Área plantada de soja em Passos aumenta 25
Terras agricultáveis mais fortalecidas, maquinário, tecnologia de ponta e preço bom de mercado explicam o crescimento
A cultura da soja, que tem ciclo rápido, tem conquistado espaço nas fazendas do município de Passos. O acréscimo da safra 2000/2021 para a safra 2021/2022 foi de 25% na área plantada da cultura nas fazendas do município, passando de 12 mil para 15 mil hectares.
A produtividade aumentou também em torno de 35%. Os números são do Sindicato dos Produtores Rurais de Passos. Isso se dá porque as terras agricultáveis estão mais fortificadas, mais fortalecidas com o consequente aumento da produtividade.
“A tecnologia que nós usamos aqui, maquinário, implementos e insumos são de última geração. Estamos satisfeitos com a produtividade, com o trabalho desenvolvido aqui e a expectativa é de crescimento nas próximas safras”, disse, entusiasmado, o presidente do SinRural (Sindicato dos Produtores Rurais de Passos), Darlan Esper Kallas.
Darlan lembra que nessa safra Passos teve um ano muito generoso com as chuvas e o sol: “Tudo contemplou para esta produtividade, tivemos um período muito fértil na agricultura e na pecuária”.
Uma das dificuldades enfrentadas pelos produtores é local para armazenar a soja para esperar um preço melhor da commodity e, então, vendê-la.
“Estamos aí nessa luta. Os poderes constituídos precisam trabalhar mais para que a produtividade se mantenha nesse nível e também a produção seja valorizada. Nós temos que unir os poderes. Nós temos uma grande produção de carnes de bovinos, suínos e aves e precisamos de apoio. O sindicato tem feito o seu papel de unir os poderes constituídos em torno disso”, disse Darlan.
O produtor José Márcio De Simone Silveira é uma prova viva desse momento de pujança da soja. Dono da Fazenda ZBR Limeira, está na sexta produção do grão e tem área de 800 hectares plantada. Iniciou plantando milho para silagem e também um pouco para grãos em áreas próprias.
Posteriormente, arrendou áreas e iniciou com a soja. Esse ano, na safra plantou 150 hectares de milho e 650 hectares de soja. Na última safra, colheu um pouco mais de 46.000 sacas.
Na região de Passos, no período das chuvas, a partir de outubro de cada ano, os agricultores plantam a chamada safra ou safra de verão, que é a mais produtiva por ser durante o período mais chuvoso do ano. Após a colheita dessa safra, planta-se novamente, e por ser um período de transição, menos chuva, chama-se de safrinha ou safra de inverno.
A saca de soja é vendida hoje no mercado por R$ 180 – já chegou a R$ 200. Se o preço está elevado, os insumos também subiram.
“Os preços do adubo e defensivos subiram muito, além do preço das sementes, equipamentos e óleo diesel. Depois de colher o milho que fiz silagem para o gado de leite e a soja para grãos, plantei a safrinha, que está no campo”, comenta José Márcio.
Mas, cuidado: “É uma atividade muito nobre, produzir alimentos, e conduzida com as melhores técnicas obtém-se bons resultados, mas é uma atividade de muito risco, principalmente climático. Se não chove bem, não há o que fazer”, conta José Marcio.
ALTERNATIVAS PARA BAIXAR CUSTOS
O conselho que ele dá aos produtores de soja é unirem-se em grupos. “Nós temos um grupo, somos 6 sócios, Grupo Canastra, e estamos buscando alternativas para aumentar a produtividade e baixar os custos. Estamos utilizando adubação com pó de rocha e também produtos biológicos no plantio e tratos culturais, reduzindo ou até eliminando o uso de produtos químicos. Assim, torna se uma atividade mais sustentável”, conta, preocupado com o meio ambiente.
Neste ponto, Darlan Esper defende os produtores. “Nós não degradamos a natureza e, sim, cuidamos dela”, diz.
José Márcio segue dando conselhos para quem quer entrar na atividade. “É preciso de uma boa assistência técnica e um estrito controle de custos”, garante.
Quanto à armazenagem, ele lembra que é sócio do Grupo Canastra e envia a produção para o armazém próprio, localizado às margens da rodovia que liga Passos a São João Batista do Glória, logo após a ponte do Rio Grande, no município de São João Batista do Gloria.
“De lá, a maior parte da produção é enviada para Santos, para exportação. No Canastra recebemos também de outros produtores da região. Esse ano, já recebemos mais de 550.000 sacas de soja e 200.000 sacas de milho. Existem outros armazéns também. A soja é vendida nos armazéns para as tradings ADM, Cargill e outras”, conta.
Como em todo ofício há espinhos, na cultura de soja a região é carente de mão de obra qualificada para atender a demanda, só não no campo, mas também na cidade. Mão de obra de mecânicos, eletricistas, soldadores, operadores, técnicos agrícolas, etc.