgação)

Depois que o lago da represa de Furnas atingiu 100% do seu volume útil os vertedouros do reservatórios foram abertos neste sábado (8). A abertura foi definida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrica (ONS), responsável pela programação energética das unidades geradoras brasileiras.

Conforme a assessoria da Eletrobras Furnas, a abertura do vertedouro foi feita às 8h30, em 500 m³ (metros cúbicos), para controle de nível do reservatório em decorrência das chuvas recentes. De acordo com a empresa, esta é a segunda vez que Furnas abre o vertedouro em 2023, sendo que a primeira ocorreu em 13 de janeiro.

O nível do reservatório era, segundo a empresa, de 768,6 metros, o que representa o volume útil de 100%. A Eletrobras salientou, ainda, que a Usina de Furnas está operando conforme despacho do ONS, com uma geração em torno de 200 MW, cerca de 18,1% da sua capacidade instalada que é de 1.216 MW.

A empresa pontuou que a abertura do vertedouro foi informada à Defesa Civil para que medidas visando a segurança da população fossem adotadas.

Na quinta-feira, 6,  após mais de 10 anos, o Lago de Furnas atingiu a cota máxima 768, alcançando 100% de volume e mudando, assim, a realidade do Centro-Oeste e no Sul de Minas, através da geração de emprego e renda devido ao aumento de turistas e da volta das atividades náuticas e turísticas, diferente da última década na qual o reservatório era operado do meio para baixo.

"Com a volta do Lago de Furnas em seu volume máximo é possível em primeiro lugar voltar a sonhar, pois o progresso e o desenvolvimento também voltaram com as águas. Agora, também será possível a preservação e conservação de todo o ecossistema e meio ambiente que envolvem o Lago. Além disso, todos os brasileiros se beneficiam disto, uma vez que é o primeiro passo para o reestabelecimento do equilíbrio do sistema elétrico do país garantindo assim a segurança e a eficiência energéticas." segundo Thadeu Alencar, presidente da Unelagos (União dos Empreendedores dos. Lagos de Furnas e Peixoto).

Ele lembra que é de conhecimento público que por muitos anos a baixa do Lago de Furnas foi justificada pelos gestores da Agência Nacional de Águas  pelo motivo de falta de chuvas. Porém, através da ação de associações como a Alago (Associação dos Municípios do Lago de Furnas), Unelagoss e Peixoto), de políticos mineiros das esferas federais, estadual e municipais e de grupos sociais foi instaurado nos últimos anos um debate que se prolongou por diversos eventos e reuniões para discutir o motivo da baixa do Lago e as possíveis soluções.

“Com esses debates restou provado, inclusive através de diversos documentos públicos, que a causa da baixa do Lago de Furnas não era a falta de chuvas, mas sim uma opção dos gestores das águas que permitiram que o Lago fosse esvaziado quase em sua totalidade por uma Medida Provisória em 2012 e que nunca se recuperasse pois deveria sustentar a Hidrovia Tietê-Paraná enquanto uma obra, paralisada sem justificativas, não fosse concluída”, continua.

Agora, após anos de trabalho, o Lago volta a operar na sua cota máxima e a obra da Hidrovia já foi iniciada, segundo o Governo de São Paulo, trazendo assim esperança para 34 municípios mineiros que dependem do uso múltiplo das águas e para todo o país que recentemente passou por situações de crise energética e aumentos na conta de luz.

“Resta ainda que o Governo Federal reconheça, finalmente, a EC106 da Constituição Mineira que tombou os Lagos de Furnas e Peixoto fixando suas cotas mínimas em 762 e 663 para condições normais de operação, e é objeto de uma ADIN impetrada no último ano pelo governo no Supremo Tribunal Federal  garantindo assim a segurança jurídica não só para a operação correta do reservatório para a produção de energia, mas também para a preservação do meio ambiente”, concluiu.